Um rei solitário encontra um pássaro ferido.

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Desde já agradeço pela sua atenção e peço, antecipadamente, desculpas por qualquer erro aqui cometido.







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  Fazia um bom tempo aquele dia. Haviam poucas nuvens no céu e a temperatura estava agradável. As poucas flores abertas do jardim ainda lutavam contra o entardecer para se manterem um pouco mais a fim de alimentarem-se da fraca luz do sol do final do outono. Várias árvores já haviam desfeito-se de suas folhas para que pudessem guardar suas energias para o rigoroso inverno de todos os anos e até mesmo os animais já corriam para suas tocas e ninhos, pois apesar de a tarde estar agradável, as noites ainda podiam ser bastante frias.
  No jardim do palácio, onde pouquíssimas pessoas eram permitidas -apenas os jardineiros e o próprio rei-, passos calmos podiam ser ouvidos se se prestasse atenção suficiente. E se se prestasse ainda mais atenção, poderia-se perceber que eram passos de alguém que nada mais podia fazer além de caminhar. Passos de alguém que já não tinha pressa de chegar a lugar algum.
  O rei estava, como todos os dias, sozinho com seus pensamentos e amarguras, caminhando pelo jardim do palácio ao entardecer. Quem o visse de longe pensaria que ele estava apenas irritado, pois sua face transmitia essa sensação, mas se a devida atenção fosse prestada poderiam até dizer que ele estava triste. E de fato o rei não se encontrava em grandes alegrias ou sequer alegria alguma. Ele sentia-se vazio por dentro, como um jarro de água seco. Nada mais lhe inspirava admiração, ansiedade ou sequer interesse real e o rei apenas vivia sua vida com monotonia, solitário.
  De repente um alto estrondo foi ouvido, como se algo grande tivesse batido contra uma árvore e quebrado alguns galhos, atraindo a total atenção do rei e o fazendo apressar-se para o local do ruído. E quando chegou, o rei viu a origem do barulho caído aos pés da árvore, totalmente sem roupas e com o braço direito ensanguentado. Ali, caído no chão com galhos quebrados ao seu redor, havia um homem de pele levemente bronzeada, revoltosos cabelos laranjas e aparência jovial.
  O rei, tomado por preocupação quanto ao ferimento, aproximou-se alguns passos e o homem caído abriu os olhos, encarando as orbes azuis com certo desespero e conseguindo sussurrar, com esforço, um pedido de socorro antes de desmaiar por completo. E quando o rei abaixou-se para ajudá-lo, notou que haviam penas enormes e de coloração laranja e negra caídas ao redor do homem e que refletiam a luz do sol com um brilho intenso. Aquela fora a primeira vez em muito tempo que o rei sentia-se curioso de verdade sobre algo. Ele estava curioso sobre quem era aquele homem, sobre como havia parado ali e de onde vinha aquela estranha sensação que o envolvera quando teve as orbes cor de mel lhe fitando.
  Contudo, por mais curiosidade que tivesse, o rei logo tratou de tirar a capa que o cobria e envolveu o corpo desnudo, pegando-o com cuidado por conta do ferimento e constatando que o estranho era bastante leve, mesmo para o tamanho diminuto, então o levou para dentro do palácio. E logo que passou com o homem pelas portas que davam acesso ao jardim, os empregados olharam surpresos em sua direção e foram ao seu auxílio. O rei mandou que lavassem o corpo do estranho e tratassem de sua ferida enquanto os outros empregados arrumavam um quarto para o homem e também algo para ele comer e beber quando acordasse. E assim que delegou tudo para os empregados, o rei retirou-se para seu quarto e pediu para ser avisado quando o jantar estivesse pronto. E enquanto o rei ocupava-se com seus pensamentos, os empregados que haviam sido designados a cuidar do homem e limpar seu corpo e machucados já terminavam seu serviço e colocavam-no sobre a cama preparada, cobrindo-o até acima do peito antes de deixar o cômodo.
  Apenas após algumas horas é que o rei saiu de seu aposento, caminhando calmamente pelos corredores do palácio na direção da mesa de jantar, onde sentou-se e desfrutou da comida com igual calma, bebendo o doce e delicioso vinho tinto lentamente. E assim que satisfeito, o rei levantou-se e voltou a caminhar, dessa vez em direção ao quarto onde o estranho homem repousava.
  O rei aproximou-se da cama e olhou o homem com atenção, vendo que ele parecia ainda mais jovem agora que estava limpo. "Não parece ser tão mais novo do que eu", o rei pensou ao analisar as feições um pouco delicadas e levou a mão aos cabelos ruivos, tocando com leveza e sentindo uma maciez incomum na ponta de seus dedos.

  -Quem é você? -O rei indagou baixo enquanto olhava para a plácida face adormecida e logo desceu o olhar para o braço enfaixado. -Como veio parar aqui? -Indagou no mesmo tom e suspirou, vendo que a lua já se mostrava no céu quando as inúmeras nuvens permitiam, completamente diferente daquele dia inteiro quando o céu estava quase tão límpido como no verão.

  O rei, então, sabendo que precisava descansar para a manhã seguinte, retirou-se do cômodo e deixou o estranho sozinho enquanto direcionava-se para seu próprio aposento, onde tentaria, por mais uma noite, dormir, desejando que a insônia fosse embora e que pudesse descansar o corpo e mente exaustos finalmente.













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Novamente agradeço pela sua atenção e peço desculpas por qualquer erro aqui cometido.

O Rei Tirano e o Pássaro do Sol - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora