Conte ao menos até três
Se precisar conte outra vez
Mas tente outra vez
Meu bem, meu bem, meu bem
Eu te amo
Como se amavam e faziam questão de mostrar, seja entre fagulhas e incêndios, entre amores e desejos, se amavam. Ainda faltava paciência e tempo para ficarem juntos, um dia ela carregará no dedo a aliança que ele colocará. Por enquanto, matavam a ausência aos poucos, no dedilhar sutil no rosto dela, nos olhares fervorosos compartilhados, nos sorrisos.- Vamos para algum lugar, ou quer que eu te deixe em casa? - Ele indagou.
Ela queria pedir para seguir caminho até o engenho, mas, o frenesi contagiava, subia, arrepiava.
- Vamos para qualquer canto. Onde quiser.
- Tem certeza?
- Se perguntar demais, eu desisto. Ande logo.
Ele sorriu, deu partida no carro.
- Ainda está com ciúmes? - Eugênio perguntou.
- Não. Sei bem quem tu ama.
- Virgem santa! Já estava na hora!
- Você não vale nada, toupeira.
- Você também não, cabeça de melão.
Minutos passavam e ele estacionou o carro próximo ao centro de Campos. O hotel bonito, mas distante dos pontos mais populosos da cidade.
- Eu entro primeiro. - Beijou ela. - Faço a minha reserva. E você faz a sua depois de mim.
- Perfeito.
- Te espero no corredor.
...
As chaves em mãos, ambos se desencontrando e encontrando logo após, não só nos corredores, como na vida. Destinados a ficar, a desmistificar, quebrar padrões de época. Perdiam a hora, o prumo, a sensatez. Amavam feito pagãos, gostavam dessa sensação.
A mão dela na dele, a trazia para junto, a guiava de costas pelo quarto. Desabotoava a roupa dela, descia a saia, camisola a mostra.
Eugênio puxou Violeta para um beijo, as mãos firmes na cintura da mulher, a trazia para mais perto, para junto dele. As línguas serpenteando, gosto no gosto, o arfar dela era música para os ouvidos dele. Tinham gana, desejo, despudor. Íntimos em cada toque - cada olhar, circunstância.
A deitou com cuidado, a visão generosa do corpo dela naquela cama, com pouca luz, cabelos bagunçados nos lençóis. Desabotoava a camisa, tirava o cinto, a olhava, não desgrudava o olhar. A bela flor seminua o aguardando, o chamando, nada além dela fazia sentido naquele momento.
- Amo você, Violeta Camargo. - Beijou a bochecha dela.
- Não me engana, Doutor. - Segurou o rosto dele.
As pernas dela o enlaçaram, o arquear do corpo dela em direção ao dele, instigando-o, queria ela descontar as horas desconcertantes daquele jantar, mostrar que o ciúmes era resultado ardente do amar infindável - ambos sentiam, ambos sabiam.
A lingerie desceu pelas pernas da mulher, o íntimo chamando por ele. Por enquanto, quem ficaria por cima era ela, ele apenas obedeceu.
- Tive tanto medo de te perder, meu amor. - Sussurrou próximo ao ouvido dele, o fez tirar a camisa fina que usava tendo total visão do abdômen do homem.
As mãos dele apertavam as coxas da mulher, pela primeira vez, Violeta tirou a camisola fina que usava, deixando a mostra seu corpo por inteiro. Ela sempre o deixou tocá-la, mas vê-la assim, tão exposta, era algo novo. O olhar dele brilhou, nada melhor do que a surpresa de uma noite fria. Nada melhor do que vê-la tão entregue. Nada melhor do que mais uma prova - ao ver dela - de que nenhuma outra conseguiria ser a melhor escolha de Eugênio Barbosa.
Queria ele poder elogiá-la a altura, apenas sorriu, absorto na certeza de que viveria para sempre na memória desta noite. Acomodaram-se na cama, sentado com ela no colo, pele com pele, próximos o bastante para espantar toda e qualquer dúvida sobre o que sentiam.
O deslizar dela no membro rijo dele. Preenchendo o íntimo, arrepiando a derme, muito diferente da tarde anterior. O beijo voluptuoso, insaciável. A forma como ela movia os quadris tirava o fôlego, Violeta era imparável - a admirava por isso. Ele sorria a medida que ela fechava os olhos e mordia os lábios, que visão! Quão bela era a medida que subia e descia, que dançava sobre ele com maestria, soberba por saber exatamente o que fazer e como fazer. Cada gemido, cada arfar, os suspiros, os sons - música.
A mão dele apertou o seio dela, a vermelhidão da pele, a sensibilidade, cada detalhe fascinava. Podia sentir o contrair do íntimo dela, cada vez mais fundo, mais forte, os corpos lubrificavam e ele decidiu inverter as posições - agora quem comandava era ele, ela penas obedeceu.
Desvencilharam-se, ele trilhou o corpo dela com os lábios, sentindo o quente da pele na boca. Levou um dos seios da amante a boca, a língua circulando a auréola, a deixando ainda mais sensível, sem pressa, não havia motivos para correr.
- Meu bem... - Ela falou baixinho, ofegante.
Partiu para o outro seio, repetia o processo a medida que ela inclinava o corpo na direção dele. Os dedos enlaçando os lençóis, o íntimo implorando por mais, a volúpia percorrendo cada ponto dela.
- Como teve coragem, Violeta? - Subiu em direção ao pescoço da mulher. - Coragem de pensar que não é o amor da minha vida? - Beijou a bochecha dela. - É só com você que sinto tudo isso.
- Esse turbilhão. - Ele se acomodou entre as pernas dela.
- Esse turbilhão. - Encaixou os corpos.
A cada estocada, Violeta o puxava para mais perto. As unhas pintadas traçavam marcas nas costas do homem, podia ouvir o gemer rouco dele no ouvido dela, os choques percorriam ambos os amantes, reflexos da sintonia dos dois. O calor era bom, o beijo era bom, tudo ali era tão eles - tão deles. Eugênio tinha morada no corpo de Violeta, afeto, doce afeto, doce feito o gosto da boca dela que ia de encontro a dele. O beijo, os lábios macios, a língua aveludada dela indo brincar com a dele.
Quem dera não fosse só visita, fosse inquilino fixo - lar e moradia.
O ápice, tremularam juntos, enlaçados, misturando-se, do gozo fizeram cansaço, banhados por sorrisos e suor. Lado a lado. Homem e mulher. Intimidade.
- Eu te amo, meu bem. - Ele disse com ela sobre o peito dele.
- Eu te amo, não vá embora. Jamais. - O encarou. - Nunca.
- Então me deixa ficar. - Acariciou o rosto dela.
- Eu te deixo ficar. - Sorriu, não só com a boca, como com o olhar também. - Bem.
Bonito fora o ciúmes que os proporcionou mais uma bela noite, e, com briga e faísca, contando até três, terminavam com aquele "eu te amo" que só fazia sentido quando dito na mais pura sinceridade.
"Aquilo tudo era apenas nossos mundos distintos se entrelaçando."
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Nossos Mundos Distintos
FanfictionA chegada de um amor do passado provoca em Violeta e Eugênio sentimentos mais fortes do que se pode controlar. Mundos distintos, mas interligados por um único sentimento - o ciúmes.