1. Destino - Sentimentos Reprimidos

Capítulo 12

Scott narrando

A manhã passa tranquilamente. Sara não apareceu na aula, então pude ser poupado de uma possível desavença com ela. Me volto para o apartamento juntamente a Adrian.

Adrian: Você não deveria estar feliz agora que não ficará sem moradia?- Ele questiona.

Scott: Eu deveria estar feliz? Indo morar com a mesma pessoa que me deixou para trás?

Adrian: Vocês deveriam resolver isso logo.- Ele diz, desistindo de dar continuidade a este assunto.

Sem estender qualquer outro assunto, apenas vou para o quarto. Será uma longa noite. É hora de me preparar para este encontro. Vou até o banheiro e entro de baixo da água quente, deixando-a correr por meu corpo enquanto penso em tudo que está por vir. É inevitável, tudo aquilo que optei por esquecer está vindo a tona novamente. Mas precisamos mesmo falar sobre o passado? Ou apenas esquece-lo e tentar viver uma vida normal? Será que conseguiria seguir em frente sem ao menos saber a verdade? Não sei como será, mas vou tentar, preciso ao menos tentar. Saio do banho e me volto para o quarto, indo até o guarda roupas, pego uma calça jogger preta e um moletom. Nada muito formal, além do que, normalmente estaria com minhas calças de moletom mas por ser um dia único é melhor estar mais apresentável. Estando quase pronto, falta apenas o perfume. Agora poderei ir. Vou até a cozinha a procura de Adrian, que não esta ali. Vou até o quarto e ele claramente está se divertindo com alguma garota, como sempre. Pego meus pertences e os levo para o carro. Já sentado sobre o banco de couro do carro, miro o retrovisor na direção dos meus olhos, respiro fundo e está na hora de ir e enfrentar isso. Vamos lá Scott, você vai passar por mais essa. Ligo o carro e vou até uma locadora de carros, onde Dulcie e Madson estão. Chegando lá, Madson logo me avista.

Madson: Scott! - Ela grita meu nome assim que saio do carro, ela vem até mim me abraçando.

Scott: Também senti sua falta.

Madson: Não acredito em como você está ainda mais bonito pessoalmente. Senti tanto a sua falta.- Ela diz, afastando-se do abraço e me analisando. 

Scott: Faz muito tempo, você também não está nada mau.- Digo com um sorriso no rosto. É bom vê-la depois de tanto tempo.

Dulcie: Scott.- Outra voz feminina soa ao meu lado e então me viro para encarar a mulher que me abandonou. Não consigo evitar sentir uma profunda tristeza mas disfarço tais sentimentos tão bem que elas não poderiam notar.

Scott: Dulcie...Como vai?- Tento parece o mais normal possível, escondendo qualquer sentimento que queira aparecer. Ela sorri com uma expressão triste nos olhos.

Dulcie: Você pode me chamar de mãe, eu ainda sou essa mulher.

Scott: Não vamos apressar as coisas, lembra?

Dulcie: Tudo bem. Você está tão bonito, bem como me lembro.- Ela diz avançando sua mão em minha direção, mas para no caminho, certamente este não é o momento para ela acariciar minhas bochechas, mesmo que esteja sendo sincera quanto ao arrependimento. Não poderei continuar se ela continuar agindo de tal maneira.

Scott: Vamos deixar as coisas fluírem naturalmente está bem? Não estou pronto para falar disso ainda.- Digo, sentindo um enorme medo surgir em meu peito. Talvez, saber a verdade possa ser doloroso de mais para dar conta agora.

Madson: Do que estão falando?- Ela pergunta parecendo ter se perdido em meio a conversa.

Scott: Vamos mudar de assunto...Essa sua amiga, onde ela mora?- Me volto para Dulcie.

Dulcie: Eu aluguei um carro, vamos?

Madson: Mãe, Scott já está de carro.- Ao dizer, Dulcie olha para trás, ficando quase boquiaberta.

Dulcie: Você ainda tem esse carro?- Ela pergunta.

Scott: Neste caso, seguirei logo atrás de vocês.- Digo, ignorando a pergunta.

Madson: Se soubéssemos, não teríamos alugado um.

Scott: É melhor que seja assim.- Digo, encarando Dulcie, que entende que preciso do meu espaço nesse momento.

Dulcie: Vamos então? Não queremos nos atrasar.

Dito isto, elas dirigem pela cidade enquanto as sigo. Elas entram em uma rua muito familiar, mas não me recordo quando já estive aqui. Elas param em frente a uma casa, bem pequena por sinal e, então lembro-me quando exatamente passei por esta rua. Com o carro parado ali em frente, jogo minha cabeça para trás em um sorriso incrédulo.

Scott: Só pode estar brincando.- Penso alto, frustrado com o que a vida me reservou.

Desço do carro, juntamente a Dulcie e Madson, caminhando até a porta. Uma mulher um tanto sorridente e simpática logo atende, encarando meu carro por alguns instantes antes de se voltar a mim. Espero que ela não se lembre daquele dia, sinto que estou ferrado.

Dayse: Dulcie!- Ela diz, abraçando-a.

Dulcie: Que saudades, como é bom te ver.-Elas se cumprimentam empolgadas enquanto apenas observo.

Dayse: Entrem.- Ela diz e todos entramos.

Dulcie: Esses são meus filhos, Madson a mais nova e Scott o mais velho, você lembra certo? - Ela nos apresenta.

Dayse: É um prazer finalmente conhecer vocês, também tenho uma filha, vocês vão adora-la.- Sem conseguir evitar, um sorriso discreto surge em meu rosto.

Não posso acreditar em onde estou agora. Olho para o lado na tentativa de que ninguém veja minha reação arrogante. Ao me virar me deparo com Lívia, parada, também me encarando. Este pesadelo está apenas no inicio. Lívia parece se recompor, vindo até nós.

Lívia: Eu sou a Lívia, é um prazer conhecer vocês.- Ela parece me ignorar enquanto tenta parecer gentil.

Dulcie: O prazer é nosso querida, como você é linda. Bem como sua mãe.- Elas sorriem entre si. Continuo apenas a encarar Lívia. Ela está me ignorando ou fingindo que não me conhece?