Bruno Rezende

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Eu sou Beatriz, pode me chamar de Bia. Conheço o Bruno há uns 4 anos e desde então somos amigos. Há, pelo menos, metade desse tempo, Bruno namora Beatrice. Sim, temos nomes muito parecidos. Isso faz com que eu seja a Bibi e ela seja 'a Bia' dos rolês.
Não é segredo pra ninguém que o Bruno ama mais a Beatrice do que ela a ele. E eu nem tô dizendo que ela não gosta dele, é só que ele é fascinado por ela num nível que beira a idiotice.
Sempre que eles discutem, Bruno me liga, eu passo para buscá-lo e passamos a noite em algum programa que recém-solteiros fazem. O problema é que ele continua namorando e, apesar de nunca ter rolado nada entre nós, sempre que vaza essas fotos dele nos rolês comigo sobra pra mim. "A vagabunda talarica que quer destruir brunice". Minha vida é um verdadeiro pagode.
E pra melhorar, tem o título de um pagode específico. Ces conhecem Lancinho da turma do pagode? Pois é.
A mulher deixa o idiota jogado lá, ele me liga, eu vou ajudar e depois eu saio como a errada. Sempre.
Até agora isso, no fundo, não me incomodava. Eu inclusive me divertia lendo os comentários que me acusavam de ser o pivô das brigas deles quando o que realmente acontecia era o Bruno implorando atenção e Beatrice dizendo que ele era dramático. Não que eu discorde dela, mas tá.
O problema começou quando de algumas semanas pra cá, a parte que faltava do pagode pareceu aflorar.
Num sábado à noite, Bruno me ligou dizendo que Bia tinha terminado com ele, me chamou pra um rolê e eu fui. Normalmente ele fica mal com as brigas mas naquele dia em especial, ele estava particularmente arrasado. Se eu agia normalmente como parca dele, nesse dia eu tive que ser carinhosa e fofa.
- Por que terminaram, Bru? - toquei seu ombro
- Ela disse que não conseguia mais sustentar essa vida. Deixou um bilhete falando que não queria mais. - abaixou a cabeça
Ele bebeu demais e ficou muito triste. Como eu não queria foto dele chorando rolando por aí, coloquei ele no carro e fomos pra minha casa porque ele não queria ir pra casa e não tê-la ali.
Chegamos em casa, ele tomou banho e eu lhe dei um café forte. O ajudei com a roupa de cama e ele se deitou na minha cama parecendo tão indefeso. Fazia mais de 2 anos que ele não deitava ali. Ele me olhou, seus olhos castanhos brilhando, suas pintinhas estavam avermelhadas pelo choro recente,  me olhava como se eu fosse a única que tinha o poder pra resolver o problema. Meu coração se encheu de algo que eu não sei. Me deu vontade de proteger ele de todo mal, inclusive dela, se fosse preciso.

Depois daquilo os dias correram normais, a não ser porque eu não conseguia esquecer a cena dele olhando pra mim como nunca olhou antes ou depois daquilo.

Cheguei ao treino dos meninos naquele dia, e encontrei Bruno na academia. Quando me viu, baixou a cabeça. Não entendi mas ok. Segui até a quadra, Lucas queria falar comigo.

- Big Luc, cheguei - disse fazendo graça para meu amigo
- Fala ae Bibi - aí outro que me chamava pelo apelido alternativo pq sua esposa também se chama Bia.
- O que você queria falar? - perguntei
- Espera aí. Vou só tomar um banho. Quando eu voltar, a gente conversa. - saiu andando para o vestiário.

Depois de mais de 40 minutos, Lucas voltou.

- Queria te contar algumas coisas
- Pois não - falei.
- Primeiro, refizeram os exames do ombro do Bruno anteontem, ele vai ficar bem. A fisio deu certo. - ele disse sério
- Ai,  Que bom - disse me alegrando. A lesão no ombro do Bruno já durava meses e ele estava apavorado com a possibilidade de deixar de jogar.
- Mas não é só isso. - prosseguiu - ontem a Beatrice apareceu - fez uma pausa e eu senti uma estaca no coração - eles reataram.
- Bruno vai receber atestado de idiota. - revirei os olhos e ele riu - Lucas, você acha que uma coisa tem relação com a outra? Tipo, ele machucado poderia não dar o status que ela queria... ou eu tô viajando? - olhei pra ele
- Só vou te responder duas palavras sobre isso - ele enumerou com os dois dedos - bilhete premiado.
Eu entendi. Era assim que ela o chamava. Ela dizia que ele era seu bilhete premiado, um golpe de sorte que o amor lhe tinha dado. Mas talvez ele fosse o bilhete premiado no sentido real da coisa.
Enfim, não tenho nada com isso.

3 semanas se passaram, 9 e 40 da noite, o celular toca, olho no visor "Capita". Droga!
Atendi.
- Oi, Bruno
- Oi, é... então, você quer sair?
- Vamo pra onde?
- Um lual na praia.
- Tá.
- Chego em 1h.

