Bem vinda ao inferno

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A detetive só podia está louca.
Ela estava seguindo com uma investigação pouco urgente da Ada quando encontrou Akutagawa, o integrante da máfia que se tornou seu rival direto após diversas lutas e a aberta intenção dele de se provar mais forte para Dazai.
Não sabia o que tinha passado por sua cabeça, mas só podia ser insanidade.
O mafioso abriu a porta e os dois entraram na casa dele em silêncio.
Era um apartamento normal, com os moveis em tons neutros, limpo e organizado. Ela não sabia o que esperava, mas com certeza não esperava isso.
Já estivera na casa de Dazai e se resumia a um colchão no chão, livros empilhados e bagunça espalhada por todo canto.
Já o apartamento que Atsushi e Kyouka dividiam era relativamente limpo e organizado, mas não como aquele.
No de Akutagawa parecia que ninguém morava ali.
O usuário da habilidade Rashomon tirou seu sobretudo preto úmido e o pendurou em um cabide ao lado da porta.
--Você está molhada? - ele perguntou quebrando o silencio. A detetive se lembrou do corpo dele pressionando o dela contra a parede quando a beijou e sentiu suas costas molhadas.
--Não precisa se preocupar - ela falou com os braços cruzados. Ele não tinha trancado a porta e ela não tinha o que temer, qualquer sinal de perigo ela pararia o tempo e só deixaria voltar a passar quando estivesse bem longe.
--Vou pegar o quite de primeiros socorros e pego uma roupa da Gin para você, ela não vai se importar.
Assentiu em silêncio e o observou se afastar, entrando em um corredor.
Akemi não sabia quem era Gin, mas não ia perguntar. Só esperava que não fosse namorada dele, ou ia ficar ainda mais estranho terem se beijado a minutos atrás...
A detetive começava a ouvir sua voz da consciência, personificada por um Kunikida irritado, falando e ralhando sobre isso tudo ser um erro, ser loucura e ser perigoso.
Agora era ver onde iria dar. Já estava ali e, para falar a verdade, estava curiosa.
Já conhecia Akutagawa a um tempo, mas nunca tinha visto esse lado humano dele, apenas o cão da máfia do porto.
--Aqui - ele falou voltando para a sala com uma maleta branca em uma mão e um tecido amarelo em outra --Acho melhor ver logo como está esse corte, depois você se seca e as troca.
Ela concordou com a cabeça.
Rynossuke levantou seu olhar encontrando o dela por um minuto, ele parecia tentar ler-la mas logo desistiu.
--Senta aqui, Akemi.
Ela se sentou em um banquinho alto na frente do balcão que separava a sala da cozinha e ele veio com o quite de primeiros socorros.
--Consegue tirar seu casaco ou devo cortar?-  ele perguntou mexendo na maleta branca.
--Consigo tirar.
Ela se levantou, desabotoando seu casaco preto e o tirando devagar para não magoar o ferimento, o apoiou no balcão ao lado.
Voltando a se sentar, ela abriu os primeiros botões de sua camisa branca, a puxando para o lado para liberar o ombro ferido.
O mafioso não conseguiu evitar observar a pele exposta da garota por um momento, então, balançando a cabeça para se concentrar, ele levantou e andou até a mesma.
Ele o limpou o ferimento e a detetive aguentou o ardor em silêncio, em seguida ele pegou uma agulha e linhas próprias para dar alguns pontos, ele já tinha muita experiência em cuidar dos seus próprios machucados e os de Gin.
Segurando seu ombro com uma mão, ele deu o primeiro ponto cuidadosamente e ela reprimiu um gemido de dor, fechando os olhos.
--Agora eu entendi, você me trouxe aqui para me torturar.
--Cala a boca - Akutagawa falou --Está me desconcentrando. Você é o único demônio sádico daqui.
Ela riu baixo e ofegou de dor em seguida, o mafioso apertou mais forte seu ombro para mante-la parada. Logo ele terminou de dar os pontos, limpou mais uma vez e fez um curativo.
--Olha - ela admirou o resultado --Se um dia você cansar da Máfia do Porto, pode arranjar um estágio com Yosano.
O usuário do Rashomon voltou a guardar tudo na maleta de primeiros socorros e a fechou, com uma expressão tranquila.
--Não acho que minha habilidade seja útil para algo além de matar.
A detetive apoiou o queixo em suas mãos, o observando avaliativa.
--Você já tentou usar ela para outra coisa? - o moreno se virou para ela, a observando com curiosidade --Nossas habilidades são só ferramentas, nós é que decidimos como utilizar.
Ele deu de ombros. Tinha tirado seu sobretudo preto e vestia a camisa branca que usava por baixo, a detetive lembrou dos seus dedos deslizando por baixo do tecido fino.
--Pessoas como eu só servem para isso - ele cruzou os braços --Só assim nossas vidas tem um proposito.
Olhou para o moreno o enxergando talvez pela primeira vez.
--Por que você diz isso?- ela sussurrou --O que fizeram com você, Akutagawa?
O mafioso colocou sua mão no rosto escondendo sua expressão e se levantou rápido demais, parecendo desconcertado.
--Devia trocar de roupa e ir para sua agência - falou desviando o olhar e levantando um muro mais alto entre eles --Bata a porta quando sair, mulher do tempo.
A detetive observou ele se afastar, querendo impedi-lo, mas não se moveu.
Ele entrou no que deveria ser seu quarto e fechou a porta.
Após trocar de roupa, ela achou papel e caneta em uma gaveta na sala e deixou um recado:

"Obrigada por ter me remendado.
Espero vê-lo novamente, diabo, mesmo que no inferno.

Ass: Demônio sádico."

Notas da autora:

Capítulo pequeno, mas o próximo compensa.

Meu melhor inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora