Olha os apressados a cumprir suas obrigações solenes;
com lobos e leoas, do clero à plebe o fenômeno ocorre.
Ah...! Maldito sejam os que guiam seus lemes!
Vão! Vão desbravar o oceano enquanto o descanso morre!
Olha-os andando rapidamente pelas calçadas -
lá não há espaço para sequer rápida e errônea olhada .
Olha-os galgando obstinadamente pelos terraços -
há nos seus passos aborrecimentos e cansaços.
Agora, olha-me aqui numa imóvel jazida de miséria: que tenho de fazer?
"Fala-me tuas aflições.", dizem-me os bem versados em tal matéria
com uma certeza senhorial: dos olhos meus ódio põe-se a verter
"Não estava apressado?", dirijo-lhe a triste palavra virulenta.
Levanto-me e de pronto fujo (estaria imitando os que buscam sonhos?)
e brado no meio daquela floresta cinzenta
(os que correm, todos, não ouvem meu berrar tristonho).
Diabos! Sou o único que não corre no mundo?
Cadê os sedentários, os muletas, os cadeirantes?
Só há, agora, maratonistas nauseabundos? -
lá estão eles correndo, cansados e delirantes.
Não, não atrapalharei tuas corrida
falando minhas aflições vãs.
Calo-me pois de meus lábios não saem palavras sãs,
e quando as tenho, correndo estás naquela grande subida.
