"Oi Steve."

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O telefone toca, é o telefone de Steve Harrington.

— Alô? Quem é? — Steve falou ao atender meu telefonema.

— Oi Steve, é a Nancy. Eu preciso de conversar, com você.

— Ah! Oi Nance. Precisa conversar sobre o que?

— Você saberá na hora. — Falei soltando um suspiro, eu estava muito nervosa para uma simples conversa. — Não se preocupa, não é nada sério.

— Eu tô meio ocupado agora, você pode me encontrar na Family Video?

— Hoje?

— É. Às 18h, pode ser?

— Pode. Ótimo.

A única coisa que eu pude fazer foi esperar
Ansiosa,
Nervosa,
Tensa,
Inquieta,
Arrependida
E principalmente
Confusa.

E quanto mais eu pensava nisso
Mais era doloroso.
E dói
Dói,
Dói e
Dói muito.

E sempre doía pensar nisso, um sentimento de aperto se alastrou rapidamente pelo meu peito e estava a aumentar mais e mais, por quê?
Mesmo que eu gostasse de Robin, seria recíproco.

Então, por que DÓI tanto assim?

...

E então, a hora que eu mais temia chegou,
Eram dezessete e quarenta.

Eu tinha que me apressar, o mais rápido que conseguisse.
Era impossível não pensar nessa situação toda, era algo bono, mas... Estava mexendo comigo

Até demais. Porra, Robin Buckley... Você tá se tornando minha cura hétero.

E com toda a correria, já eram dezoito horas.
Eu estava no lugar marcado, no horário certo e em ponto. Olhava para os lados, a espera de Harrington.

Será que ele demoraria?
Ou será que ele iria trazer Robin junto dele?

Eu não havia especificado que deveríamos ficar sozinhos, só nós dois, apenas.

E para minha sorte, fui despertada dos meus pensamentos com Steve chegando.

— Oi Nance... Vem, entra. — Ele foi até a porta e abriu, esperando que eu pudesse entrar. — E então, por que me chamou? Aconteceu alguma coisa? Fiquei preocupado.

— É, talvez aconteceu.

— O que exatamente...?

Eu respirei fundo, apertei minha mão com força enquanto sentia minhas pernas ficarem bambas. Eu sentia como se eu fosse quebrar, que nem um palito de fósforo.

— Eu acho que talvez eu não seja tão hétero, não tão quanto eu imaginava.

— ...Oi? — Ele disse ao se virar de costas, cruzando os braços.

— É.

— Calma. Deixa eu ver se entendi, você, Nancy Wheeler, não é hétero?

— Eu não sei! Talvez não, sei lá.

— Beleza. Deixa eu entender aqui, primeiramente. — Ele se apoiou no balcão de recepção e levou a mão ao queixo, raciocinando por alguns minutos. — Tá.

— Que rápido, Steve.

— Você, Nancy Wheeler, acha que não é hétero. É isso?

— Também.

Porra... Tem mais ainda? — Disse enquanto arregalava os olhos e dava uma risada, provavelmente de nervosismo.

— Agora posso explicar, colocar tudo pra fora na esperança de que você ajude-me?

— Vai, Nance.

Eu caminhei até sua direção, me encostando no balcão. Suspirei fundo e comecei a contar tudo, detalhe por detalhe, obviamente sem citar nomes. Talvez fosse meio óbvio de quem eu estava falando sobre, e eu não tenho culpa disso!

— Tem uma garota, e ela é incrível, sabe? Ela... É muito esforçada, engraçada, gentil, se importa com seus amigos e nunca desiste de alguma coisa tão facilmente.

— Hm.

— E ela é irônica também, muito irônica. Ela fala demais e normalmente não tem quem pare ela, ou um filtro que remova todas as coisas fúteis e sem noção que ela fala, mas... isso faz ela tão fofa e ver ela falando sobre o que gosta me deixa muito feliz e-

— Hm.

— Você tá prestando atenção?!

— Eu tô! — Ele disse desajeitado, ajeitando sua postura.

Com certeza. — Debochei dele.

E eu continuei a falar dela, sobre o quão incrível era ela.

Como ela conseguia alegrar um lugar inteiro ao mesmo tempo que conseguisse deixar uma tensão no ar.
Ela é o tipo de pessoa que dá risada quando não deve,
Tipo em um funeral.

... Isso foi horrível, mas, é a verdade.

E isso tudo define ela,
Define Robin Buckley.
A garota que... eu amo?

Não! Não.
A garota que, eu penso que amo.
​​Isso seria... Tecnicamente impossível.

— Calma. E quem é essa garota?

— Não vou te contar.

Vou fingir que não sei quem é. — Ele riu. — Ok, Nance. Primeiramente, o que te chateia tanto assim ao pensar que você pode estar gostando dela?

— Que ela... é uma garota?

— Não. Finja que ela é... Um garoto. O que te chateia agora?

— Ah. Eu- Eu tenho medo que tudo acabe dando errado e vá por água abaixo, que nem meu namoro com o Jonathan, era tudo flores e felicidade até a carta de admissão chegar e ele acabar terminando comigo porquê disse que não seríamos um casal a distância, que isso iria ferir os sentimentos dos dois e-

— Nance. Se não deu certo, é porquê não era para dar. E talvez, o real problema, nem seja o fato de ser uma garota... mas sim, o seu medo de tudo dar errado.

E então, eu finalmente entendi o que me incomodava tanto.

Não era pelo fato de ser a Robin,
Nem uma garota,
Ou por ser minha amiga...

Era só pelo
Meu medo?
Minhas inseguranças?
As águas passadas?

"Se não deu certo, é porquê não era para dar."

Será que... É realmente isso?

Affection (Ronance/Ronancy).Onde histórias criam vida. Descubra agora