Por quê?

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O relógio de casa começou a soar, eram dez da manhã. Como eu poderia ter dormido tanto assim? 

Eu olhei ao meu redor, como se estivesse faltando algo e realmente estava. Robin não estava mais ao meu lado, parecia que ela havia saído de casa.

Eu me hesitei em levantar por um ou dois minutos, mas finalmente me levantei e quando observei o relógio, já era dez e cinco. Era surpreendente a forma que as horas estavam voando, literalmente.

Olhei ao redor mais uma vez, procurando Robin. Caminhei até a porta de entrada e quando a abri, lá estava ela.

Sentada na calçada, observando os carros passarem, que alívio. Suspirei fundo e me sentei ao seu lado.

— Bom dia! Robin. Bela manhã, não é? — Falei enquanto olhava para ela.

— Bom dia. É, concordo com você. Até pensei que você não fosse acordar hoje.

Gargalhei ainda olhando para ela. — Finais de semana eu costumo dormir até mais tarde, o trabalho é cansativo. 

— Tenho que concordar, trabalhar ultimamente vem sendo difícil também. É quase impossível com o Steve paquerando qualquer mulher que aparece por lá. — Ela disse sorrindo e balançando a cabeça em negação.

— Na sorveteria era do mesmo jeito, não era?

— Exatamente! Eu saio da sorveteria, mas ela não sai de mim. Parece que o Steve só procura emprego para dar em cima de mulheres.

— Não dá para negar, é engraçado ele falhando miseravelmente em todas as tentativas.

— É, você tá certa. — Robin riu, e eu me senti tão feliz. — Aliás, você dormiu bem? 

— Melhor impossível. E você?

— Diria que sim. Quando acordei, estava quase caindo do... seu colo.

— É. — Senti meu rosto esquentar como um forno.

— Mas, bem. Isso acontece sempre que tô dormindo! Dá última vez, quando acordei, eu estava quase debaixo da cama...

— Isso é bem questionável. — Eu sorri de canto, enquanto me levantava — Vem! Vou preparar algo para gente comer e te levo em casa, tudo bem?

— Por mim, tudo bem.

Robin se levantou e veio atrás de mim em seguida. Entramos em casa e eu já fui rapidamente a cozinha, eu tinha algumas coisas para fazer e não queria me atrasar, e certamente ela tinha também.

Abri o armário, pegando uma caixa de ‘waffles’. Em seguida fui em direção a geladeira, pegando algumas coisas que seriam para a massa de panqueca. 

Peguei a máquina de ‘waffles’ e coloquei os mesmos dentro, e enquanto eles esquentavam, preparei a massa de panqueca.

— Você é rápida. — Disse Robin, sentada na mesa com a cabeça deitada.

— Obrigada.

Peguei uma frigideira e coloquei a massa das panquecas. 

Enquanto isso, Robin parecia inquieta, qualquer coisa que ela observasse pela frente era um motivo para ela mexer.

— Nancy... Tá tudo bem? Você tá meio estranha hoje. — Ela disse, enquanto mexia nos talheres sobre a mesa.

— Ah? Tá tudo bem, eu acho. Só tô... Meio cansada. 

— Não parece. — Robin bufou. — Você tá meio... Não sei descrever.

— Se você nem sabe dizer o que tem de errado comigo, é porquê não tem nada de errado. — Falei me virando, com as panquecas prontas, colocadas em uma pilha sobre o prato. 

Peguei os ‘waffles’ que já estavam prontos e coloquei ao lado da pequena pilha de panquecas. 

— Prontinho.

— Cozinheira profissional, né?

— São só panquecas, Robin. — Coloquei o prato na mesa, em frente a Robin. — Aprecie.

— Pode apostar, madame.

Quebra de tempo, duas horas se passaram.

Cheguei em casa, extremamente cansada. Subi as escadas e entrei no meu quarto logo me jogando na cama. Meu coração estava mil por hora e minha cabeça explodindo de tantos pensamentos intrusivos.

Que ódio!
Desde a noite passada eu não conseguia tirar Robin da minha cabeça. Provavelmente devido à declaração.

Que idiotice!
Nós somos apenas amigas. Não é?

É... Somos. E por um motivo, isso me incomodava, muito. 
Até demais, na verdade.

Eu sentia que, talvez, eu queria ser mais que uma amiga para Robin e por quê?

Eu nunca havia sentido nada por garotas, não que eu saiba.
Então, essa seria minha primeira vez?

Não! Claro que não.
Eu só estou confusa, é isso. Por eu nunca ter sentido, estou começando a criar coisas na minha cabeça.

Ou talvez não.
Bem, eu nunca fui ótima em expressar o que sinto, e nem em entender. Mas, eu conhecia alguém que era incrível nisso.

De todas as pessoas que eu cogitei pedir conselhos amorosos, meu ex namorado, Steve Harrington definitivamente não era uma delas.

Affection (Ronance/Ronancy).Onde histórias criam vida. Descubra agora