O sequestro

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Marília Mendonça

Não era possível que aquilo estava acontecendo. Eu me recusava acreditar.

-Murilo, o que você tá fazendo aqui? Bradei, sentindo minha respiração falha.

Ele gargalhou, sádico como era. E eu senti o pânico percorrer minha espinha.

Murilo- Ora, meu amor. Isso não é jeito de falar com o teu marido. Inclinou a mão em minha direção, ameaçando me tocar.

- Ex marido, você quer dizer. Recuei.

- Você nunca deixou de ser minha mulher,Marília. E você tem que parar de falar essas bobagens. Sua mão se fechou em meu braço num aperto e ele me puxou para fora do carro.

- Me larga! Me debatia, tentando me soltar. Meu rosto já era banhado por lágrimas de desespero. Olha, eu não tô sozinha. E a pessoa que tá comigo vai voltar e você vai se ferrar Gustavo. Me larga e vai embora, por favor. Implorava aos prantos, na intenção de sair daquilo.

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Novamente ele gargalhou.

- A Maraisa? Vi a mulher sair de dentro de uma velha casa de madeira, na escuridão. Isa é uma conhecida. Fez a gentileza de te trazer até aqui. Meu mundo desabou. E eu paralisei. Perdi todas as forças presentes em meu corpo e já não me debatia mais.Maraisa caminhou até onde estávamos, mantendo seu olhar fixo no meu.

- Já tá tudo pronto lá dentro. Avisou para Murilo, ainda me olhando. Desculpa, Lila. Pediu, se aproximando de mim.

- Você... Fui interrompida pelo homem

- Ah me poupe vocês duas! Murilo vociferou. Desculpa é o cacete. Você encenou demais. Não tinha nada que ter saído com a minha esposa. Me puxou fortemente contra seu corpo, quase me derrubando. Seu trabalho era me trazer Marília. E está feito. Se manda Maraísa, daqui pra frente eu sigo sozinho. Começou a me puxar para dentro da casa e eu me desesperei.

- Murilo, me larga. SOCORRO! Eu gritava, na esperança que alguém me ouvisse.

- Cala a boca. Cala essa maldita boca. Murilo me segurou pelos ombros. Você vai ficar quietinha, tá me ouvindo? Não dificulta as coisas, querida. Passou sua mão por meu rosto e apertou ainda mais meu braço. Ele estava extremamente nervoso.

- Você tá me machucando. Sussurrei chorando. Porque isso, Murilo? Acabou. Segue a sua vida e me deixa em paz.

- NÃO! Gritou e desferiu um tapa em meu rosto. Fui ao chão no mesmo minuto.

- Lila Maraísa gritou. Você tá maluco? Gritava com Murilo enquanto me amparava. Tá tudo bem? Me perguntou.

- Tira a mão de mim você também. Isso é culpa sua. Exclamei exaltada, me esquivando de qualquer contato.

- Chega dessa palhaçada. Quem dá as ordens aqui sou eu. E você vem comigo. Novamente enlaçou meu braço, me puxando agressivamente para dentro da casa. Adentramos o local e ele me colocou dentro de um quarto.

- Vai ficar aqui por enquanto. E vai ficar quieta, tá me ouvindo? Se eu ouvir qualquer grito seu, eu te mato. Ele estava transtornado. Não ousei retrucar. Estava em pânico. A porta fora fechada com força e trancada em seguida.

- Meu Deus, isso não pode estar acontecendo. De novo, não! Me apoiei na parede e deixei meu corpo escorregar, sentando-me no chão. Pus as mãos entre os cabelos e abaixei a cabeça. Eu chorava desesperadamente, na vã esperança, de que fosse acordar e tudo não passaria de um sonho ruim. Mas àquilo era real. De novo aquele infeliz me atormentava. Me mantinha presa, sob ameaças. Não era a primeira vez. Nem a segunda. Tampouco a terceira. Murilo me trancava no quarto que dividíamos quando casados, quando eu me negava a transar com ele. A primeira vez, achei que fosse uma brincadeira de mal gosto. Depois entendi que havia me casado e vivendo com um psicopata. E dali em diante, minha vida se tornou um inferno na terra. Cessei meu choro, assim que ouvi passos e vozes dentro da casa.

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