Apesar de toda a tensão de Shivani, ela conseguiu ir até a varanda, sem demonstrar a Jungkook o que realmente sentia.Ao chegarem lá, ela permaneceu de pé, à espera dele começar a dizer o que realmente teria a tratar com ela.
- Você não quer se sentar? - ele pergunta tranquilo.
- Hã...tudo bem.
Ela segue até o extenso sofá disposto no local, que fica embaixo de uma grande tenda com adornos e estampas indianas. Ela costumava se sentir bem a vontade naquele lugar, e sempre que visitava a casa, esse era o lugar preferido dela, e assim fez dele um lugar especial pra si. Mas agora, na presença de Jungkook, ela se sentia insegura. Como se toda a magia que ela costumava atribuir ao local, não estivesse presente naquele momento.
Sentada com o corpo totalmente ereto, ela se esforçava para transparecer uma calma, que não estava realmente presente consigo.
Ela evitou olhar diretamente pra ele, mas com sua demora em iniciar o assunto, ela ficou sem opções de objetos para encarar.
- Você não vai se sentar também? - ela o questiona.
- Não. Estou bem assim, e pretendo ser breve. - reponde simples.
- Tudo bem. - ela tenta parecer igualmente tranquila.
- Bom...- ele pigarreia. - Eu só queria deixar algumas coisas claras, para que ambos possamos tirar o maior proveito desse casamento.
- Certo...- ela diz confusa.
- Olha, pra você, e para as mulheres da sua cultura, esse tipo de casamento pode ser bem comum, mas aqui as coisas são diferentes, e não é comum nos atermos a esse tipo de relação por conveniência. - ele prossegue.
- Entendo...
Porém, ela não entendia muito bem. Se não era algo que estava na cultura dele, e se ele não tinha realmente um motivo para acatar a esse casamento, então por que o havia feito?
- O que eu quero deixar bem explícito é que.. - ele começa a ficar nervoso com a continuação do assunto. Não queria que com apenas um dia de casado, ela corresse para seu pai, e dissesse que ele não seria realmente seu marido, e colocasse todo seu plano risco. Suas mãos suavam, mas ele tinha que continuar, e ser o mais claro possível. - esse não será um casamento como todos os outros.
Ela o encara confusa, mas não diz nada, apenas permite que ele continue.
- Eu só quero que você entenda que não precisa evitar a minha presença, não precisa agir como se eu fosse alguém que devesse temer, ou mesmo um tirano opressor.
Apesar da seriedade de suas palavras, Shivani teve vontade de rir, pois ele parecia saber exatamente o que se passa em sua mente. Então apenas morde o lábio, para evitar a falta de decoro. Afinal, ela não conhecia o homem parado à sua frente.
- Simplificando tudo, eu quero que você se sinta uma mulher livre, apesar de estar casada comigo.
Agora ela não consegui conter a surpresa em seu semblante.
- Como assim? O que quer dizer?
- Quero dizer que...- ele se aproxima dela, e se senta ao seu lado no sofá. - Você tem a liberdade de ser como quiser, e fazer o que quiser. Como sempre quis, sem ter alguém para controlar seus passos, ou até dar satisfação.
Ela ouve tudo aquilo sem conseguir acreditar que, seu marido, aquele a quem sempre foi ensinada a ter total obediência, lhe daria realmente essa liberdade.
- Eu não sei se consigo entender direito o que você está propondo. - ela afirma ainda perdida nas palavras dele.
- Bem, não é muito difícil entender. Nós teremos um casamento, mas ele não será um casamento de verdade. Pelo menos não aqui dentro dessa casa. - ele enfim solta o que tanto temia dizer.
Mas ela não conseguia acreditar que aquilo era mesmo real. O homem a quem foi entregue por seu pai, para ter uma vida de submissão, estava lhe propondo um casamento falso? Como isso poderia ser verdade?
- Eu não entendo o porquê disso tudo. - ela diz incrédula.
- Eu cedi a pressão do meu pai para me casar e fazer uma aliança com sua família, apenas por questões de negócios, e lamento ter te envolvido nisso. Mas eu não tinha outra alternativa para me livrar disso. Porém, depois de pensar um pouco mais sobre isso, acho que também pode ser uma vantagem pra você. Seguiremos como um casal feliz e estável, mostrando a todos como estamos dando certo, mas entre essas paredes, nossa realidade será outra. Quero que você seja livre, aproveitando as oportunidades que lhe surgirem, que faça as coisas que sempre quis fazer, sem sofrer nenhuma represália ou pressão, mas mantendo as aparências do que for fortuito para nós dois.
Ela ouve tudo com muita atenção, e pondera cuidadosamente suas palavras, e só então cria coragem para poder perguntar.
- Então nós não...- ela ainda se sente reticente.
- Diga?
- Nós não precisaremos dividir o quarto, nem dormir juntos? - conclui envergonhada. - Nunca?
Ele ri timidamente de sua pergunta, e isso só o leva a crer que ela entendeu bem que não precisa se preocupar com isso.
- Não, nunca. - afirma por fim. - Podemos ter uma convivência pacífica, e só precisamos interagir se realmente for necessário. Quero que saiba que também não será obrigada a isso. Mas...- ele para alguns instantes antes de continuar. - Nos eventos públicos, festas da empresa e aparições na mídia, precisaremos parecer um casal estável e feliz. Você consegue fazer isso?
O sorriso que Shivani exibe é tão largo, que ele não consegue entender como ele pode caber em seu rosto. Mas logo ele se desfaz, e a seriedade toma conta dela.
- Você jura que isso é verdade? Eu posso mesmo fazer tudo o que eu sempre quis? Como cursar faculdade, ter amigas, e até sair com elas ou mesmo desacompanhada?
- Claro que sim! Tudo o que você quiser. Mas deve se manter fora de escândalos, ou de exposições exorbitantes na mídia. Precisaremos manter as aparências.
- Tudo bem. - ela volta a sorrir largamente.
- Então temos um acordo? - ele estende sua mão pra ela, e ela a encara por alguns instantes antes de selar por fim, o maior acordo de suas vidas.
- Sim, com toda a certeza. - ela aperta firme a mão dele.
Ela jamais achou que um dia faria um acordo com alguém, muito menos com um homem, quem dirá com seu próprio marido. Ainda mais algo que nem em seu maior devaneio, sonharia em poder alcançar: a total liberdade e controle sobre a própria vida.
Shivani se sentia feliz, agraciada com a maior das alegrias que o destino poderia lhe proporcionar. Um marido que lhe dera um futuro de grandes oportunidades, um homem que não a faria apenas uma esposa, e sim uma semelhante, uma mulher com um vasto futuro pela frente. Não apenas uma parceira de cama, e progenitora de seus herdeiros. Ela jamais teria seu corpo violado por um homem que ela não permitisse, e não seria cobrada a ter um filho homem para dar seguimento a uma linhagem egoísta e ambiciosa.
Com apenas um dia de casada, ela já ousava pensar que não teria em vida alguma, um casamento com um marido tão perfeito pra ela.
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Moonlight (Jikook) {Concluída}
Fanfiction¡¡¡Atenção leitores, Moonligth é uma continuação de Moon!!!! Jungkook não tinha ideia de que "Mesmo que dois corações estejam destinados a ficarem juntos, nem sempre é quando se quer, e sim no tempo certo", assim, deu como encerrado o tempo do seu...