1, interrogatório

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Elizabeth Schuyler era o que se podia chamar de arquiteta sem graduação.

A casa onde ela morava era de um estilo clássico que se misturava ao contemporâneo e, juntos, compunham um perfil elegante, requintado e moderno aos ambientes.

De modo geral, as cores azuis e os tons pastel predominavam, criando uma atmosfera sóbria e calma, contrastando com sua personalidade alegre.

Era o seu lugar preferido, ainda mais porque lá não havia coisa que a incomodasse. Quando ela sentava na mesa de jantar para trabalhar, o trabalho, que devia a estressar, virava passatempo, e horas e horas passavam com ela na frente do computador.

Agora, ela estava focada em acabar essas planilhas para George Washington e entregar as coisas o quanto antes para a forma.

─ John, eu vou precisar que você me mande aquele PDF dos relatórios de faturamento de Junho.

"Pode deixar que eu já estou encaminhando. Você tem as guias dos impostos do primeiro semestre?"

─ Eu vou procurar aqui, mas acho que sim.

"A gente precisa disso pra ontem. O Washington já está mais que impaciente por causa dos atrasos do Lee e do Jefferson. Eu conversei com o Madison e ele está tentando contornar a situação, mas está mais que claro que—"

O telefone dela tocou e o último nome que ela queria ver apareceu na tela.

─ John, a Angélica está me ligando, eu vou ter que atender, rapidinho, pode ser?

─ Claro Liz, pode ficar despreocupada.

Ela colocou John em stand-by e atendeu a mais velha.

─ Oi, Angélica, que bom que você me ligou...

Eliza não conseguia esconder o nervosismo enquanto falava com a irmã. Da última vez que se falaram, ela teve que mentir sobre sua situação financeira e ainda não tinha conseguido subir de cargo.

"Como está o trabalho? Já faz um mês que você não falou com a gente, a Peggy quer saber de você."

─ Eu fui promovida.

Aquilo era claramente uma mentira. Angélica sabia dizer quando Eliza estava mentindo, mas não podia fazer isso com Peggy perguntando sobre como Eliza estava, morando em Nova York, e sem um namorado. Ou namorada.

"O quê? Meu Deus, Betsy, por que você não tinha contado pra gente ainda? Não fica escondendo as coisas da gente, depois você se mete em encrenca e a gente não pode te ajudar, viu?"

"Concordo com a Peggy."

─ Eu não tive tempo de contar, Peggy. Eu estava ocupada com o trabalho.

"Isso é super compreensível. Agora que você está trabalhando na sede, não pode mais ficar de bobeira nem no fim de semana."

"Concordo com a Peggy. Mas o seu tempo ficou ainda mais curto com um namorado."

"Ou uma namorada. Deixa a menina escolher, Angélica."

"No caso ela já escolheu. Ele deve ser super gato, meu Deus."

"OU GATA!"

─ Então, hm, quando vocês vem?

"No fim de semana, no sábado. Tenho que pedir as horas pro Adams, e a Peggy para o Monroe."

─ Tudo bem. O meu namorado—

"EU NÃO DISSE, ANGÉLICA, A GAROTA ESCOLHEU—"

Eliza apenas suspirou.

─ Nos vemos daqui uma semana, então.

"ELE DEVE SER SUPER GATO SIM, A ANGÉLICA QUE É UMA CHATA, QUE—"

Angélica desligou o telefone, cortando a frase de Peggy no meio. Eliza, sorridente, tentou não gargalhar que nem louca no meio da sala de jantar de casa, naquela noite tão gostosa que a ligação das irmãs a proporcionaram. Aquela seria uma semana e tanto. 

"Sra. Elizabeth Hamilton", short ficOnde histórias criam vida. Descubra agora