*Maiores de idade
*Two-shot
*Inspiração de música.
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.Draken estava sem camisa quando Takemichi bateu na sua porta no risco da noite. Uma luz amarelada de vela tingia a parte detrás do seu corpo robusto como os primeiros raios de Sol. Draken também estava desprovido da sua trança característica, os cabelos lisos e pretos deslizando até seus ombros e martelando um desejo estranho dentro de Takemichi.
Draken estava com a testa suada e a mão que empurrava a porta estava segurando uma garrafinha d'água. As bochechas vermelhas e cada gomo do seu abdômen tenso. O garoto menor perguntou se havia o interrompido durante algum treino, mas logo seu corpo enrijeceu com o olhar pesado sobre si, o peso da água impregnada em sua roupa finalmente dando as caras.
O maior fechou a boca e respirou com calma pelo nariz. O rosto másculo de um jovem adulto examinou Takemichi totalmente molhado pela chuva. Seus olhos pretos mostravam muitas perguntas. Claro, não é todo dia que seu amigo da adolescência aparecia tarde da noite na sua porta e embaixo da pior tempestade. Mas Draken apenas se moveu e o deu abertura para entrar.
Takemichi corou, um obrigado passou por ses lábios úmidos assim que sua cabeça atravessou o batente.
Seus sapatos completamente arruinados pisaram o piso de madeira. A água começou a pingar; dos cabelos antes encaracolados, das roupas escurecidas por causa da chuva e uma poça rapidamente nascia embaixo dos pés dele. Takemichi se sentiu mais envergonhado. O moreno abaixou a cabeça e seus olhos pinicaram com as lágrimas que queriam sair. Ele nunca quis causar problemas a Draken, mas o estava fazendo agora.
A nuvem escura em cima da cabeça de Takemichi desapareceu quando uma toalha macia tocou seu cabelo. Os olhos de oceano se arregalaram, rolando para achar Draken.
Draken passava a toalha gentilmente, espremendo os dedos longos e calejados por cada fio negro. Mãos tão fortes que massageavam tão carinhosamente. Os homens que Draken derrotou com um único soco poderia ser visto através de seus punhos fortes, mas quando Takemichi se virou, batendo de cara com sua expressão meio quebrada, ele viu algo longe de violência.
— Vá tomar um banho. — Draken fala pela primeira vez com a voz áspera. Sem perguntas, sem menção de estar bravo. Ele apenas termina de enxugar Takemichi e o dá uma toalha nova, indo momentaneamente para outro cômodo e voltando com uma muda de roupas que pareciam grandes demais para Takemichi.
Depois de ser apresentado para um corredor vazio e escuro, Draken o deixou na porta do banheiro em um silêncio compreensível. Takemichi agradeceu de novo, menos tímido, e apenas obedeceu.
Até mesmo o banheiro era a cara de Draken. Uma bagunça saudável no cesto de roupa, um incenso há muito apagado em cima de um cinzeiro e uma banheira limpa com desenhos extravagantes nas laterais. O cheiro de madeira, mesmo que não tivesse nenhum móvel do material, ainda flutuava no ar.
Era acolhedor.
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Takemichi enxugou seu cabelo com cheiro de xampu barato. Seus pés pelados se contorciam cada vez que se encontravam com o chão gelado. Como esperado, a roupa ficou gigante no seu pequeno corpo. A camisa deslizava por seus ombros e fazia um vestido até suas coxas. A bermuda parecia ser a mais velha e pequena que Draken tinha, mas, ainda assim, Takemichi tinha que ajustá-la no quadril toda vez que se mexia.
Draken o acolheu prontamente, mas Takemichi sabia que as perguntas iriam chegar cedo ou tarde. Por isso sua caminhada em direção ao quarto do mais velho o deixava mais ansioso.
Takemichi girou a maçaneta e o encontrou parado na janela com outras roupas, o cabelo ainda solto, as costas ainda nuas, mas sem a camada fina de suor. Draken provavelmente havia tomado banho também nesse curto período, visto que havia uma porta extra no quarto, o que poderia ser outro banheiro.
— Oi... — O de olhos azuis chamou, recebendo a atenção do maior. Draken apenas virou a cabeça e deu um sorriso fraco.
Não havia nenhum colchão ou coberta no chão, apenas uma cama de casal. Isso deixou Takemichi em pânico.
