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Esta historia foi redigida a alguns anos atrás, não terá título a menos vogais.
Isso não é real.
O propósito é confuso, por isso tenho certeza que você, caro leitor, se conseguiu passar pelas duas histórias e chegou aqui, deve ter percebido que isso aqui é uma coletânea de memórias de vários personagens.

E que não obstante, eles passam em diferentes épocas da vida destes, e todas elas acontecem sem exatas posições de momento, mas dando a entender o que eles gostariam de transmitir.

Dito isto, dou continuidade a mais uma de suas lembranças. 

Boa leitura.

Uma carta.
Uma carta de lembrança, ao meu passado a qual arrependido e angustiado, muito estou. Sem coragem para dizer a ele pessoalmente... Preferi escrever, talvez ele nunca veja .. e será melhor assim, vai ser difícil ter que lidar com o coração partido mais ainda, afinal... A causa de tudo sempre foi eu.

De: ########
Para: Meu eu do passado quebrantado.

Eu lhe reconheci em uma tarde nublada, estava frio, mas eu não me importava, era natural para mim, eu usava uma calça fechada e uma camisa curta, juntamente com um par de sandálias, enquanto minha mente vagava.

Meu irmão se encontrava morto, no mesmo dia a um ano atrás, me lembro de traços como se tivesse acontecido agora, mas minha mente não registra por se encontrar totalmente em choque.

Meu irmão dentro do hospital  ao olhar finalmente pra mim, morre com um sorriso na face, logo após olhar para mim, eu tentei pedir perdão, mas apenas sussurrei um "me desculpa, irmão.." enquanto minha cabeça se abaixava, sabia que meus dias seriam diferentes, sabia que nunca mais receberia um abraço do meu irmão mais velho, sabia que nunca mais veria ele, e eu compreendia que aquilo foi culpa minha, só não entendi até hoje o motivo de seu sorriso.

Enquanto eu me lembrava do acidente, uma pontada seguida de uma dor intensa atravessou meu coração, me apoiei brevemente em uma parede, e olhei pra frente enquanto massageava o local.

-Espairecer não foi uma boa ideia, eu acabei me lembrando dele..

Sussurrei irritado e doído, após a dor diminuir, empurrei minhas costas contra a parede e com o impulso me endireito, saindo assim do beco.

O local em que aquele beco deu, foi na rua principal e inacreditávelmente apenas carros e alguns transeuntes passeavam por ali, assim que minha visão se acostumou a iluminação diurna, não que o beco tenha sido muito escuro, mas não é natural para meus olhos sair de um lugar obscurecido pelos prédios e entrar em um lugar iluminado pelo sol da tarde derrepente. Eles amam se ajustar.

Enfim, quando vi claramente o ambiente a minha volta, notei um homem me olhando fixamente.

Ele era notavelmente alto, seus curtos cabelos pretos estavam voando por conta do vento que ali soprava, aparentava ter um porte elegante e sério, estava com uma camisa social, e um jeans meio rasgado.
Não sei exatamente o que ele queria passar de sua imagem por conta de sua roupa.
Apesar de tudo isso, ele veio até mim.
Eu não tinha notado muito bem o tempo que passei o observando, mas por algum motivo ele me parece familiar.

Talvez seja porque eu demorei de mais, imaginando que realmente ele estaria vindo até mim, o que no caso eu não estava errado.

Ele veio até mim e perguntou como eu estava,  isso me deixou confuso, eu ainda não estava recuperado da lembrança sobre meu irmão, então não o respondi, notei que seus olhos transmitiam muito interesse, sua fala era bastante refinada, o que realmente ele queria comigo?
Talvez por eu ter escolhido não o responder ele olhou em meus olhos, e ficou assustado.

Porque ele ficou? Eu me perguntei, talvez meus olhos estejam muito vermelhos, ou ... Eu esteja chorando novamente sem perceber no desejo de um conforto.
Por conta da dúvida eu levei minha mão ao meu rosto, e subi para meu olho e confirmei, eu realmente estava chorando. Mordi meu lábio inferior e corri, dando costas aquele homem, não desejei e não desejava chorar na frente dele, mesmo longe o ouço chamar o meu nome.
Como ele sabia? Ah... Me lembrei.

Enquanto corria, adentrei um beco que não reconheci, e também não queria conhecer, só queria chorar em paz, derramar os meus pêsames e tentar entender a culpa que eu sentia. Me sentei em uma das calçadas que havia e abaixei minha cabeça, sem conseguir parar minhas lágrimas.

Aquele cara costumava visitar meu irmão mais velho, ambos tocavam violão e estudavam. O interesse era genuíno entre eles a cerca do violão e de criar uma banda, eu admirava eles bastante, queria fazer parte dela quando estivesse maior.
Em alguns momentos, durante o ensaio de meu irmão com ele, eu sentava perto deles, para ouvir e opinar sobre as músicas. E sempre que ele olhava para mim, seu olhar mudava para um...sedutor, aparentemente afinal..  era profundo e quando meu irmão percebia o fazia desviar a atenção, com um tapa bem convidativo e uma piada conjunta que sempre se relacionava nesse momento, ele ria e eu também, afinal eu achava interessante, parecia que meu irmão tinha ciúmes e isso era engraçado.
Até... ele morrer..

Continuação na próxima letra.

 Uma Coletânea De Bagunças.Onde histórias criam vida. Descubra agora