O Machado

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(Nota do autor: [+18] este conto (capítulo) contém alguns trechos recomendados preferencialmente para adultos, por conter conteúdo sexual e linguagem imprópria)

Se estendia por toda a vista alcançável, uma multidão de homens, pisando em incontáveis corpos sem vida, rios de sangue jorravam naquele vale que outrora fora um lindo campo verde ostentando as mais belas e diversas flores que se pode imaginar, tão bela imagem dera lugar a uma horripilante carnificina. O velho guerreiro empunhando seu machado, bradava-o desesperadamente em todas as direções, seu corpo coberto de sangue o clamava a retirar-se daquele assustador campo de batalha. O velho guerreiro brandia seu machado e o desferia em homens já caídos, que clamavam pela morte rápida. Era a grande guerra e todo o continente manchava-se de sangue, corvos banqueteavam-se com tamanha fartura de corpos se decompondo em inomináveis campos de batalhas, era o fim de tudo, mas para aquele que propagara tão demasiado conflito, julgava apenas ser o início de sua longínqua tirania horripilante.

O velho guerreiro era feroz e dilacerava muitos daqueles homens inimigos de seu rei, homens estes que o velho guerreiro sequer havia os visto algum dia de sua vida, portanto nunca o haviam feito mal, mas foram jogados naquele sangrento baile da morte, e todos dançavam a tenebrosa canção do perecimento, cuja melodia advinha do tilintar das espadas e cada nota desta pavorosa canção trazia o fim de algum pobre homem lutando a guerra de outros. Muitos tentavam pará-lo com um golpe mortal, mas todos falhavam. A multidão adornada com brasões e cores opostas o cercavam e gritavam.
"Matem-no, façam com que sua vida saia de seu corpo e junte-se a este rio de sangue".
Era em vão os esforços daqueles homens já condenados a perecer por seu machado. Um longo tempo de extensa e assustadora batalha se estendeu, até cessar-se. Sua bandeira era erguida e ostentava a vitória, uma vitória de sangue e mortes. Em júbilo, o deus da morte regozijava-se recebendo todos aqueles espíritos caídos em batalha. Os vencedores e que ainda restavam-se de pé, recolhiam os espólios e matavam aqueles que ainda sobrara algum resquício de vida em seus corpos mutilados. O velho guerreiro nada queria e ali nada buscava, após a grande vitória, ele montara em seu cavalo e partia em regresso a sua casa, a sua família, sua amada esposa e filha o aguardavam ansiosamente, e clamavam por seu retorno antes do mesmo partir para a próxima batalha. Ele já havia lutado em inúmeras batalhas daquela guerra, lutava com enorme ferocidade em anseio ao retorno e segurança de sua família, jamais permitiria que o inimigo adentrasse em suas terras.

"Ó pequenina e doce filha, que tua inocência jamais sejas maculada por este mundo doentio e cruel, que o grande deus ferreiro possa lhe forjar um destino doce e de pureza, que lhe sopre o que há de mais belo nesta vida, tudo que a mim fora negado". Pensava o velho guerreiro na estrada cavalgando rumo a sua família que tanto o aguardava.

O velho guerreiro morava no centro da cidade, era uma cidade pequena e de maioria camponesa, em sua casa havia uma forja, pois assim como o deus que ele cultuava, era ele o ferreiro daquela pacata cidade. Ao vê-lo, sua pequena filha põe-se a correr em direção a ele, ansiava por um abraço de seu amado pai:
"Papai" dizia ela incessantemente. "Estava com tanta saudade de ti, bom que agora vinhestes".
O velho guerreiro a erguia e a abraçava esboçando um grande sorriso.
"Onde estás tua mãe, pois a quero vê-la" dizia o velho guerreiro, ao mesmo momento que chegava a porta da casa, sua amada esposa que o fitava em lágrimas, não podia conter a emoção de o ver retornar ileso de mais uma batalha.
"Hoje iremos celebrar esta vitória, todos da cidade irão fazer um grande banquete" dizia a sua esposa que pôs-se a correr em direção ao velho guerreiro.

Estava reunida uma grande multidão em torno da praça da cidade, todos que ali moravam estavam lá reunidos. Uma grande fogueira assava cordeiros e porcos, e ao lado, havia um pequeno palco, onde cantarolavam alguns bardos, de seus afinados alaúdes soavam notas alegres e jubilosas. Dezenas de homens que anteriormente lutaram durante a batalha, agora se embebedavam com cerveja, todos pulavam e dançavam em regozijo de tal feito do dia. Era uma grande vitória para aquele povo que lutava contra o mais poderoso reino do continente. Havia motivo para tamanha comemoração. Crianças corriam para lá e cá erguendo espadas de madeiras, encenando o feito dos adultos. Os homens que outrora ergueram espadas, agora erguiam suas canecas de cerveja para o alto e saudavam uns aos outros que sobreviveram. As mulheres dançavam, danças típicas daquele povo, enquanto alguns outros homens nos becos escuros agarravam e rasgavam as roupas de algumas mulheres enquanto estas mesmas soltavam risos e leves gritos de pura excitação, ao serem penetradas por tais homens cheios de pura perversidade.

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