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Subi a quebrada devagar só observando tudo, alguns indo trampar, as cria descendo pra escola, os comércios abrindo e as tia na porta de casa começando a fofoca.

Pô troco isso aqui por nada não, minha vida toda é isso aqui papo reto, mato e morro por esse morro todinho.

Fácil chegar aonde eu tô não foi, nem vou falar que foi por falta de opção tá ligado? Porque isso não foi. Tinha uma vida dahorinha dentro de casa, meus pais nunca deixou faltar nada lá dentro, mas eu passava na rua e via os cara tudo portando fuzil, ouro e ficava deslumbrado tá ligado?

Queria por que queria ser igual, cheio de corrente no pescoço, glock na cintura e as piranha jogando pra cima. Entrei por puro luxo e tomei no cu. Achei que o bagulho era fácil e pá, e só me lasquei.

Apanhei pra caralho dessa vida já, mas com o tempo tu vai entendendo que nem tudo é luxo tá ligado? Isso aqui mudou minha vida completamente pô, me deu uma visão mais avançada sobre tudo e eu não me arrependo de ter entrado não.

Meus coroa nunca aceitaram bem não, tentaram conversar mas teve uma hora que cansaram, agora vivem como se eu nem fizesse os bagulho porta fora e é melhor assim tá ligado? Não desgasta muito a mente deles.

Chegar no topo e ser dono da VK foi um caminho fodido, tive que matar muito nego por aí, passar a perna em outros e papo de que tenho remorso algum. Essa vida é que nem na selva pô, ou tu mata pra sobreviver ou você morre.

Parei o carro com tudo quando uma desgraçadinha atravessou na frente, filha da puta cara e se eu atropelo ainda sou errado, puta que pariu.

Buzinei e abri a janela olhando serinho pra cara dela, que encarava de volta assustada.

Coronel: Tá cega porra? Olha por onde anda caralho!

Ela mudou a cara de assustada pra uma de deboche colocando a mão na cintura. Só consegui notar o cabelão dela se se mexendo com todo movimento que ela fazia. Olhei pro rosto e cara, a filha da puta é gata pra porra, olhinho achatado e nariz pequeno e apontado pra pra frente, pique mina rica.

Xx: Eu em a rua é pública querido, eu tava passando muito antes e você que que tava distraído aí que quase me atropelou, tá errado e ainda quer vir cantar de galo? A, faça me o favor né! - falou alto de lá com o rosto vermelho.

A mina que tava junto dela arregalou os olhos e começou a puxar ela falando alguma coisa baixo, mas a mina nem se mexia.

Coronel: Tá doidona tu né só pode, louca pra descer careca né filha? É só falar pô, te ajudo nisso aí rapidinho!

Xx: Ala ó, além de tudo paga bandidinho emocionado, meu Deus, mereço mesmo viu! - negou com a cabeça rápido, rindo desacreditada. - Ih Pietra me solta cara, quero saber que o bofe é envolvido não em, tô no meu direito!

Desliguei o motor de carro e sai dele chegando perto dela que não abaixou a guarda por nada, a cabeça da mina batia no meu peito e de perto ela tinha mó carinha de criança.

Coronel: Qual é pô repete ai pra mim, quem que é bandidinho emocionado? - perguntei grosso, com o rosto perto do dela.

Xx: Vo--

Rato: Qual foi patrão? - escutei o grito dele longe, mas não desviei o olhar. - Ih cara, já tá em treta Jéssica? - chegou mais perto passando o braço dele pelo pescoço dela e puxando ela mais pra ele.

Ele me olhou desconfiado e depois pra mina que tava com ela sorrindo e piscando um olho.

Jéssica: Vem não Kaique que hoje eu não tô boa não. - saiu do abraço dele. - Ó cansei já, palhaçada essas coisas, tá errado e quer vir colocar culpa em morador, xocotó! Vou logo seguir meu caminho que eu ganho mais. - me olhou seria achando que fazia algum efeito e se virou pro rato beijando a bochecha dele. - Fala pra tu vó que qualquer dia desse eu passo lá viu? Fica com Deus!

Ela saiu pisando fundo com a outra do lado que só falava os bagulho e olhava pra trás e quando via que eu tava olhando ainda se virava rápido pra frente.

O único bagulho que eu conseguia olhar era pra bunda dela naquela calça jeans, porra, bagulho grandão tá ligado, bom pra dar uns tapa.

Rato: Entendi foi é nada, que que rolou? - desviei a atenção disso pro meu carro estacionado todo errado na rua.

Coronel: Conhece ela de onde? - apontei com a cabeça na direção que as mina foi.

Rato: Ih pô, é irmã do finado goda. Mina foda pra caralho, trabalha pra porra pra ajudar a família.

Coronel: uhum. - bati a mão no bolso procurando meu cigarro e puxei ele junto do isqueiro. - Se liga, convoca uns menor aí e compra umas tinta branca, quero faixa de pedestre em todas as principais. Se eu passar e o que eu mandei não tiver pronto ou estiver igual o cu de vocês, vai ser só um no pé pra ficar de aviso. - olhei rápido pra ele e desviei acendendo meu baseado.

Rato: pode crê, tu mandou tá feito pai!

Só balancei a cabeça e fui em direção ao meu carro.

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