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Camila abriu os olhos e viu o teto de seu próprio dormitório.  Ela gemeu quando sentiu a dor que espremia seus ossos. Thiago olhava para ela na poltrona a frente da cama. Os olhos cerrados, tinha flores em uma das mãos.  Margaridas.

Karla não se deu o luxo de sentar, questionou a si mesma se ficar ali imóvel não seria a melhor opção para toda essa situação. Mas o homem já havia visto que ela acordou. 

"Mila." Ele chamou, sem resposta. Doía para ela até para respirar.  "Eu sinto muito Mila." Karla passou uma de suas mãos sob a testa e sentiu o lugar quente e levemente rasgado. O que mãos maldosas não podiam fazer, não é?
Por mais fraca que estivesse,  ela reuniu todas as forças que tinha para responder o homem.

"Você pode ficar com a cama, eu vou para o sofá.  Boa noite. " ela nem se quer sabia se era noite. Só queria sair da situação o mais rápido possível. 
Com pressa a mais nova se levantou,  sentindo um outro machucado em seu joelho direito. Porém ela ignorou a dor, forçando seu peso na outra perna.

"Deixa eu te ajudar." Falou o homem segurando em um dos braços da menina, que por instinto recuou.

"Tem medo de mim?" A inocência na voz dele fez a mais nova rir em ironia.

"De você não.  Só do estrago que seu conjunto de mente e corpo podem fazer." e então ele recuou. Não tocou nela, simplesmente a deixou caminhar. Karla não sabia o que fazer. Não sabia se ignorava ou se esse era o momento de pedir ajuda. Ela sentia que precisava. Mas talvez fosse tarde demais.

"Mila, me deixa cuidar de você." Insistiu o homem, recebendo um olhar mortal. Cabello quase nunca era ameaçadora, seus textos eram sempre carregados se ternura e amor. Ela nunca se quer escrevera sobre violência. Mas bem, ela presenciou de perto a dor física provocada de forma inapropriada e não permitida.

Ela voltou sua atenção para o ventilador no teto, que girava de forma insignificante. Thiago pegou a mão esquerda dela, e levou ao peito.

"Agora tudo vai ser melhor. Você não vai precisar ser purificada. Já está limpa. " Camila riu internamente. Phrificada? Como se eu fosse doente. Mas era exatamente assim que ela se sentia ao lado daquele homem.

Mas claro, ele nunca foi assim. Se conheceram na escola, no segundo ano do colegial. Camila era uma garota extrovertida porém não tinha muitos amigos. Gostava muito de música e da aula de inglês. Porém era uma péssima aluna em matemática. E precisou de alguém para lhe dar reforcos na matéria. Thiago também não era popular, apenas um Nerd viciado em vídeo games. Porém seus cabelos e seus olhos o faziam único. Ele também era gentil, tratava Karla como se ela fosse uma rainha. E por muito tempo ela foi. Claro que no começo ela não facilitou para ele. Mas o que fez com que ela se entregasse foi a pequena peculiaridade que ele tinha. A forma com que ele a dominava sutilmente e as vezes até fervorosamente entre quatro paredes. Quando não tinha ninguém nem nada entre eles. Apenas os corpos, as mentes sedentas.

Infelizmente, Não se pode ter tudo. E um lado sempre predomina. Thiago começou a usufruir da violência quando Camila deu permissão para lhe dar um tapa. Ele nunca mais parou. Mesmo quando ela disse que não.

Para Thiago a violência com Karla nunca foi ruim para ela. Até que a mesma fugiu.  Mas ele sempre a encontra.

"Eu nunca precisei, você quem colocou isso na cabeça." Cuspiu a latina, ele retorceu o rosto em ódio. "Você só está tentando colocar a culpa do seu desequilíbrio mental, em mim." Instintivamente, Thiago apertou a mão de Camila, que ainda segurava sob o peito. "Certo, me machuque mais. Me mate se quiser, pelo menos eu não sofrerei mais." Por um segundo, ela jurou ter visto algo parecido com pena no olhar dele.

"Me desculpe."

Call me Daddy •camren•Onde histórias criam vida. Descubra agora