Alvo

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"Se o amor é um jogo de tiro ao alvo, eu errei todas as minhas miras."

Georgeana Alves

A última aula era educação física, o professor era o mais espalhafatoso e bem humorado do colégio, Mateus Wilson. Normalmente Sophia gostava dessa aula, mas naquele dia estava pensando se sairia inteira dela.

O professor mandara os garotos darem cem voltas em torno da quadra e as garotas jogarem voleibol, enquanto ele fora atender uma ligação na diretoria. Até ai nenhum problema. O caso era que suas colegas, tanto as que faziam parte do time adversário, quanto as que estavam no seu time, estavam dando várias boladas nela, que por fim, exausta por tentar desviar das boladas, decidira se sentar na arquibancada, mas mesmo ali suas colegas a atingiam vez ou outra. Elas pareciam estar jogando um novo jogo: Sophiabol.

"O que há com elas?", queria saber desviando de outra bolada.

~*S2*~

— Nossa, as garotas vão deixar a Sophia toda roxa! — falou André correndo. — Tá parecendo tiro ao alvo com patinhos, só que o patinho é a Sophia.

Pela primeira vez naquele dia, Miguel teve que concordar com André. Suas colegas davam boladas "acidentais" a todo o momento na Almeida, que por sua vez desviava como podia claramente confusa. Nem ele conseguia compreender o que estava acontecendo.

— A culpa é toda sua, Rodrigues.

Encarou Davi ainda sem compreender nada. O colega estava com os dentes à mostra como um cão prestes a atacar e, só para constar, ele tinha caninos bem afiados.

— Minha culpa?

— Suas fãs vão trucidar a Sophi, por causa do namoro de vocês.

— Namoro?!

Definitivamente estavam todos pirando no colégio, primeiro André com suas bobagens sem sentido, depois todos o olhando como se tivesse cometido um crime, Yasmin com seu ataque psicótico e agora Davi estava fantasiando com um namoro que não existia. Algum vírus de loucura foi solto no colégio, só isso explicava.

— Nós vimos vocês abraçados ontem — esclareceu Leonardo se aproximando do colega Davi, que parecia disposto a socar o Rodrigues. — Você sabe que nada fica em segredo no colégio.

— Ela até trouxe lanchinho pra você, admita.

Então era isso? Bem, pelo menos agora as coisas faziam algum sentido.

— Acontece que não estou namorando a Almeida, nós só...

— Quer dizer que só estão tendo um casinho, como me disseram? — Silas o interrompeu se aproximando todo interessado.

— Quem disse isso?

— Todo mundo que viu vocês juntos ontem e os conhecidos de todo mundo — Carlos respondeu exausto. Só estava correndo porque Mauro lhe prometera leva-lo numa churrascaria se ele fizesse os exercícios daquela maldita aula.

— Se estão namorando ou tendo um casinho, não é da minha conta, mas conhecendo a problemática da Yasmin e seu fã clube, se deixar a Sophia sozinha, levar bolada vai ser pouco pro que essas garotas vão aprontar com ela — preveniu Mauro parecendo um zumbi enquanto corria.

Não queria concordar com o colega, mas ele estava certo, concluiu ao ver a Almeida desviando de outra bolada. Maldita hora que dera uma de bom samaritano, só servira para complicar a sua vida e a da Sophia, que já não estava muito boa. Esperaria a aula acabar e falaria com Sophia, ela tinha que saber o que estava acontecendo, pelo menos para poder se defender das colegas.

Assim que o sinal tocou Sophia foi para o vestiário, que ficava num corredor depois da quadra, tomar um banho e se trocar, ligou o chuveiro e deu um pulo ao sentir a água gelada, olhou para os outros chuveiros e percebeu, pela fumacinha que saia deles, que só o seu estava gelado. Com pressa para voltar para casa se esconder em seus lençóis e chorar um pouco, então tomou banho frio mesmo.

Colocou as suas peças íntimas, se enrolou em sua toalha e foi pegar seu uniforme no armário, ficando surpresa por perceber que esquecera ele aberto e o uniforme caíra no chão, sendo coberto pela terra de um vasinho de violetas que caíra sobre ele, o estranho era que nunca vira aquele vaso antes.

Respirando fundo, balançou o uniforme para tirar um pouco da sujeira e o vestiu, pelo menos suas roupas íntimas, que sempre preferia vestir no chuveiro mesmo, estavam limpas, o uniforme quando chegasse em casa lavaria.

Procurou seu pente em sua mochila, mas não o encontrou, jurava que tinha colocado ele no bolso da frente da mochila, por fim penteou os cabelos com os dedos mesmo, não devia estar perfeitinho, mas muito bagunçado também não estava.

Com a aparência pior do que quando entrara lá, pegou sua mochila e seguiu as colegas para fora do vestiário, fingindo não se importar com as risadas delas.

Marina, Yasmin e as outras garotas, que armaram para água do chuveiro sair fria, esconderam o pente de Sophia, abriram o armário e jogaram o vasinho no uniforme, fazendo questão de espalhar bem a terra sobre ele, riam feito hienas, tinham certeza que Miguel não iria nem querer se aproximar da Almeida naquele estado. Foi grande a surpresa delas quando ele apareceu e segurou a jovem pelo braço, chamando a atenção dela.

— Sophia, temos que conversar a sós.

Queixos caíram, cabelos foram puxados e um mar começou a se formar na frente do vestiário feminino, ao imaginarem o tipo de conversa que Miguel teria com Sophia em particular.

Meu Coração quer Amar e ser AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora