Extra 1:Corazón sin Vida. (Kai Visión)

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Quando tinha 11 anos, foi pela primeira vez ao Brasil.

Ele não entendia porque o seu pai o estava obrigando a ir passar tempo com sua mãe.

Na verdade, ele não queria ir e conhecer a nova irmã que ele nem sabia existir.

Já que seus pais se separaram quando ele tinha 5 anos e, seu pai ficou com sua guarda.
Sua mãe havia lhe visitado em todos os seus aniversários, exceto o de 11 anos.
Então o seu pai e madrasta explicaram que ele tinha uma nova irmã.
Ele não queria essa irmã.
Nem sabia se ela era mesmo sua mãe.
Havia lhe deixado sozinho.
Apenas quando seu pai começou a namorar que ele sentiu a sensação do que é ter uma mãe.
Alguém que cuida de seus machucados, que Grita seu nome nos treinos. Que te ajuda na lição de casa.

Mas ali estava ele, com sua "mamãe" no avião, indo visitar a sua mãe de sangue e a família dela. O novo marido. A nova filha.
Ele não queria deixar seus treinos para isso, mas, seu pai disse que deveria.
Que era o acordo novo entre a mãe e ele.

Kai não sabe desde quando percebeu que seus pais nunca se amaram.
Ele foi um acaso para os dois.
Um acaso que seu pai ama.
Seu pai nunca negou que o amava.
Que daria a vida por ele.
No divórcio ele perdeu tudo, mas, exigiu a sua guarda. Kai lembra disso.
Lembra de sua mãe chorando e lhe pedindo perdão.

Era a única lembrança que tinha dela.

Kai não sabe porque é obrigado a ir para outro país, onde não entende nada.

Mas era uma mentira.
Sua mamãe é portuguesa e, ela lhe ensinou o idioma desde cedo.
Seu pai e ela se casaram quando ele tinha 8 anos.
Mas, ela sempre ficava com ele, nas viagens dele.
Sempre fazia cookies e chocolate quente e, jogava bola consigo.
Kai só tem lembranças boas com a sua mamãe.
E se separar dela dói.

Mas, seus pais querem que seja um bom irmão mais velho.
Sua mamãe disse que ele iria gostar da casa da mãe. Que iria ser um bom irmão. Que ele era educado e, responsável e tem que amar sua irmãzinha, já que seus pais não podem ter outro filho.

Kai sempre sentiu que seu pai e mamãe faziam tudo por ele, mas, nunca o minaram.

E foi por isso que quando sua mamãe o deixou com o seu padrasto e, entrou no avião voltando a Alemanha, que ele chorou.
Não vai ter chocolate com Cookies toda noite.
Não vai sentir o cheiro de chocolate pela casa e, no avental dela.
Ou, não vai achar nenhum pouco de farinha em seu nariz, quando ela estiver atrasada para o trabalho.
Kai não quer que sua mamãe fique sozinha.
Foi por isso que deu seu ursinho a ela.
Ela sorriu, com aquele batom cor de cenoura que tanto amava e, lhe deixou um beijo no topo da cabeça.
Como fazia todo dia.

Kai amava sua mamãe.
Kai sabia que sua mamãe o amava.

Ela chorou enquanto sorria e pediu a seu padrasto que cuidasse bem dele.

Ruan concordou. Pegou na mão de Kai e disse que ia o levar para jogar aqui.
Enquanto estivesse no Brasil, o levaria.

Kai apenas concordou em silêncio, então ele lhe mostrou uma foto da sua irmãzinha.
Ela era fofa.
Kai sorriu.
Sempre gostou de bebês.

Mesmo que não entendesse o porquê de estar ali.

Sua mãe, Marisa, lhe abraçou forte e, chorou. Kai correspondeu o abraço, pois seu pai e mamãe o lembravam que sua mãe o amava.

A bebezinha agarrou forte sua mão e, sorriu.
Kai sabia enquanto a olhava, que amava essa menininha pequenina.

Ela tinha seu sorriso.
Seu pai diz que seu sorriso é igual o da mãe.

Corazón Sin Vida. (Joaco Piquerez)Onde histórias criam vida. Descubra agora