Cena 5

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Artur corria em direção do uivo
O barulho parecia lhe dar calafrios
Mas ele não podia fraquejar
Não

Ele teria de usar suas novas habilidades
Eram sua única vantagem
Em velocidade eles seriam equivalentes
Em força ele perderia
E diferente de Natalia
Ulisses se regenerava tão rápido quanto ele

Ele estava se aproximando
Conseguia escutar os passos pesados de Ulisses
Correndo no chão da floresta
Para onde ele estava indo?

Oh merda....
Ele falou para si

Ele se lembrou da direção que ele seguia
Ele estava indo para a cidade
O que ele iria querer lá?
Fosse o que fosse ele teria que o impedir

Ele tentou focar sua mente
Ele precisava correr mais rápido
Ainda estava correndo como um humano comum
Mesmo sabendo que era capaz de mais

Sua mente estava turva demais
Mas aos poucos foi se focando
Em uma especifica memoria
O dia na floresta com Natalia e os outros
Ele procurou sentir aquele medo novamente

Se lembrou dos sirilians o atacando
Do ataque dos Kanygos
De ter que se esconder para sobreviver

Como uma droga a adrenalina invade seu corpo
Percorrendo todo ele
Da cabeça ao tronco
E de lá para seus membros

Suas passadas começaram a ficar mais rápidas
Seu coração batia rápido
Como uma locomotiva ele corria
Forte e num ritmo constante

A velocidade deles era excepcional
Não demorou muito para que a floresta acabasse
E Artur já perseguisse Ulisses pelas ruas

As ruas estavam um pouco vazias
Mas alguns carros e pedestres
Ainda se viam passando

O grande lobo atravessou a larga rua
Pulando por cima do carro que estava a passar
E que freia bruscamente com o motorista assustado
Não muito atrás
Vinha Artur correndo mais rápido que qualquer homem normal
E também salta por cima do carro
Com a facilidade de um atleta olímpico

Algumas pessoas veem os dois a correr
Vendo Artur gritar para que Ulisses parasse
Sem nenhuma resposta
Ou sem qualquer razão vinda da parte dele

Eles entram nos becos entre os prédios
Ulisses diminui um pouco o ritmo
E começa a farejar o ambiente
Enquanto ainda se perde por entre os prédios

Artur o perde de vista
Ele continua a andar pelos becos
Aquilo parecia um labirinto
Ele não sabia onde estava Ulisses
Nem sequer onde estava mais

Gritos se ouvem não muito longe
Artur segue a direção deles
Saindo dos becos e correndo pela rua mesmo
Ele não se importava em ser reconhecido
Ulisses precisava ser parado

Várias pessoas corriam na direção contrária
Gritando assustadas
Ele estava no caminho certo

Encontrou Ulisses em frente a uma boate
Provavelmente quem correra dele
Estava na fila agora vazia
Quando chegou
Ainda conseguiu ver o segurança correndo para dentro

Ulisses!
Ele gritou para a fera

Dessa vez ele olhou de volta
Ele rosnava
A saliva saltando pelo focinho
Os olhos brilhavam em dourado

Artur por sua vez
Estava com o coração a mil
Ele sabia que teria de lutar
As suas mãos e pernas tremiam
Ele não estava nem um pouco afim
De testar até onde ia sua imortalidade

A fera dispara em sua direção
Ele fechou os olhos por um segundo
Buscando dentro de si
Tirar toda sua capacidade

Focou nos pesadelos
Que até então escondia de Ulisses
Reviu todo o sangue
E toda carnificina que imaginava

Eles já estavam a dois metros de distância
Quando Artur abriu os olhos
Eles estavam em vermelho vivo

A névoa começa ao seu redor
O clima mudou a sua volta
A umidade no ar
Caia já como flocos de neve

Tudo se passou
Em apenas um único segundo
Mas em sua percepção
Pareciam vários minutos

Ulisses salta para cima
O enorme braço direito estendido
Preparado pra golpear o amigo
As garras cortando o ar

Artur não demonstra medo
Sequer qualquer outra emoção
Apenas a pura apatia em sua face

Ele virá para a esquerda e a frente
Ergue os dois braços
E com as mãos segura o braço direito de Ulisses
O impacto ainda é severo
Sendo sentido por todo seu corpo
Fazendo o quase cair de joelhos com as pernas arqueadas

A fera continua a forçar o braço
Artur continua a segurar com dificuldade
Que só aumentava

Algo porém começou a ocorrer
Gelo começa a cercar o braço da fera
Saia pelas mãos de Artur
E ia cercando o braço em um bloco de gelo

Ulisses não conseguia mais mover o braço
Agora totalmente cercado de gelo
O gelo não era só frio
Ele parecia crescer para dentro dos músculos
Congelando até mesmo seu sangue

O bloco continuava a crescer por seu braço
Já chegando no ombro
Ele então com o braço esquerdo
Segura o braço direito de Artur

E o puxa de uma só vez
Arrancando ele do corpo de seu amigo
O sangue jorrando por sua face
O braço voando longe

Com a dor imensa
Ele larga a outra mão do braço de Ulisses
Caindo no chão ajoelhado
A mão pobremente tentando segurar o sangramento

Distraído não viu
Quando a perna da fera veio em sua direção
O atinge em cheio
Jogando na parede de um prédio

A dor era enorme
E só aumentava
O impacto em suas costas
Fora grande ao ponto de rachar a parede que atingirá

Ele estava começando a apagar
A visão turva
Só viu a fera andando lentamente para perto dele
Seria esse seu fim?

Mas antes de apagar completamente
Ele viu Ulisses caindo
E uma sombra atrás dele
Com a mão esticada

Ele ouviu ela dizer
Então foram esses os filhos da puta
Que atrapalharam meu show?
Leve eles pra dentro!

Depois disso
Sua mente apagou
E ele não viu ou ouviu mais nada

O Uivo dos lobos - Exílio Onde histórias criam vida. Descubra agora