Ele arfava freneticamente, estava exausto, sua espada sequer era erguida firmemente. A sua frente, um homem o fitava sorridente, cujo sorrir remetia a um semblante de escárnio. Na face desse homem, havia uma grande cicatriz acima de seus olhos. Estavam em um pátio nos fundos de um casarão, repleto de quartos ao fundo.
"Queres descansar, Magnus?" Pergunta o homem que o fitava.
"Sim, eu quero Ullr, depois nós treinamos mais!" Disse Magnus.
"Ótimo, agora olha para mim!" Disse Ullr, o empurrando violentamente. "Achas que no campo de batalha o inimigo vai te pedires uma trégua? Vai oferecer um momento para descansar-te? Não! Não vai, a guerra é violenta, e a única coisa que tens para refrescar sua pele como fazes agora com este recipiente de água, é o sangue do inimigo, jorrando de seus corpos mutilados"
"Já me falou isso quantas vezes? Um milhão, todo dia me fala essa merda" resmungou baixinho Magnus, bebendo água.
"Eu o direi quantas vezes for preciso, até isso entrar nessa sua cabeça dura"
"A única cabeça dura que tenho é esta aqui olha, Ullr" disse Magnus em gargalhada, levando sua mão as calças de uma maneira vulgar.
"Para com isso garoto, onde estás tua mãe?" Pergunta Ullr, afiando sua espada.
"Está transando!" Disse Magnus, apontando seu dedo para um dos muitos quartos que lá havia. Estavam nos fundos do grande casarão, com um barulho ensurdecedor que vinha do salão principal repletos de homens bêbados e de muita tagarela.
"Servirás cerveja hoje de novo, Magnus?"
"Sim, eu odeio este prostíbulo de merda!"
"Anime-se, pelo menos, tu não és uma mulher, se não teria que os servir com algo mais além da cerveja" disse Ullr esboçando uma alta risada.
"Vá se foder, daqui até os confins do mundo!" Retrucou Magnus, despindo sua camisa suada.
"Não, eu não vou, Mag" disse Ullr, retirando também sua túnica. "Sabes que a segurança deste puteiro é minha responsabilidade"
"Por que não lutas no exército da Vernúsia? Seria melhor recompensado cortando inimigos, do que chutando estes bêbados!"
"A guerra é cruel, Magnus" disse Ullr, cabisbaixo. "E eu já vim de um lugar de puro tormento, e de monstros"
"Estás a falar do tal mundo vermelho? Eu bem sei que inventastes, o mundo vermelho é só uma lenda dos bárbaros de Nordia. Eu não acredito que ficastes em um deserto vermelho, cujo céu escarlate assustava qualquer um. E de tanto gritar, surgiu-lhe criaturas de olhos negros. És um mentiroso nato, Ullr".
"Tudo bem se não acreditas no seu velho amigo... Pirralho" resmungou Ullr.
"Vá logo vigiar os bêbados, arqueiro louco" retrucou Magnus, soltando uma alta gargalhada.
(...)
Pessoas dançavam a todo momento, mulheres nuas exibiam-se sobre um pequeno palco no centro do salão. De maneira magistral Magnus desvencilhava-se de toda aquela multidão inquietante, algumas mulheres penetravam seus dedos em suas partes íntimas, e os esfregavam no rosto de Magnus, que apenas sorria vulgarmente, já havia possuído todas aquelas mulheres que se vendiam a um bom preço para aqueles bêbados sujos e fedidos.
"Magnus" alguém bradou do lado oposto do salão. "Venha aqui garoto, sirva-me"
"Estou indo, Aurore" disse Magnus, a mulher que o chamara era sua mãe, que o fitava enfurecida.
"O miserável homem fodeu-me e não me pagou" disse Aurore, esboçando um semblante de ira.
"Merda, pensei que lhe serviria cerveja" retrucou Magnus, executando rapidamente largos passos de uma corrida, em direção ao tal bêbado velhaco.
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Contos Perdidos
FantasyContos Perdidos: do exílio a grande guerra . . "Vida e morte, bem e mal, ambos atrelados, andam lado a lado. Viajantes, sejam muito 🅑🅔🅜 🅥🅘🅝🅓🅞🅢 ao continente, refúgio de humanos que vivem cercados por estranhas criaturas, a espera... Ao agua...