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Cheguei!!

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S/n on

eu entrava em um beco escuro, olho para a rua movimentada assim que ouço buzinas, Riki corria igual um desesperado para o outro lado da rua, dou uma risada, observo sua próxima movimentação e vejo ele pular o muro prateado de uma obra em construção, eu vou encurra lo lá dentro

-voce acha que está correndo de quem garoto?-murmuro baixo com um sorriso sarcástico, atravesso a rua correndo e olho em volta vendo como eu poderia entrar despercebida

Foda se, eu não precisaria me esconder para ele não me notar lá dentro, quero que ele fique desesperado enquanto corre de mim, e será isso que vai acontecer. Eu tenho o que eu quero

Pulo o muro me apoiando na barra e pulo no chão de terra. Droga, estou usando a porra de vestido e não tenho tempo para isso

Observo a obra em volta a procura de algum movimento, tijolos, barras de metal, pacotes de cimento e areia, máquinas de construção. Era um terreno grande com a iluminação de apenas quatro postes de luz em volta, o projeto tinha três andares e estava sendo construído o quarto

Eu corro para lá dentro sem deixar notar minha presença ali, vejo cinco salas e as escadas, fecho os olhos focando no barulho em minha volta

Ouço árvores se movimentando, buzinas nas ruas, uma coruja, uma goteira pingando no andar de cima, e ouço passos leves a esquerda no terceiro andar. Ele está correndo, o barulho é leve, mas se parar para notar é percebivel

Abro os olhos, não vou pega lo pelo corredor, farei uma surpresinha

Porque eu sou assim, eu vejo o previsível e desvio dele, porquê o previsível é uma mira errada, é suicídio, talvez quando eu desista de ser contra as merdas que me aparecem eu comece a ser previsível, deixarei as emoções falar por mim e eu me suicido aos poucos sem ninguém ao menos perceber

Dou a volta no lugar pisando em um terreno irregular, eu já havia abandonado meus saltos a muito tempo, eles faziam barulho, e isso não faz parte de mim

Você será minha humilhação se errar novamente, filha

Suspiro fundo e ao chegar no fundo da construção eu olho em volta vendo o que posso fazer, olho do outro lado e vejo janelas de frente ao muro, ótimo

Subo no muro mantendo o equilíbrio, eu já estava acostumada com isso, não sentia medo, mas o frio na barriga nunca havia ido embora, dobrei um pouco as pernas pegando impulso e pulei na janela que não estava muito longe, minhas mãos não vacilaram quando segurei a bora da janela feita de cimento, eu estava pendurada, coloquei meus pés na parede e me impulsionando para cima eu consigo entrar para dentro com facilidade

Fazer aquele tipo de coisa eu aprendi na minha primeira semana de treinamento, e depois o processo foi se afundando, piorando a cada dia, eu era jogada no meio de um rio com mais de 100 metros até o fundo, era colocada em uma corda bamba entre dois prédios enquanto chovia, fugia pela floresta enquanto minha mãe me perseguia como uma maníaca, eu nunca parei de lutar. Paz não existe, o que chamam de paz, é apenas pausas entre os dois infernos que deus nos proporciona

E eu mesma que dava um jeito nos meus ferimentos, os tiros de chumbo que já levei ainda me aterrorizavam quando vejo as cicatrizes, ou o rasgado que tenho na batata da perna. Eu mesma costurei, enquanto o sangue escorria e o cabelo caia nos meus olhos que eu não permitia cair nenhuma sequer lágrima

Você não merece chorar, você não tem esse direito, você errou

Depois daquilo eu nunca mais derramei uma gota dos meus olhos, não me lembro como era a sensação

dual mission -Aidan Gallagher Onde histórias criam vida. Descubra agora