Fim da ligação.

Eu sabia que eles  tinham brigado de novo. Mas dessa vez era a última. Eu não ia ficar nisso pra sempre.

Quando chegamos ao lual, Bruno já foi logo falando  da briga recente e mais uma vez o mesmo motivo. Ele é carente.

Revirei os olhos sem que ele visse.
Dessa vez, ele era o motorista da noite, então eu bebi.

Não tava bêbada, mas já tinha pedido as papas na língua.

Tava andando na orla com ele quando vi um flash.
- É, mais uma semana sendo  atacada. - comentei baixo.
- Não é assim, Bibi - ele comentou parando distante de todos
- É claro que é assim, Bruno. Você é idiota ou se faz? Minha vida virou pagode agora. Toda semana é a mesma palhaçada. Você bate no peito pra dizer que ama a Beatrice mas ela te negligencia sempre e aí você me liga, sou eu que tenho que dar perdido nas pessoas quando tu não quer falar com ninguém. É tu  quem adora o proibido e depois eu que saio como errada, como a vagabunda. Você não faz ideia do que é ser isso porque apesar de ser você o idiota comprometido todo mundo ama você e fecha os olhos pro fato de que eu não te sequestro pra sair comigo. - desabafei de uma vez.
- Que pagode?
É sério que foi a única coisa que tu ouviu?
- Lancinho - respondi simples
Ele parou um pouco como se lembrasse da letra da música.
- É, faz sentido. Só tem uma parte que não combina, né? - coçou a nuca
- qual?
- a última frase antes do refrão.

Pensei, pensei... "quero você" era a frase.
- Só cala a boca, Bruno. Eu tô indo embora.
- Você gosta de mim?
Ele falou enquanto eu já estava indo longe
- Sim - disse simplesmente
- Mas, Bibi, eu tô com ela. Eu a amo.
- Você é um idiota, Bruno. Eu não tô pedindo que deixe ela. Eu tô quieta na minha. Só não posso me colocar nesse lugar. Só pensa se esse amor de vocês realmente é recíproco.
- como assim? - Ele segurou meu braço
- eu não sei. Ela te chama de bilhete premiado, Bruno - debochei
- É uma declaração bonita - comentou vermelho.
- É claro que é. Tanto que quando o bilhete parecia ter sido rasgado, ela descartou sem pensar 2x.
- Você está mentindo! Só porque é apaixonada por mim.
- Então tá, Bruno. Pense o que quiser.

Saí dali e nos meses seguintes não nos falamos direito. Eu ainda era amiga do Lucas e tinha ficado algumas vezes com o Lucarelli. Hoje ele me chamou pra ver o treino aberto. Eu fui. Ao chegar, já vi meus dois amigos e aquele 0 a esquerda do Bruno na rodinha conversando. Fui até lá.
- Bom dia, princesos - abracei o Lucas e dei um selinho no Lucarelli. - Oi, Bruno
- Bom dia, pretinha - disse o ponteiro
- Falae Bibi - Lucas cumprimentou
- Oi - disse o capitão.
Interrompendo aquele momento estranho, o peito soou.
Todos foram jogar e eu sentei pra ver.
O time titular meteu o sarrafo no reserva. Foi até rápido.
Quando acabou de tomar banho, Ricardo veio até mim e me abraçou. Ficamos nos beijando lá na arquibancada quando ouvimos a voz do capitão idiota
- Que pouca vergonha é essa?
- Beijo, nunca ouviu falar?- olhei pra ele com olhar mortal.
Lucas chegou
- Larga de ser idiota, Bruno. Deixa a Bibi em paz. Você não tá satisfeito com a nojentinha ? Então deixa ela ser feliz.
- Só acho que aqui não  é lugar de ficar se beijando e Beatrice e eu terminamos- ele retrucou
- ah agora eu entendi - Ricardo disse
- o interrompi
- nem vem dar uma de idiota. Agora que você percebeu que eu tinha razão sobre vocês. Quero que entenda só mais uma coisa.
Desci as arquibancadas de mãos dadas com Ricardo, cheguei bem em frente ao Bruno e completei
- Você perdeu, bilhete premiado - sorri em deboche e saí dali com o ponteiro que sorria largamente.
Ao longe só ouvi o Lucas comentar
- Você teve o que mereceu. Agora vamos embora.


Essa deveria ser uma história de amor. Mas meus pais não me tratavam como princesa em casa pra um cara vir me tratar como segunda opção. Eu não aceito isso, nem que esse cara seja o capitão gostoso da seleção brasileira. Ainda sinto algo por ele? Sim. Mas fico por aqui. E vou me curando na boca do ponteiro-passador mais gato do Brasil.














Heyyyyyy
Lancinho não sai da minha cabeça há dias.
Acabei tentando por pra fora aqui
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Beijinhos da Lu💜

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