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Eu tinha esquecido o quão alto os armários da cozinha dessa casa são.

Procrastinei a noite passada, e metade do dia de hoje depois que meus pais voltaram ds cidade, andei de um lado para o outro dizendo estar conferindo os quartos e deixar tudo organizado para a família de cinco pessoas que por um acaso estão mega atrasados, ja passam das seis e lá fora ja estava escuro.

Isso me ajuda muito, por não terminar o que eu iria fazer na casa grande, apesar de nem lembrar mais o que eu iria fazer aqui, fiquei por um tempo em pé no meio da sala até lembrar que tinha que arrumar os alimentos que meus pais compraram, num grande exagero, eles faziam o máximo pra não ter que voltar na cidade muitas vezes, minha mãe ficava enjoada no barco, mas mesmo assim nunca deixa de ir aconpanha-lo, digo que eu também fico bastante enjoada por isso sempre me nego a ir.

Apesar da procrastinação, eu realmente conferi os quartos, e o meu favorito era o do andar de baixo que tinha uma porta de vidro bem de frente pro mar, ele é maravilhoso justamente por isso, apesar de todos os quartos dessa casa serem bastante parecidos, mesmo tamanho, mesmo banheiro, exceto por um no andar de cima que era um pouco maior.

Estou encima de uma cadeira terminando de colocar todos os mantimentos no armário, quando ouço várias vozes do lado de fora da casa, provavelmente os Camerons chegaram, um único sobrenome que consegui arrancar do meu pai.
Continuo concentrada ao tentar colocar um último saco de arroz de 5kg na parte mais alta, quando ouço alguém respirando fundo bem impaciente, ao olhar para trás me deparo com os olhos azuis fixos em mim, ele ficou lá parado me olhando, apesar da expressão em seu rosto ser bem impaciente ele parecia me olhar com muita atenção, não sei se por minha calça moletom cinza, meias rosas e o cropped branco nesse calor ou o coque que amontoei todos os cachos no alto da minha cabeça ou por eu estar encima de uma cadeira a mais de um minuto com os braços para cima segurando um saco de arroz no alto, apenas desisto por sentir que se fizer mais algum esforço eu vou cair.
Desço e vou em sua direção, abro o meu melhor sorriso estendendo a minha mão para ele, ele é jovem de mais pra ser o pai da família, então apenas digo meu nome.

-Oi... eu sou Maya. -minha voz soou muito mais alta do que planejei, ele continuou me olhando sem dizer uma palavra, e seus olhos foram para os meus pés, e foi subindo lentamente até parar na minha mão, e depois voltar para meus olhos, isso era muito esquisito, não sei se o fato dele me olhar tanto, ou eu não saber exatamente o que se passa na cabeça dele por me olhar dessa forma, perece estar me criticando mentalmente quando ele olha pro saco de arroz e depois me olha mais uma vez e finalmente fala.

-Rafe. -ele disse e saiu andando indo em direção ao quarto e fechando a porta com um pouco mais de força do que seria necessário bater, confesso que isso me intrigou bastante, ele é um gato, não posso negar, mas muito mal educado e péssimo em comunicação com a pessoa que o recebeu, eu no caso, fiquei bem frustrada na verdade.

-Desculpa a mal educação do meu irmão... sou Wheezie. -a garotinha que parecia ter uns 14 à 15 anos parou na minha frente apertando a minha mão que ainda continuava ali parada.

-Sou Maya... seja muito bem vinda...ele é sempre assim? -perguntei depois de soltar a mão dela e dar a volta no balcão voltando ao meu trabalho com o saco de arroz.

-Sim, muito irritante por sinal, mas depois acostuma. -ela sentou em um dos bancos apoiando os cotovelos no balcão.  -Precisa de ajuda ai? -ela perguntou notando minha dificuldade.

-Não, tudo certo. -dei um ultimo empurrão e o saco finalmente ficou dentro do armário, volto minha atenção à ela. -Está com fome? -perguntei apoiando os cotovelos no balcão como ela estava fazendo.

-Muita, a viagem pareceu durar uma eternidade.

-Vou te fazer um sanduíche. -sorrio indo tirar as coisas da geladeira.

-Fazendo amizade Izie? -uma mulher loira entra na cozinha.

-Rose essa é Maya, Maya, Rose minha madrasta. -Wheezie revira os olhos rapidamente.

-Muito prazer, com fome? Posso fazer um sanduíche pra senhora também se quiser.

-Nada de senhora, só Rose por favor, e seria muita gentileza da sua parte. -ela sorriu simpática, acho que isso foi um sim, e acabo fazendo sete sanduíches, tirando uma garrafa suco de laranja da geladeira, vejo quem parecia ser o Cameron pai passando ao fundo subindo com meu pai com algumas malas em mãos, deixo elas a vontade e volto para minha casa, bem ao lado um pouco ao fundo da casa grande.

-E ai? O que achou deles? -minha mãe pergunta assim que vê entrando em casa.

-Bom primeiras impressões, Wheezie com certeza é a mais legal dessa família, Rose a madrasta é um pouco estranha porém simpática, e o filho Rafe, é um completo gato cheiroso, mas nem um pouco amigável, e pai Cameron eu não tenho opinião formada sobre. -digo e ela ri.

-Rafe é o filho mais velho do pai Cameron, e ele realmente é um gato.

-Quem é um gato? -meu pai entrando em casa num time perfeito.

-Você Dante, você que é um gato. -sorrio indo abraça-lo.

-Eu não confio nela. -ela sussurra pra minha mãe.

-Pois deveria. -ela diz lhe dando um selinho.

-Te trouxe uma coisa da cidade. -ele me solta indo até umas sacolas na mesa tirando um saquinho de papel branco. -Sementes de margarida. -ele fala super empolgado, toda vez ele trás uma margarida pra mim, e vê minhas tentativas falhas de fazer elas durar.

-Pai isso é incrível... eu amei.

-Mais uma coisa. -ele sai e volta mais uma vez e me estende uma margarida. -Pra não perder o costume. -ele me entrega e me abraça dando um beijo na minha testa.

-Você é o meu pai favorito. -ele faz uma cara estranha por isso não fazer o menor sentido.

-E o único. -ele ri depois de um tempo.

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Rafe não sabe fazer amigos, alguém ajuda a curar esse mal humooor 🙏🏻🙏🏻
Obrigada por ler até aqui.
Bjs.
-M🦋

NO MORE LIES. obx (some lies ll)Onde histórias criam vida. Descubra agora