Capítulo 01

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Buon Apetito era um restaurante de comida italiana frequentado por pessoas de classe alta na cidade de São Paulo, toda noite ele lotava e tinha uma fila de espera gigantesca que só acrescentava nos preços caríssimos dos pratos

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Buon Apetito era um restaurante de comida italiana frequentado por pessoas de classe alta na cidade de São Paulo, toda noite ele lotava e tinha uma fila de espera gigantesca que só acrescentava nos preços caríssimos dos pratos. Era um lugar aconchegante, elegante com um ambiente simples e intimista com um salão grande e espaçoso, mesas bem posicionados e distantes o suficiente para conversarem com privacidade.

Giovana gostava da decoração do lugar, de todo ambiente. Ou pelo menos achava que sim. Era meio difícil apreciar qualquer coisa quando tinha que coordenar uma cozinha de um restaurante como aquele em uma noite movimentada de sexta-feira. Como chefe de cozinha, ela tinha que organizar para que tudo saísse na mais perfeita ordem. Sabia que sua equipe era formada pelos melhores cozinheiros. Eles faziam seu trabalho na enorme cozinha, cortando, fritando, mexendo, fervendo. E desse movimento ela até gostava; de ver os vapores subindo, do barulho do óleo fervendo, fritando o alimento; dos cheiros das misturas.

E ela estava ali em frente da janela onde recebia as comandas e finalizava os pratos. Por baixo da bandana branca que usava, sentia fios de suor molhar os cabelos completamente cobertos pela touca de chef. A temperatura da cozinha era sempre quente, mas ali, por causa das lâmpadas que mantinha a comida aquecida, era sempre um grau mais quente. Segurou a vontade de soltar um grande suspiro. Estava cansada. Pela primeira vez em muito tempo, seu trabalho não despertava nela uma vontade de fazer tudo do melhor jeito possível.

Ser chefe de cozinha era o sonho de todo cozinheiro e de fato, era o dela. Mas, sentia falta de ficar de algumas coisas. De ficar no meio da loucura da equipe, cortando as coisas, ouvindo as gritarias, as ordens. Sentia falta de estar no meio do caos. Era tudo enlouquecedor, exaustivo, mas de certa forma; lhe trazia uma sensação de prazer, de trabalho bem-feito. Cozinhar para ela sempre foi algo mágico, algo que a fazia se conectar consigo mesma. Mas, tinha a impressão que de uns tempos para cá, tinha se perdido. Suspirou, era besteira ficar pensando nisso.

Finalizou o ravioli com camarão, decorando-o com queijo ralado e salsa quando o Maitre Julião se aproximou com uma comanda nas mãos e surpresa nos olhos.

— O que foi? — Giovana quis saber, já que era uma coisa muito rara vê-lo tão surpreso.

— Um dos garçons me entregou essa comanda — entregou o papel a ela e Giovana reconheceu o pedido do prato principal da noite. — Quem pediu foi Pandora de Assis.

Giovana prendeu a respiração, os olhos vagaram pelo salão até ver a mulher alta, de cabelos volumosos e cacheados muito elegante no seu vestido branco que destacava a pele escura.

— Meu deus! A maior crítica gastronômica está aqui? — Quase sussurrou para Julião, que apenas teve energia de assentir. Ela inspirou fundo. — Certo, ela pediu o prato da casa, que é a minha receita. Eu mesma irei prepara-lo. Mande alguém avisar Murilo. Sei que ele está ocupado, mas precisa vir até aqui. O restaurante é dele e ele precisa saber da presença da grande Pandora.

Tempero de Desejos ( Série Bodini)|DEGUSTAÇÃO|Onde histórias criam vida. Descubra agora