I Want You ☆ Bang Chan

20| ME!

Me distraio olhando as roupas de Chan no closet de seu quarto enquanto como um bolinho de chocolate recheado. O garoto havia saído para pegar bebidas para nós dois e eu fiquei no cômodo aproveitando a pausa do nosso ensaio. Me admiro constatando que todas as peças eram lindas. Algumas de estilo mais despojado como ele sempre costuma usar, moletons, camisetas largas e bermudas de treino, e outras completamente diferentes, perfeitas de um jeito mais clássico.

Sou pega no flagra quando o garoto retorna com as bebidas achocolatadas nas mãos. Olho depressa para o meu bolinho e finjo que não estava curiando nada.

— Que estilo você prefere? — ele aponta com a cabeça para os cabides.

— Eu prefiro mais um estilo boyfriend material — respondo de boca cheia.

— Tipo aquela do dia que usamos roupas iguais, né? — me surpreendo por ele saber o significado da expressão.

— Uhum — termino de engolir meu bolo. — É mais o meu tipo.

— Hum... — ele assente balançando a cabeça — Já que tocou nesse assunto, será que eu posso te perguntar uma coisa?

— Claro — digo naturalmente enquanto jogo a caixinha do achocolatado na lixeira. — Pode falar.

O garoto pareceu ter se arrependido de tocar no assunto assim que eu aceitei responder sua pergunta.

— Então... — se enrola ao começar, parecendo envergonhado — É que eu estive pensando... será que você...

O incentivei a continuar com um olhar e ele engoliu em seco.

— Qual é o seu tipo ideal? — ele pergunta e tampa a boca com as mãos depressa, como se tivesse perguntado algo vergonhoso.

Observo o rosto amedrontado de Chan e rio pelo nariz. Como ele pode ficar tão fofo só fazendo uma pergunta?

— Meu tipo ideal? — caminho ao redor dele tirando a mão de sua boca — Não sei, nunca pensei muito nisso. Acho que antes de tudo... eu gostaria de alguém que fosse meu amigo.

Christopher sorriu com minha fala e eu sorri de volta, deixando claro que ele havia entendido certo as minhas palavras. Ele se aproximou e acariciou minha bochecha com o polegar.

— Eu gosto muito de você, Maya — estremeço enquanto sinto meu rosto esquentar.

— Eu também gosto muito de você, Chan.

[...]

Desço até o saguão do hotel depois de receber o telefonema de uma das funcionárias. Parece que preciso preencher um formulário para prolongar a minha estadia aqui, já que sobrevivi a mais etapas do programa do que eu imaginava que conseguiria. Termino de colocar meus dados e assino o papel, entregando-o de volta à recepcionista.

Assim que me viro para sair me surpreendo com o que meus olhos viam. Eram os pais de Chan.

— Moça, será que posso usar o telefone rapidinho? — pergunto depressa e me viro de volta para o balcão da recepção.

Finjo conversar com alguém do outro lado da linha e aproveito para observar o casal discretamente sem que me vissem.

O que será que estão fazendo aqui? Seja lá o que for, me parece suspeito demais. Eles não são o tipo de pais que aparecem para visitar os filhos sem ter um ótimo motivo por trás.

Aperto os olhos tentando enxergar melhor quando vejo o concierge do hotel se aproximar deles. Os três vão até um canto mais afastado e vazio do salão e se sentam em poltronas. A conversa não durou muito e logo o funcionário se levantou, curvando-se em agradecimento aos outros dois e recebendo um aperto de mão do Sr. Bang.

Pode ser só coisa da minha cabeça, mas isso não está me cheirando nada bem.

— Muito obrigada — entrego o telefone de volta à ela e sorrio. — Tenha um bom trabalho!

Aceno em despedida à recepcionista e vou caminhando até meu quarto enquanto penso no que acabei de ver. Talvez eu devesse contar à Chan sobre isso. Se bem que, da última vez, ele não quis ouvir as minhas desconfianças sobre seus pais. Será que devo falar com Felix em vez disso? Está claro que ele leva muito mais a sério as minhas suspeitas, mas não sei se é uma boa ideia incomodá-lo com isso. Pode ser só mais um dos meus pressentimentos errados.

Eu devia mesmo era ficar na minha.

[...]

Termino de me arrumar e desço para encontrar Chan na portaria. Pela primeira vez decidimos ir juntos para o estúdio ao invés de nos encontrarmos lá.

— Você tá linda — ele beija minha bochecha e sinto meu coração dar uma cambalhota. Sério, que charme louco é esse que Christopher tem?

Agradeço envergonhada e entramos juntos no táxi. Chegando nos estúdios fomos direto gravar uma entrevista de bastidores, onde contaríamos como foi chegar até a semifinal. Sento no banco alto do set e Chan senta ao meu lado em outro igual. Existia pelo menos um metro de distância entre nós dois quando Jeniffer Nascimento chegou perguntando se podíamos nos juntar um pouco mais para "enquadrar melhor na câmera".

Aproximamos as banquetas e nos sentamos novamente, esperando a apresentadora fazer as perguntas.

— Isso está ótimo! — diz animada enquanto nos olha — Vocês ficam perfeitos juntos.

Tusso engasgada com minha própria saliva e Christopher se levanta imediatamente para me ajudar. Tiro as mãos do garoto de mim e arregalo os olhos.

— O que? Não tem nada disso! — me justifico depressa gesticulando com as mãos.

Vejo os dois rindo de mim e percebo que minha reação talvez tenha sido um pouco exagerada. Eu devo mesmo estar no limite da minha sanidade mental.

Terminamos a entrevista e nos aprontamos para a apresentação. Logo seria a nossa vez de cantar e nós fazíamos o nosso ritual de sorte quando a produtora chegou para conferir mais uma vez nossos microfones.

— Vamos nos divertir — Christopher diz, colocando a mão por cima da minha.

— Vamos nos divertir!

Em cima do palco a música começa a tocar e me faz descontrair completamente. Cantar ME! da Taylor Swift foi a melhor coisa que Teló podia ter proposto a nós dois. A canção era animada e fez com que a gente se divertisse do início ao fim.

Abro um sorriso largo vendo Chan cantar o refrão e me permito aproveitar o momento ao máximo. Nossa conexão era tão óbvia que pude entender porque as pessoas gostam tanto de nós dois juntos. E a música que nosso técnico escolheu só deixou isso ainda mais evidente.

Me surpreendo quando o garoto me lança uma piscadinha ao terminar sua estrofe e o olho sem acreditar. Era como se fôssemos realmente o casal retratado na canção.

Os tweets subindo a hashtag do shipp ChaMa devem estar pegando fogo agora. Trocadilho horrível, eu sei.

As pessoas na plateia batiam palmas no ritmo do som e os técnicos brincavam entre si nos assistindo. A atmosfera do lugar era incrível. Vejo Christopher se aproximar e cantar seus últimos versos olhando em meus olhos enquanto sorria bobo para mim. Não consigo evitar o calor que toma conta de meu rosto e sinto meu coração acelerar sem minha permissão.

Eu estava completamente apaixonada.