A meretriz e o amante: Sexo ou amor?

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      A Madrugada doía-lhe os ossos, Ana levantou-se da cama, repousou os pés sobre o chão, arrepiou-se, olhou para o lado, avistou um corpo forte e cabeludo ao seu lado, olhou-o de cima a baixo, quis passar as mãos em seus cabelos de fios pretos encaracolados, ela o achara tão lindo todas as vezes que se encontravam. Desejava esse homem só para ela, queria que seu perfume fosse o único a emanar em sua roupa, desejava que somente ela o beijasse e o acariciasse todas as noites. Ana, pegou a sua calcinha que estava no chão, vestiu-se, e foi até a Janela, viu aquele imenso universo de luzes da grande cidade Brasileira, a brisa da noite tocava o seu rosto suavemente, como se pudesse lera, saber da sua tristeza e tamanha dor que Ana carregara durante os últimos cinco anos da sua vida, desde que saiu do interior da Bahia e fora morar em São Paulo em busca de condições de vida melhor. Ana agora está quase completando seus vinte e cinco anos, tornar-se uma mulher mais madura, que sabe se defender das pancadas da vida, Ana agora sabe dos prazeres e gozos que antes, era inocente, era proibida conhecer antes do casamento, Ana pensava naquela madrugada como sua vida pudera mudar tanto, mas tanto... Ana olhava as luzes e lagrimas escorria em seu rosto, por que se arrependera tanto de conhecer esses gozos que tanto desejara quando estava em sua terra natal? Ana, voltou o olhar para o homem que estava despido na cama, também teve pena dele, como alguém que possuía tantas condições também era tão vazio de vida? Tao vazio da existência humana que é ter um amor só para si? Ele era o seu melhor cliente, marcava seu horário quase todos os dias, e aos poucos o contato somente carnal e luxuoso do cliente e a meretriz foi ficando mais íntimo, ele contava-lhe sobre o trabalho e das dificuldades de se manter uma empresa nos trilhos, ela o aconselhava, por mais que não tinha feito uma faculdade, Ana tinha uma inteligência inexplicável e aos poucos ele também fora percebendo esse detalha, sempre saia do motel com o espirito renovado e cheio de ideias, Ana era mesmo uma mulher muito especial para ele.
       No princípio o que mais lhe chamara atenção foi sua beleza, a pela morena, os cabelos pretos ondulados, formando cachos que lhe caia bem sobre os ombros, os olhos de gata selvagem e o corpo bem desenhado. Ele estava apaixonado? Questionava-se sempre, como poderia estar apaixonado por uma meretriz que se deita com vário durante o dia e ele era um deles, seus pais tão renomados na sociedade paulista nunca a aceitaria como nora. Mas doía-lhe a alma pensar que nunca mais a teria em seu calor de amante louco de desejo, doía-lhe tanto que só pensava na meretriz o dia todo! Ficava nervoso, ansioso, desesperado e na loucura do medo das aparências, quis acabar com essa erva daninha que poderia arruinar o nome da sua família, decidiu nunca mais marcar o encontro e assim o fez.
Naquela noite, Ana sentiu como se fosse a última noite do seu amante, nos toque, nos abrações, nos beijos, no corpo ao corpo, no suor escorrendo e no gozo finalmente melando ambos, os dois sabiam, não faziam sexo, faziam amor. Ela há três anos estava amando esse homem, pensara nele durante o dia, fazia sexo com os outros clientes, imaginado que fosse com ele, para assim, não lhe doer tanto a alma. Não tinha ciúmes dele, pois reconhecia a realidade e sabia que um dia a partida chegaria, mas desejara que esse momento demorasse muito, muito para chegar.
     Ana o amava em silencio, aos poucos, como alguém que não quer despertar os passarinhos, não o cobrava nada, dava o melhor de si na cama e na vida, sabia que também ele a amara. Por isso Ana chorou na madrugada que as Luzes da cidade umas iam sendo apagadas e outras iam se acendendo, compreendera, também temos nossos momentos de luz e de escuridão, o desejo, a paixão, o amor também é passageiro. Por isso Ana chorou como alguém que despe a alma, como alguém que levou tantos socos no estomago que sabia, ela sabia que aquela noite seria o adeus. Ana passou-lhe as mãos sobre os fios pretos, o acariciou e disse baixinho “Adeus, meu amor.’

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⏰ Última atualização: Jul 11, 2022 ⏰

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