Margot não é nada imperceptível. Pelo menos não para mim. Embora sua imagem baixa, corpo um pouco magro e um rosto um tanto genérico e nada memorável, não é disso que quero dizer. Quero descrever aqui seu jeito escandaloso que faz até aqueles mais cínicos reparar sem esforço.Ela não é lá uma pessoa tão desconfortável. Mas é lenta e bocó, sugerindo uma figura com muita capacidade intelectual. Mas nem de longe. Claro que é só uma opinião e até pode ser um exagero vindo de mim, um inquilino inocente com pouco capacidade intelectual também. Ela pode ser intelectual em alguns esquisitos, mas...
Todas as vezes que meus olhos encontram seu amontoado de fios alisados, tingidos em um nelvo platinado, que, banhado pelo sol, vira dourados em segundos, cada átomo minúsculo meu revira em desgosto.
Seu rosto livido vem de companhia, uma expressão mais reservada e careta e há sinais rubros sob suas iris pardas, causando uma figura fadigada, qual desde já me aterrorizou em um pequeno terço de segundos. Mas é fácil de se recuperar quando se acostuma.
Deu para perceber, Margot é minha vizinha.
Nem de longe, nem de perto alguém pisaria ali e o motivo é gritante.
Margot tem medo de bonecas. Bonecas. Qual tinha uma tia rabugenta que costurava um amontoados delas anos passados, e as mantiam todas acomodadas em um quartinho pastel, que ganhara motivo para berros e palavrões vindo de Margot pela madrugada.
Não acho que há algo a mais nesses pequenos ser de pano e também não acho que concideriam vida própria para amedrontar indivíduos fedidos e tolos em meio a uma noite gostosinha de sono.
Mas me irritaria se isso, de fato, acontecesse. Não por minha teoria errada, mas sim pelo bloqueio de um sono gostosinho, vindo de pernas estofadas, acompanhadas de figuras de índole macia e de bocas bem esticadas, costuradas em linhas pretas.
Ok. Estou perdendo o foco.
O ponto é o seguinte. Odeio Margot. Fim.
- Bom, dia, Chefe