01 ;; redenção

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Após completar seus 21 anos, YangYang deixou a casa em que passou toda sua vida até o momento, percorreu dias e dias até chegar numa cidadezinha da região sul, onde o frio era eterno e o calor era tão raro que chegou a ser considerado como evento.

Conseguiu arranjar uma casinha com espaço suficiente para si, suas coisas e ainda tinha um quarto sobrando, que acabou ficando como quarto de visitas. Os primeiros dias se acomodando não foram fáceis, passou frio muitas noites e então resolveu comprar um cobertor mais grosso para que pudesse dormir sem medo de acordar congelado.

Acabou arrumando um emprego num restaurante perto de sua casa, às vezes, durante seu turno, pensava seriamente naquela ameaça de anos atrás, então chacoalhava a cabeça para voltar a realidade, implorando que isso não acontecesse mais nenhuma vez.

Mas como dizem que o que mais você tem medo, mais tem chance de acontecer, não demorou muito tempo até rumores começarem a se espalhar pela cidade. De que o Rei Dragão do Sul havia descido dos céus. E só essas palavras foram suficientes para deixar YangYang temendo por sua vida.

Numa noite de inverno, escutou batidas em sua porta, acompanhados de gritos pedindo por ajuda. Não hesitou em ir até lá e acolher o estranho que pedia por auxílio. Nem sequer pediu seu nome ou de onde era, as poucas coisas que reparou, foram os acessórios dourados e o cabelo numa cor extravagante. Deixou com que aquele estranho banhasse na banheira, esquentava água e ia deixar lá quando o ouvia reclamando do frio, deixou separado também algumas roupas mais largas.

O que ele não esperava é que aquele estranho fosse o próprio Senhor dos Invernos, porém, devido aos machucados e a falta de conhecimento, nem sonhava como esse homem se parecia, por isso o tratou com tanto cuidado.

— Moço… Está tudo bem aí? – Yang questionou abrindo uma fresta da porta, olhando por ali. — Se precisar de qualquer coisa, pode me falar.

— Está tudo bem, posso passar a noite aqui? – Saiu da banheira e secou seu corpo, vestindo as roupas que o mais novo havia separado. — Não sei quando essa neve vai parar, não quero correr os riscos…

— Oh, claro que pode! Fique à vontade! Mas antes disso, qual o seu nome? – Houve um breve silêncio, um suspiro, e então voltou a falar. — O meu é Liu YangYang, vou preparar seu quarto.

— O meu é Qian Kun… E obrigado, Yang.

Foram as últimas palavras ditas naquele momento. Yang já estava no quarto de visitas arrumando a cama e deixando dois cobertores ali, já que estava com o cobertor grosso em seu quarto. Passou alguns minutos em pé de frente para a cama, pensando se trocaria os cobertores ou não. Seus pensamentos foram interrompidos com o toque de uma mão gelada em seu ombro, que o fez pular para o lado e acabar batendo a cintura na cômoda, resmungou e ouviu Kun rindo.

— Perdão, tentei te chamar mas você não me ouvia, ia perguntar se posso pegar uma lanterna de papel e deixar no quarto. – Este cruzou os braços contendo um sorriso no rosto.

— Ai, sim, deixe que eu pego uma para você! – Antes que saísse do quarto, foi impedido, olhou para o rosto do outro e ergueu uma sobrancelha, confuso.

— Pode ir dormir, YangYang, eu consigo acender uma lanterna de papel.

— Ah… Tudo bem, boa noite, Kun.

Kun repetiu a frase e saiu do quarto, indo até a cozinha para acender a lanterna, YangYang o olhou por mais alguns segundos e foi para seu quarto, deixando um pouco da porta aberta, deitou-se em sua cama e cobriu-se com o cobertor quentinho. Não demorou nem cinco minutos até cair em um sono profundo.

A noite fria passou lentamente, YangYang só acordou quando era quase meio-dia, saiu tropeçando de seu quarto até a cozinha, bebendo um pouco de água e então indo até o banheiro, entrou tão apressado que nem se deu conta de que Kun estava lá dentro, apenas lavou seu rosto e quando virou-se para ir até a banheira, quase caiu para trás.

palavras frias como inverno - kun & yangOnde histórias criam vida. Descubra agora