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 16: 23 P.M, Interior de Joinville (07/09/1970)

Fazia 11 anos que Sandra havia falecido e 9 anos que Nicole havia deixado Hector.

Enzo observava o pai bebendo uma consertada com tranquilidade á beira da porta. O vento da primavera balançava as folhas dos cafezinhos-dos-jardins e secava as roupas recém lavadas no varal. Estava tudo na maior tranquilidade, como não ficava á dias. 

A mais loira da família, Potifar, acabara de fazer seus onze anos. Capitolina, a segunda menina, mais chamada como Capitu, estava com seus nove anos, e era bem agitada. Theodoro, o mais novo, estava com seus sete aninhos.

E Enzo, o filho mais velho dos Silva, já tinha seus dezesseis anos. Era praticamente um homem aos olhos do pai e devia incumbência á sua família. Mas o jovem era inconsequente o bastante para desafiar o homem. 

- Senhor, posso ir ver a senhorita Feffer? - O garoto perguntou como quem não quer nada. Hector se virou para o filho com uma zona escura debaixo dos olhos.

- Ainda não limpou o celeiro, Enzico. - Recordou enquanto bebericava sua forte bebida. - Até Potifar já fez seus deveres e você está aí enrolando.

- Papai, acabei de lavar a louça. Posso ir brincar perto do curral? - A voz fina de Capitu invadiu a sala de estar.

- Claro minha filha. - O homem concordou com um aceno e a pequenina correu para abraçar o pai, logo saindo aos pulos porta afora. - Até sua irmã... - Hector deu um último gole na concertada e se virou para encarar o filho. - Faça seu tarefa e ficará livre o resto do dia. - Enzo revirou os olhos. - Garoto... - Disse em tom de aviso. Hector odiava falta de respeito, nem que fosse uma revirada de olhar.

- Por favor papai, só dessa vez. Eu prometo que volto cedo.

- Dá última vez que disse isso perdeu sua virgindade. - Hector comentou pegando um charuto na mesa lateral de sua poltrona. Enzo sentiu as bochechas esquentarem. Seu pai era muito sincero, sincero até demais.

- Pai... eu não vou fazer nada de errado, vai. Confie em mim.

- Minha resposta é não. - Disse dando uma tragada em seu cachimbo e se levantando. Enzo engoliu em seco com o gesto do pai, aquilo significava que ele estava perdendo a paciência.

- Tá, foi mal. Eu vou limpar o celeiro... - O adolescente tratou de se afastar do homem. Enzo foi em direção ao celeiro e passou pelo curral, onde viu Capitu e Potifar brincando com as vacas. Ao olhar para o outro lado, viu seu irmãozinho Theo fazendo seus deveres, ele estava regando o cultivo de feijão. Ele deu um sorriso, aquilo era tudo que sua amada mãe queria. O garoto tentou afastar o pensamento da cabeça quando chegou á porta de sua paixonite. Bateu na porta três vezes. 

- Silva, querido. Por favor, entre. Bianca está te esperando. - Uma mulher morena sorriu e o puxou para dentro da casa.

- Obrigado senhora Feffer. - Respondeu educado entrando no local. Logo uma jovem bem arrumada apareceu e beijou Enzo com selvageria. - Estava com saudades?

- Sim, é óbvio. - A garota respondeu com um sorriso. - Mãe, iremos jantar fora, certo? - Perguntou e a mulher concordou que sim. - Seu pai sabe disso não é?

- Claro que sim... 

- Ótimo. Porque só vamos voltar de madrugada. - Disse com uma cara maliciosa para o garoto. Enzo percebeu seu membro tremer um pouco.

- Vamos logo, Bibi. 

19: 47 P.M, Interior de Joinville (07/09/1970)

Hector POV

Silva - Anos 1970Onde histórias criam vida. Descubra agora