Capítulo 5

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Nos anos longe de Olívia, Isadora e Elisa haviam sido as responsáveis por manter Heloísa sã. Elisa era um pouco mais velha do que Olívia, tinha uma personalidade mais romântica e sonhadora. Isadora... bem, se Isadora fosse filha de Heloísa talvez as duas não fossem tão parecidas quanto eram. E por isso aquele era um laço que não fora rompido nem nos momentos mais rebeldes da sobrinha.

A adolescência de Elisa foi a paz na vida de Violeta e Eugênio, enquanto a de Isadora fez com que seus pais questionassem os motivos de terem filhos ou até de continuarem vivos. E em todos os momentos de brigas, contestações, conflitos, em cada decepção com amizades, amores e sempre que Isadora teve dúvidas de que caminho deveria seguir, seu abrigo era Heloísa.

Com o tempo Isadora também passou a ser confidente de Heloísa. A medida que a sobrinha crescia, Heloísa também se aventurava a contar sobre os pretendentes, sobre a tristeza por Olívia estar longe, sobre o trabalho. Era uma relação de amizade e confiança, e por isso Heloísa não se surpreendeu ao encontrar Isadora em sua casa, conversando com Manuela, alguns dias depois.

- Oi, boneca. – beijou os cabelos da sobrinha. – Tudo bem?

- Tia Helô, achei que não chegaria nunca. – Isadora resmungou. – Manuela já estava quase me deixando sozinha.

- Não é verdade. – a mulher sorriu. – Eu adoro conversar com você, Dorinha.

- Vá para casa, Manuela! – Heloísa riu, dando um beijo na bochecha da mais velha. – Já está tarde.

A funcionária se despediu das duas, e a expressão alegre de Isadora murchou assim que a viu sair.

- Eu precisava conversar. – suspirou. – Com vinho, lágrimas e comédia romântica.

Heloísa riu, abraçando a sobrinha.

- Espero que você tenha trazido o seu pijama combinante. – disse, secando a lágrima que escorreu do rosto de Isadora.

- E eu esqueceria do nosso ritual?

Talvez fosse bobo para outras pessoas, mas as duas gostavam daqueles detalhes. Quando Isadora estava por perto, Heloísa esquecia os problemas. E Isadora se sentia acolhida pela tia. A vida inteira conseguiu conversar mais com Heloísa do que com a própria mãe, mesmo que ela e Violeta tivessem uma ótima relação. Por isso o vinho foi separado, os pijamas foram colocados, a pizza foi pedida e o filme escolhido.

- E agora você vai me contar? – Heloísa perguntou, quando uma coberta já cobria suas pernas e uma taça estava em suas mãos.

- É o Davi. – Isadora suspirou e Heloísa sorriu, porque já esperava. – Ele vai para os Estados Unidos fazer um curso.

- É mesmo? E isso não é bom?

- Claro que não, tia Helô. – Isadora bebeu um gole do vinho. – Ele não sabe quando volta e nós vamos ficar separados por meses.

- Você pode visitar o Davi nas férias, Isadora. – argumentou.

- E atrapalhar a vida perfeita dele? – resmungou. – Prefiro terminar tudo antes.

- Parece um pouco radical, boneca. – riu. – Tenho certeza que essa cabecinha está cheia de inseguranças e paranoias, mas não é para tanto.

- Como não, tia? Meu namorado vai embora. E se ele nunca mais voltar?

- Nesse caso ele não mereceria você. Mas o Davi é ótimo e te ama, Isadora. Tenho certeza que ele ficaria feliz se você estivesse recebendo essa oportunidade.

- É claro que ele ficaria. Davi nunca se incomoda com nada. – Isadora dramatizou. – Para ele tudo está sempre perfeito.

- E talvez ele esteja certo. – Heloísa acariciou os cabelos dela. – Vocês podem fazer funcionar e, caso não consigam, você ainda é jovem e tem uma vida toda pela frente.

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