2, a pior ideia de todas

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Ela não conseguia tirar aquela conversa com as irmãs da cabeça. Já era quarta-feira e ela não sabia se encontrava alguém em um app de namoro ou arranjava uma desculpa bem feita pra não ter ninguém acompanhando-a.

Não eram só as irmãs que sabiam a decifrar. Havia uma pessoa que a conhecia quase tão bem quanto elas.

─ Não, Theo, eu tô numa sinuca de bico. Eu não queria mentir pra Angel nem pra Peggy. Elas vão ficar arrasadas quando souberem.

Ela bebeu o café em uma golada só.

─ Fica tranquila, Eliza, vai ficar tudo bem. Dê tempo ao tempo. Se você ainda não encontrou a pessoa certa, tudo bem.

─ Não é isso. Eu menti pra elas, Theo. Isso não vai dar certo. Elas vão descobrir.

─ Não se eu te ajudar. ─ Ela deu uma pausa, como se estivesse fazendo aquelas revelações de filmes americanos, contracenando com Ben Affleck. ─ O John disse que marcou de encontrar o namorado, mas ele não vai estar na cidade esse fim de semana.

─ E o que eu tenho a ver com isso? ─ Ela soltou uma risada debochada.

─ Calma, apressada. Não deu pro namorado dele, o Alexander, arrumar umas coisas em Albany em cima da hora pra poder ficar lá, então ele vai estar na cidade. Você sabe que a passagem é cara e eu estava pensando em...

─ Não, sem chance. Não, nem que a vaca tussa. Não vai rolar.

─ Elizabeth, você quer ou não que as suas irmãs fiquem totalmente decepcionadas com você e nunca mais venham te visitar e morram sem te perdoar e nunca mais olhem na sua cara?

Theodosia riu enquanto Schuyler tentava arranjar alguma resposta do além.

─ Não.

─ Pois é. É matar dois coelhos com uma cajadada só. O Alexander fica hospedado na sua casa pro John viajar, e você tem um namorado pra apresentar pras irmãs.

─ Você tem certeza que vai funcionar?

─ Tanta certeza que eu já mandei mensagem pro John e falei pra ele perguntar pro Alexander. Ele ficou de me responder. Ou te escrever.

─ Mas eu nunca nem vi esse Alexander, Theodosia.

─ Vai dar certo. E agora, para de beber café.

─ Não dá. Eu não consigo parar quieta.

─ Por causa desse bendito café—

─ Não dá. Eu vou pegar mais.

Ela levantou da sua cadeira e andou pelo corredor do canto esquerdo.

Chegou na garrafa de café, que ficava ao lado do bebedouro, e pegou mais uma xícara. Checou o celular e quando o colocou no bolso, se surpreendeu.

─ Ei, Srta. Schuyler, melhor você maneirar. ─ Washington passou por trás dela. ─ Você está bem? Qualquer coisa, pode conversar comigo.

Se até ele, que não conversa tanto com Eliza, percebeu que ela estava diferente, John Laurens, seu melhor amigo, já poderia até adivinhar o que estava a atormentando.

─ Calma, Eliza, por Deus. ─ Ele fez massagem nos seus ombros. ─ Eu falei com o Alex e ele amou a ideia.

─ João Lourenço, você não podia ter feito isso sem falar comigo antes.

─ A Theo disse que tinha conversado com você.

─ Pois é, ela não fez isso, e agora eu estou numa situação super desconfortável porque eu vou ter que pegar o seu namorado emprestado e fingir que ele é o meu. Isso não pode dar certo.

─ Claro que vai.

─ Eu não tenho quarto sobrando na minha casa pra ele.

─ Ele não se importa. Ele dormiria na casa do cachorro pra não incomodar um anfitrião.

Ela suspirou pensando em mil possibilidades.

─ Ele é de boa, Eliza, pode confiar.

─ Tudo bem. ─ Ela disse com um indício de dor de cabeça, respirando fundo e massageando as têmporas. ─ Eu aceito. 

"Sra. Elizabeth Hamilton", short ficOnde histórias criam vida. Descubra agora