Camila encarava Lauren por cima do ombro, não se atreveu a tocar a mulher, depois te quase ser empurrada para fora do banheiro. Michelle estava com a cabeça encostada no batente da porta, estranhamente ninguém parecia se atrever a entrar no local. Era um péssimo momento para se ouvir um "eu te amo", para as duas. Mas Camila se sentia um pouco eufórica com todo o ocorrido, já tinha se acostumado com pouco. Mas Lauren parecia se importar um pouco mais, ou estava apenas enganada.
"Você não vai dizer nada?" disse a latina, encarando o chão como se fosse a coisa mais interessante de toda a terra. Não era. Ela gostaria de levantar seus olhos castanhos e fixar-se nas orbes verdes esmeralda. Mas ao invés disso, apenas permaneceu como estava.
"Não." a mulher parecia extremamente irritada com toda a situação, Camila até poderia entender, mas não queria. Já havia apanhado bastante em seus antigos relacionamentos. Não deixaria mulher nenhuma entrar em sua vida e fazer uma bagunça.
"Certo." Karla passou pela porta, sem olhar para trás: os olhos fixos em algo que nem ela sabia o que era. Desistência.
Quando Camila chegou em casa, olhou ao redor, não se sentia mais tão confortável no local. Não era mais como se estivesse segura, nem como se alguém fosse chegar para salva-la da confusão que era sua vida medíocre. Não lhe restava nada, sem cabelos brancos ou negros, sem olhos verdes que a fizesse esquecer toda a amargura. Agora o que ela podia fazer era, deitar em sua cama e se lembrar. Mas decidiu que isso seria pior. Que seria tortura. Como ela poderia ter se deixado apaixonar por alguém como sua própria professora? Nem ela sabia responder tal pergunta. Mas naquela noite, Camila não se decidiu entre sair da faculdade e voltar para Cuba, ou só fingir que tudo o que aconteceu em oito meses era pura mentira: invenção. Ela chegou a conclusão que ambas decisões a fariam sofrer. Então que pelo menos se formasse, e talvez encontrasse uma garota legal no trabalho medíocre que teria.
A latina se jogou na cama, sentindo o cheiro de amaciante impregnado nas fronhas. A verdade era que Camila tinha medo de amar, medo de se entregar de novo. Todas as vezes que chegava perto demais, ou deixava alguém perto demais: era machucada. E isso valeria para cada um de seus malditos relacionamentos. Era evidente que tudo estava acabado entre ela e Lauren. Resolvera que se alguém fosse sair machucado: que não fosse ela.
Karla se virou entre os lençóis algumas vezes, sentindo seu corpo soar, mas sentia frio. Foi até o armário e pegou alguns cobertores. Estava muito frio. Mas a pele bronzeada continuava suada. De repente sentiu sua garganta arder quando engoliu sua saliva. Não sabia como, mas estava doente. O que para ela, seria apenas mais um dos motivos para não aparecer em suas aulas.
(...)
Camila não sabia quanto tempo estava deitada naquela cama, sem se levantar se quer para escovar seus dentes ou tomar banho. O que ela sabia é que haviam se passado dias: imaginou isso pois quando acordava, periodicamente, ou estava claro, ou escuro. Nunca acordava mais de uma vez com o dia em apenas um estado. Algumas de suas cartas foram jogadas para dentro por debaixo da porta, e algumas pessoas, ou a mesma pessoa, bateu algumas vezes na porta. Ela não atendeu. Decidiu que seus sonhos seriam seu melhor refúgio. E se manteve neles. Ela gostaria de escrever sobre alguns deles, em que ela estava sob flores, com alguém que se recusava em pensar. Guardava para os sonhos. Karla não estava só doente fisicamente, sentia sua alma suja. Deprimida. Não por ser negada e ter de negar seus próprios sentimentos, mas tudo que já havia passado. Claramente tudo caiu em cima de sua cabeça de uma vez. Ela não conseguia pensar, ou se quer respirar em baixo de todos aqueles cobertores. Mas o que poderia ser feito? Ela sentia frio. Camila logo voltou a sonhar, esquecendo que seu corpo acumulava uma grande temperatura, e sua mente tristeza.
Ela voltou a acordar algumas horas depois, soube disso pois a lua continuava com seu brilho prateado lá fora de sua janela. Batidas na porta acordaram. Dessa vez mais altas e menos gentis. Pela primeira vez em alguns dias, ainda sem saber quantos. Ela se levantou da cama. Tinha perdido alguns quilos, seu rosto estava mais magro que o de costume, o estomago empurrado para dentro, as clavículas exibidas mais pontudas. Mal aguentava o resto de peso que tinha em seu corpo, e antes de chegar a porta, perdeu o equilíbrio algumas vezes. Ela olhou pelo olho mágico.
Respirou fundo, sem saber o que fazer. Abrir ou não a porta a machucaria de qualquer forma. Mas só sonhar com Lauren não parecia suficiente: ela precisava se lembrar que ela era real, que os cabelos e olhos não eram frutos de sua própria imaginação.
"Abra, Camz." Camila deu um sobressalto, como se naquele momento sentisse que ainda existia vida em si. Ela piscou algumas vezes, as luzes brincavam em sua mente. Ela rolou a chave e destrancou a porta, abriu tão bruscamente que poderia até quebrar.
Lauren não acreditou quando viu Camila: o que estava acontecendo? Ela nunca esteve tão ruim.
"Camz?" a mais nova se concentrou naquelas letras, no som. Mas seu corpo não conseguia se apegar aquilo, sua cabeça tombou para o lado.
Lauren entrou depressa no cômodo, os olhos verdes preocupados, se Camila comeu alguma vez naqueles dias, seria muito. Michelle tocou o rosto, como se ele fosse de porcelana, frágil. Como se a qualquer momento fosse se partir em seus dedos finos e brancos. Os lábios da aluna estavam pálidos, ressecados. O corpo tão quente quanto uma fogueira. Em tanto tempo, Lauren nunca esteve tão preocupada.
"Camila!" a voz da mulher dessa vez saíra mais alta, e Camila abriu os olhos. Como se estivesse dormindo e fosse acordada. "O que houve com você" Karla sorriu.
"Nada. Eu só não ando muito bem." Lauren sentiu os olhos encherem de lágrimas. E isso também era novidade.
Camila não conseguiu dizer nada além daquilo. Caiu sobre os braços de Lauren.
"Tudo bem babe. Vou cuidar de você."
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Call me Daddy •camren•
FanfictionCamila tinha uma queda pela sua professora de literatura da faculdade. então começa a manda fotos picantes para a dona dos olhos verdes.