— Onde vou dormir? — Talvez tivesse entendido tudo errado, talvez o sofá estivesse disponível e ele estava imaginando coisas no calor do momento.
— Não tenho cobertas extras, e não vou deixar você congelar na sala.
Manipulado pela voz grossa, Takemichi aceitou. Dormir na mesma cama que Draken não seria como nos dias que passava final de semana na casa de um amigo, de jeito nenhum. Takemichi se lembra copiosamente da adolescência, os dias em que ele e Draken trocavam olhares profundos, encostavam um no outro sem querer quando estavam perto, e quando fingiam que não era nada demais, apenas dois garotos bobos.
Uma noite, Draken não tinha onde deitar a cabeça e Takemichi o ajudou dando-lhe a cama da sua casa. Foi divertido. Um dia quente de verão e dois adolescentes idiotas dentro de um quarto. Nada aconteceu realmente, mas Takemichi lembra quando deu a desculpa que o chão era frio demais, e trouxe Draken para se deitar com ele. Ele se lembra dos centímetros tensos entre seus rostos, os centímetros que nunca teve coragem de matar.
— Obrigado, Draken-kun. — Takemichi se acomoda na beirada da cama. Seus pés deixa o chão.
Tudo o que ele tem é o silêncio de Draken. Takemichi respeitou seu silêncio, por mais que isso quase o matasse.
Iluminado somente pela Lua, Draken rodopiou os calcanhares e se sentou ao lado do amigo. O colchão se afunda notavelmente.
Takemichi prende a respiração e não ousa subir seu olhar.
— Por que voltou?
A voz do Ryuuguji corta o clima como faca. O outro garoto se assusta com a pergunta, tomando a coragem necessária para encarar seu único real amor que nunca realmente foi. Os olhos escuros de Draken pareciam fazer parte da noite, os cabelos soltos combinavam perfeitamente com a pele levemente salpicada pelo Sol.
— Eu senti saudade. — A voz falhou. Takemichi parecia não suportar o próprio peso, as lágrimas internas batendo em cada músculo seu. — De você.
Ele só conseguiu dizer isso. A voz num sopro sôfrego.
Draken voltou com sua expressão quebrada de antes, totalmente imóvel. Takemichi não aguentou e começou a chorar de soluçar. Desculpe, desculpe.
Braços fortes o abraçaram e ele se apegou contra aquele corpo alto. As unhas raspando as costas de Draken como casca de árvore, o ranho do seu rosto sujando a pele quente.
Draken deixou Takemichi desmoronar por longos minutos, recolhendo cada meteoro do garoto da forma mais silenciosamente amorosa. Quando Takemichi começou a abaixar o choro e o transformou em suspiros leves, seus olhares se cruzaram.
As joias safiras estavam inchadas e vermelhas, assim como seu nariz arrebitado. Ele estava uma bagunça, mas parecia mais limpo de alma.
— Draken-kun. — O maior prestou atenção, não conseguindo não vacilar os olhos para a boca úmida do rapaz. — Segure minha mão.
Draken segurou sua mão e a beijou. O rosto do encaracolado ficou colorido como crepúsculo. Era a forma de Takemichi dizer, em outras palavras, que o amava.
Seus lábios cada vez mais próximos. Takemichi se sentou nos joelhos e Draken agarrou sua cintura com tanta força que poderia facilmente quebrá-la. O beijo que demorou anos para chegar finalmente veio. Draken provou as lágrimas doces de Takemichi, os lábios de seda, e roçou suas línguas. Draken tinha mais experiência, então foi difícil para Takemichi seguir seu ritmo, mas igualmente desesperado.
Sem querer, Takemichi mordeu sua boca. Draken abriu os olhos e piscou. Takemichi evaporou, morto de vergonha, mas a risada que Draken deu foi tudo de bom. Era de humor verdadeiro. Não estava rindo de Takemichi, mas sim da sua falta de jeito.
E Draken o puxou para outro beijo molhado. O colo que o Hanagaki estava era quente, muito quente. Beijar Draken era como descobrir a primavera em Júpiter e Marte.
E ele estava disposto a descobrir todas as fases da Lua naquela noite.

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Fly Me To The Moon
Fanfiction"Eu não tenho experiência nenhuma." Draken acabou, sem querer, fazendo cara feia. Takemichi estava completamente inquieto, a Lua denunciando a cor de sangue batido no seu rosto tímido. Apenas depois do pequeno Hanagaki em seus braços morder a boca...