I - A sabedoria de um deus

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(Capítulo reescrito e não revisado. Meta de comentários: 370.)



O bar dos Makson ficava localizado em uma rua movimentada do centro de Nova York, espremido entre um karaokê que estava à beira da falência e uma loja de roupas que esteve cheia nos últimos dias desde que o Natal começou a se aproximar. Era um lugar quente, constantemente abafado devido à falta de janelas e aos aquecedores, sendo uma ótima opção para aqueles que percorrem as ruas noturnas à procura de uma fuga do frio do inverno.

Viper gostava do seu emprego no bar, algo sobre trabalhar a noite o agradava, como se a falta de pessoas na rua trouxesse uma segurança pouco confiável. Apesar de ter sobrevivido a deuses e criaturas que só deveriam existir em livros de mitologia, os mortais ainda conseguiam ser piores do que qualquer deus que Viper teve o desprazer de conhecer.

Ele não esperava encontrar tão cedo um emprego, não depois de ter passado as férias de verão à procura de um emprego e desistindo quando o ano letivo começou, a faculdade se tornando seu novo pesadelo. Embora não tenha sido ele que começou a faculdade, ele passou a ver Peter adormecer em todo lugar que encostava a cabeça, exausto demais desde que os professores começaram a passar trabalhos.

O emprego, embora aceito com facilidade, veio de uma forma inesperada. Jean trabalhava naquele bar há mais tempo do que Viper conhecia Peter e, de repente, ele saiu do emprego dos sonhos – ao menos para Viper – e não ofereceu nenhuma explicação a ninguém, nem mesmo ao seu irmão. Viper tentava evitar pensar sobre isso, mas era difícil não pensar sobre a estranheza da situação ao ver a placa de led azul se destacar na rua.

Jean era um mistério mesmo depois de anos, suas atitudes não condizem com a sua indiferença direcionada a todos e o olhar distante não fazia sentido quando ele parecia se importar tanto com as pessoas do apartamento. Viper sabia que nunca entenderia, mesmo que quisesse muito, então ignorou isso a favor de entrar no bar através das portas de madeira, que cortaram o frio e o vento que tentaram persegui-lo.

Atrás do balcão, Margaret passava pano no chão enquanto a música do namorado tocava no celular para que preenchesse o silêncio do bar. Os cachos ruivos foram presos no alto da cabeça em um coque firme, deixando alguns fios em frente ao rosto, que deixaram livre seus olhos azuis que olharam com um calor carinhoso ao ver Viper tirar a jaqueta e jogá-la em cima do balcão.

O cheiro de álcool era forte o suficiente para fazer Viper torcer o nariz toda vez que entrava no local. De alguma forma, algum cliente bêbado sempre conseguia derramar sua bebida, o álcool se infiltrando entre as tábuas de madeira de uma forma irreversível. Viper não gostava tanto de bebidas alcoólicas como os jovens de sua idade gostavam, ele a tolerava, bebia em ocasiões especiais.

Sua expressão fez Margaret rir.

– Você ainda não se acostumou a trabalhar aqui. – percebeu Margaret, contornando o balcão para passar pano pelo salão. – Para sua sorte, eu já limpei os banheiros, alguém vomitou no chão ontem a noite.

– Eu agradeço por isso. – E Viper estava sendo sincero, a ideia de limpar banheiros sujos de vômito não o agradava nada. Às vezes ele pensava como Jean aguentou tantos anos trabalhando nesse lugar, com o ambiente abafado e o cheiro terrível de álcool impregnado nas paredes. Como ele conseguiu trabalhar naquele bar depois de tantos anos aguentando um bêbado dentro da própria casa? Viper não sabia a resposta, ele acreditava que Pierre muito menos, e os dois eram muito covardes para perguntar a Jean.

– Não me agradeça, eu acho que tem um rato no estoque.

Viper soltou uma risada, encontrando o olhar levemente apavorado de Margaret que deu uma batidinha em cumprimento em seu ombro antes de continuar a passar pano. Alcançando a jaqueta em cima da bancada, Viper foi em direção ao estoque. Margaret não perguntou se ele precisava de uma vassoura ou um balde para capturá-lo, ela parou de perguntar como Viper desaparecia com os ratos indo apenas com as mãos vazias. Talvez ela desconfiasse de alguma coisa considerando que os aprimorados em Nova York aumentaram nos últimos anos e ficou cada vez mais comum encontrar pessoas com poderes vivendo normalmente no meio das pessoas. As patrulhas de Peter ficaram mais perigosas desde então e Viper precisava se lembrar que seu namorado sabia se cuidar, mesmo que dormir fosse quase impossível quando as noites de patrulha chegavam.

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⏰ Última atualização: Jun 26 ⏰

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As mentiras sobre mim  - Peter ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora