Prólogo

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Gwyn estremeceu, se levantando as pressas para ir rumo ao banheiro, deixando um Azriel assustado para trás, mesmo que soubesse que ele a seguiria. Estava sendo um mês difícil, e por mais que ela estivesse muito feliz com a pequena vida que carregava em seu ventre, não conseguia parar de desejar não estar naquela situação. As mãos fortes de seu parceiro seguraram seus cabelos antes que ela pudesse realizar o ato, e acariciaram suas costas em círculos enquanto ela colocava o recém café da manhã todo para fora. Era frustrante, a sensação era simplesmente terrível, e mesmo assim ela só conseguia se sentir feliz pelo brotinho que estava gerando, fruto do amor dela e de Azriel.

O mestre espião suspirou, a puxando contra o corpo e fazendo ela se sentar no chão, as costas encostadas em seu peito. Ele soprou a testa suada dela, tirando os fios suados grudados na testa da sacerdotisa.

- Respire fundo, Gwyn. – Ele sussurrou, uma das mãos ainda acariciando lentamente suas costas. – Está bem?

- Estou. – Ela respondeu, os olhos fechados enquanto se concentrava em fazer a sensação ruim em seu estômago passar. – Odeio isso.

- Eu sei, ma belle. – Gwyn sorriu fraco com o apelido, ela simplesmente adorava quando ele a chamava assim. – Gostaria de poder passar isso para mim.

- Você não sabe sobre o que está falando, mas agradeço sua intenção. – Ele riu, achava incrível a forma como ela conseguia fazer piadas e ser sarcástica mesmo em um momento como aquele. – Vamos, temos uma reunião ainda hoje.

Azriel desvirou os olhos dos dela, e Gwyn imediatamente soube que tinha algo errado.

- A reunião acaba de ser desmarcada. – Ele disse, com a voz mais inocente possível.

- Azriel Berdara – Ela sentiu o macho estremece atrás dela. – Diga para mim que você não acabou de dizer a Rhysand que não poderíamos ir.

- Jamais. Eu disse que você não poderia ir, e por consequência, eu também não.

Ela suspirou, levando as mãos ao rosto e bufando irritada. Azriel estava terrivelmente insuportável com sua superproteção, e ela se segurava a cada momento para não mandar ele ir a um lugar muito feio. Ela sabia que não era culpa dela, sentia o mesmo em relação a ele quando o laço se firmou, porém ele estava ultrapassando todos os malditos limites com relação a superproteção. Na semana anterior, ele havia rosnado para Cassian quando ele tentou tirar um pelo da blusa de Gwyn, deixando a situação extremamente estranha pois seus amigos ainda não tinham conhecimento sobre a gestação. Gwyn ainda se lembrava dele abaixando a cabeça e fazendo biquinho enquanto ela brigava com ele.

- Az, sei que você está preocupado com a minha saúde, com a nossa saúde. – Ressaltou, levando as mãos a barriga ainda lisa. – Mas você tem que começar a se controlar um pouco mais amor. Eu sou uma guerreira, braço direito de Ness na legião Valkirya, e me recuso a passar nove meses parada só por estar grávida. Já me consultei com Madja, e ela deixou bem claro que minha gestação é saudável e que não tenho restrições além de não carregar peso agora no início. Então, por favor, pare com isso.

Azriel suspirou, afundando o rosto nos cabelos ruivos dela. Ele sabia que não era justo querer prendê-la daquela forma, sabia que era terrivelmente injusto com todo o treinamento e status que ela construiu sozinha, porém não conseguia relaxar com a ideia de ver um dos dois feridos, sem sua proteção.

- Me desculpe, mas não consigo controlar isso muito bem ainda, ma belle. Vocês são tudo para mim, eu nem sequer sei o que faria se algo de ruim acontecesse com vocês, certamente jamais me perdoaria. Mas vou tentar melhorar, por você. Mas peço paciência, e desculpas caso eu acabe passando dos limites algumas vezes, você sempre pode me socar e me avisar de que estou sendo um completo babaca, juro que vou entender.

Gwyn riu, se levantando com a ajuda dele e indo rumo a pia para escovar os dentes e tirar o gosto ruim da boca.

- Tenho fé de que não será necessário tomar medidas tão drásticas. – Ela se virou para ele, o abraçando pelo pescoço e deixando um selinho delicado em seus lábios. – Vamos para a reunião então, é sobre o futuro do nosso filho, certo?

- Certo, mas tente manter Cassian longe de você, para o bem das bolas dele.

Gwyn apenas riu novamente, negando com a cabeça e dando um tapa fraco no peito do espião. Seriam longos nove meses.

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Eles caminhavam pelo breve caminho até a casa dele, a beira do Rio Sidra, rodeada pela floresta de Velaris. Azriel vinha atrás dela, pisando fundo e com os braços cruzados, o rosto avermelhado de ódio. Gwyn estava se segurando muito para não rir, pois apreciava o fato dele ter se controlado o suficiente para surtar apenas quando já tinham saído da reunião, mas era quase impossível leva-lo a sério com um biquinho nos lábios, os cabelos despenteados de quando ele os puxou de frustração consigo mesmo.

O mestre espião se jogou no sofá apoiando os braços nos joelhos e o rosto nas mãos, respirando fundo tentando se acalmar. Gwyn se aproximou lentamente, levantando o rosto dele e o abraçando, percebendo o exato instante em que a raiva dele simplesmente evaporou, como se nunca tivesse existido. Ele suspirou seu cheiro, o cheiro de seu filho, se agarrando com firmeza aos quadris da sacerdotisa.

- Está tudo bem, meu amor. Você foi bem. – Ela o consolou, baixinho, correndo os dedos finos entre os cabelos do espião.

- Quase enfiei uma taça goela abaixo de Cassian, isso definitivamente não é ir bem. Ainda estou com vontade de escalpelar ele. – Gwyn apenas conseguiu rir. A cara de terror de Cassian quando Azriel estourou a taça com um aperto no exato instante em que ele se aproximou para abraça-la foi impagável.

- Tenho certeza de que ele apreciaria a experiência.

- Sou um monstro, Gwyn. É assim que nosso filho vai me ver? Não quero passar essa imagem para ele.

Gwyn o apertou mais firme.

- Você não é um monstro, são apenas os instintos, você sabe disso. – Ela sussurrou, se sentando no colo de Azriel para o encarar nos olhos. A mão do espião foi imediatamente para eu ventre, como se ele não suportasse a ideia de ficar longe. – Você está defendendo sua família, só precisa conseguir manter um pouco mais de controle.

Ele suspirou, deitando o rosto nos seios da ruiva.

- Ficaria do meu lado mesmo se eu quebrasse a taça no rosto dele?

- Certamente, mas não conseguiria conter a fúria que Nestha iria desencadear sobre você. – Ela riu, baixinho. Sua amiga havia lançado um olhar afiado para Azriel, e a forma como Emerie ficou encarando os dois como se estivesse em um jogo de ping-pong quase a fez sufocar em risos.

Seriam longos longos longos meses 

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estou eu, dessa vez com uma shortfic do casal que ainda não aconteceu, mas é de milhões. A fanfic contará com apenas 3 capítulos, fora o prólogo e o epílogo, então espero que aproveitem bem! Não se esqueçam de votar e comentar sobre o que acharam, ajuda muito no engajamento, e me incentiva também. Beijos, até o próximo capítulo

Nine Months - Shortfic GwynrielOnde histórias criam vida. Descubra agora