𝙴𝚗𝚌𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘 𝚍𝚎 𝚍𝚞𝚊𝚜 𝙰𝚕𝚖𝚊𝚜

A Biblioteca

Enquanto bebericava seu vinho tinto, após dispensar a presença da duquesa, uma presença interrompe sua calmaria em meio a degustação. Tal pessoa apenas se sentou ao lado do príncipe naquela mesa e sorriu para o mesmo enquanto pede mais uma taça de vinho a uma serviçal que atravessava o salão naquele momento.

- Nosso pai não poupou gastos para essa festa, não concorda? - Dizia o príncipe Timothy, irmão de Thomas, enquanto observa o mesmo terminar de dar um gole no vinho.

- Se eu fosse ele, também não pouparia. Esse ano teve uma safra farta e ele quer mostrar a todos os reinos o quão rico nosso reino é. - Thomas dizia enquanto sorria para seu irmão e brincava com a ponta de seu dedo indicador sobre a boca da taça.

- Concordo, mas também acho que é uma desculpa para trazer princesas até você, claro, está ficando muito velho e já está por chegar a sua hora de assumir o trono. Papai está velho para certas coisas e um rei precisa de uma rainha.

- Nem sempre irmãozinho. Quando ficar mais velho, verá que as coisas não são tão certas quanto nos livros que estudou em Westville. -Thomas termina o vinho e deixa a taça sobre a mesa, logo se inclinando para perto de seu irmão. - Conversou com a sua paixão de infância? Ela está na festa e está mais linda do que a última vez que a vi a dez anos.

- A princesa Janet? Falei apenas por cordialidade, não quis parecer inapropriado e faz muito tempo que não a vejo com esses olhos... - Timothy diz desviando o olhar para a serviçal que acabava de trazer-lhe seu vinho.

- Conversei um pouco com a irmã dela. Parece que ela não se lembra muito de mim, ou se lembra, não demonstrou quando me viu novamente.

- Você mudou muito desde a última vez. Naquela época você era careca e mais raquítico, até eu não reconheceria. - Timothy diz com um sorriso provocador por entre os lábios antes de tapa-lo com a taça de vinho.

- Ok, e você era o mais belo do reino. Tão gordinho que poderia ser confundido com um leitão e ser assado para o banquete de outono.

Ambos gargalharam das falas de Thomas, mas logo são interrompidos pelas falas do rei Davidson, pai de tais. O rei havia subido na área de seu trono para chamar a atenção de todos no recinto, conseguindo a mesma no momento que arranhou a garganta.

- Boa noite a todos, espero que estejam aproveitando da fartura de nossa culinária e a boa música que nossos músicos nos trouxeram nesta noite. Sem mais delongas, quero agradecer a todos que compareceram. - O rei ergue sua taça de vinho em homenagem a todos os reis, rainhas, princesas e príncipes presentes, e todos ali ergueram em forma de resposta e respeito. - Como é de costume do meu reino, realizamos um banquete todo ano antes do inverno, para comemorar a colheita e este ano não foi diferente. Como podem observar, a colheita foi magnífica, o vinho foi preparado por nossas doces uvas e espero que estejam aproveitando ao máximo. Agora que agradeci a presença de todos, podem voltar a aproveitar está belíssima festa e que se divirtam até a quase morte já que não quero ninguém morto em meu castelo. - O rei Davidson gargalha e todos gargalham junto dele para não parecerem antiquados, já que as falas foram totalmente sem graça.

- Papai nunca foi bom com discurso. - Timothy sussurra para seu irmão e ambos riem juntos.

- Claro, ele sempre usou a espada. Nunca o vi falar tanto quanto nos banquetes.

O silêncio tomou conta do lugar aonde estavam, eles apenas ficaram observando a festa e bebendo vinho. Não havia muito o que se fazer ali, só haviam velhos e princesas e apenas Timothy ia falar com elas, já que Thomas não se importava muito com interação. Já do outro lado do salão, podia se observar Natasha sendo interrogada por Edmund sobre aonde ela esteve enquanto ele a procurava, e sobre como ele foi o único príncipe que ficou sem dançar com sua princesa prometida na hora do baile. Podia se ver o desconforto nos olhos da princesa, mas Janet apareceu para salvar sua irmã de mais uma hora de palavras sem sentido e insultos vindos da boca de Edmund e sua papada que parecia ser um saco de moedas pendurada na cintura de um comerciante no fim de um dia movimentado de vendas.