único

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Mas quando ele chega,
eu sou amada, eu sou amada

•••

Há quanto tempo estavam em uma relação tão séria de verdade?

Yor atirava nos corpos dos homens lançados ao mar enquanto pensava que já eram onze horas da noite e não estava em casa. Até então, depois de casada, não teve tantas vezes que ficou até mais tarde fazendo seus serviços.

Ligou mais cedo, avisando ao marido que faria hora extra no trabalho e que não era para esperarem por ela para o jantar, muito menos que deixasse Anya ficar acordada depois do horário. Loid respondeu que esperaria por ela, mas depois de tanta insistência de Yor, ele concordou que assim que estivesse com sono, não hesitaria em ir para cama.

Sem que percebesse, de uma hora para outra, ela passou a dar valor para cada machucado em seu corpo, desviava ferozmente das balas rápidas de seus rivais. Também passava por sua cabeça que a cada missão aceita, sentia cada vez mais culpa por carregar tantas mentiras em suas costas. Ela está criando uma criança agora, com que fundamentos ensinará valores que não aplica em sua própria vida?

Apenas um suspiro de desatento em segundos, Yor sentiu algo pesado chocar em sua testa, em seguida, uma tontura e congelamento doloroso passou por todo o corpo.

— Uma pá? — ela jogou as armas no chão e lutou com um dos caras do time marcado. Em menos um piscar de olhos, aquela luta estava ganha.

— Cadela maldita. — foram suas últimas palavras.

•••

Olhou para suas costas nuas no espelho do banheiro de uma rodoviária deserta após mais uma missão de assassinato. Arranhões e marcas roxas por toda a parte, suas mãos estavam arranhadas e vermelhas; uma de suas unhas havia caído. Lavou as mãos e os braços com o sabonete de glicerina que tinha na bolsa. Virou para olhar a sua testa, não havia nada que pudesse estancar o sangue. Estava sujo de areia, ela fez toda a limpeza para não inflamar e trazer bactérias ao machucado. Doía como nunca. Pensou que chegar em casa dessa maneira seria um problema caso Loid estivesse acordado, poderia ficar preocupado ou, pior, achar que por ser uma mulher forte demais, sempre traria problemas para a sua família.

Arrumou-se da melhor forma, passou uma maquiagem por cima e cobriu com a franja. Sorriu para o espelho, tentando disfarçar como aquela dor estava acabando com ela. Chegaria em casa e se trancaria no quarto. Nunca esteve tão desesperada para tirar aqueles sapatos e se jogar na cama.

Cambaleou até a esquina de casa, as dores eram insuportáveis, mas também estava tão cansada. Suas pernas tremiam e seus olhos estavam muito pesados, formigavam e aquela roupa estava tão quente. Subir as escadas fez com que ela engolisse seco, agarrada no corrimão. Ela só queria chegar em casa o mais rápido possível.

Pegou a chave do bolso do casaco e abriu a porta silenciosamente. Acendeu a luz e tirou o casaco para pendurá-lo. Que dor.

Ao virar-se para entrar na cozinha e beber um copo d'água, Loid estava de costas.

— Olá, estou de...

— Argh! — ele virou assustado, foi a primeira vez que Yor o pegou tão desprevenido. — Que susto, Yor! Você... eu estava pensando em você agora e agora você está na minha frente! Como chegou tão de mansinho? — a mão de Loid estava parada no peito.

— Me desculpe! — ela juntou as mãos. — Achei que estivesse dormindo.

— Estou, hum, sem sono. — ele estava meio ansioso. — E eu que peço desculpas. Fui só reativo... Estou aliviado. — ele riu de si mesmo, mas Yor não conseguiu entender a razão daquela euforia. — Bem-vinda de volta. Estava preocupado com você. Vou esquentar o seu jantar.

Me And My Husband | LoidXYorOnde histórias criam vida. Descubra agora