8 - Mansões tem paredes...

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Estava obcecado.

Bastou encará-lo por uma aula inteira de pintura para perceber que seus pensamentos estavam todos condenados pelo resto da eternidade. Era o homem mais fascinante que havia entrado em contato durante sua breve existência, e só lembrar da visão privilegiada que teve durante a aula, que era composta por sua postura ereta, seus cabelos caindo ao redor do rosto e emoldurando aquela obra de arte de carne, osso e linhas perigosas, as mãos delicadas segurando o pincel e a paleta de tinta, o pescoço exposto, o peito subindo e descendo cada vez que suspirava, concentrado...

Hwang Hyunjin era a primeira pessoa que conhecia que parecia inabalável pelo fato de Christopher ser famoso, ser um idol de k-pop que teoricamente encantava todos que olhavam para si. Não sabia decifrá-lo. O que ele pensava de si? Era simpático consigo, mas ele também era simpático com Felix, até bastante carinhoso. Sua simpatia não dizia nada sobre sua opinião sobre Christopher.

Queria muito segui-lo nas redes sociais, mas é óbvio que não podia. Bang Chan não seguia ninguém, só o perfil de sua empresa e seu empresário, Han Jisung. Sempre fora a melhor escolha, para deixar o público longe de sua vida pessoal e não ter nenhuma chance de especular. Mas... como iria mostrar a Hyunjin que estava interessado?

Porque estava interessado. Muito. Perigosamente, indevidamente. E precisava descobrir qual era seu status de relacionamento, e se ele... se interessava por homens. Era impossível decifrá-lo até nesse sentido. E só encontrava ele uma vez na semana, agora nas aulas de pintura. Teria de esperar dias intermináveis para interagirem, e aquilo iria enlouquecê-lo aos poucos. Pelo menos tinha tanto trabalho naquela preparação para o comeback mais estressante de sua vida que iria ocupar a mente e o tempo talvez passasse mais rápido.

➮➮➮

Já fazia uma hora que estava acordado, em seu escritório no segundo andar da mansão envolta em neblina. Tinha muita neblina ali, porque a casa se localizava em uma parte elevada de Seul, e achava que a natureza que envolvia a construção influenciava por conta da umidade ou seja lá o que fosse. Seis da manhã, a caneca de café forte e fumegante em mãos enquanto ele encarava seu belo jardim lá embaixo, pelo vidro de cortinas elevadas. Era um jardim incrível, com uma corrente de água que descia a encosta até o início da entrada da propriedade. Com árvores e arbustos perfeitamente podados e um caminho de pedras com degraus planos, largos e baixos, era o lugar perfeito para meditar quando precisava. Talvez devesse se vestir e circular por ali um pouco antes de Han chegar para irem juntos para a empresa, afinal, na manhã seguinte iria ter mais uma aula de artes, e aquilo estava tirando seu sono mais do que o comeback. Precisava relaxar. Precisava se acalmar para não transparecer o nervosismo e a ansiedade que estava sentindo. Achava que havia feito um bom trabalho na primeira aula, na semana que havia passado, mas agora que já tinha observado Hyunjin em ação, decorado todos os seus detalhes físicos enquanto pintava, estava muito mais inquieto à respeito daquelas aulas.

Ajeitou seu roupão favorito, macio e preto, em volta do tronco, e sentou na escrivaninha, uma grande e pesada mesa de madeira escura posicionada de frente para as janelas. Abriu a gaveta, decidindo procurar alguns documentos que o empresário havia pedido para ele separar. Por entre as pastas cheias de papéis, encontrou uma pasta com o logotipo do escritório de arquitetura que havia construído sua casa.

Hwang. O nome do escritório era Hwang.

Arregalou os olhos, pegando a pasta e abrindo para folhear o caderno que explicava a história da empresa e seus melhores projetos, como aquela mansão impressionante que estava morando. Havia fotos dos arquitetos, um casal elegante, muito bonito, e em uma das fotos... Hyunjin. Ele estava ali, era filho deles. Os pais de Hyunjin haviam construído sua casa e ele só percebera agora.

Rua dos Solitários | changlix / hyunchanWhere stories live. Discover now