Capitulo 14

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-Ah tá.- um silêncio reinou na sala- Nathan?

-Hum...-disse, mas na verdade querendo dizer "Fala logo".

-Por que.... -eu escolhia as palavas- naquele dia da piscina... você, deixou eu me afogar?- perguntei, me esforçando para não chorar. Ele me encarou, surpreso pela pergunta repentina. E disse, logo após um suspiro:

-Eu me sinto muito culpado por aquele dia, se é pra ser sincero. Foi um dos motivos que eu queria vir pra cá. Pra pedir desculpas, pra me redimir. É só que, depois daquele dia do acidente, parecia que você já havia superado...-ele escolhia as palavras, também- Não queria te preocupar mais- e me encarou, seus olhos demonstravam tristeza, sinceridade, mas minha cabeça ainda tinha muito a tirar a limpo. Eu ri irônica.

-Mas não esqueci. Acho que nem tem como eu esquecer desse dia. Você não sabe como é, não é? Ir em outras festas, mas nunca na piscina por causa de um trauma de infância, ou evitar até hoje de ir na parte funda da piscina - respirei fundo, na tentativa de me acalmar- Eu tentei esquecer, mas com a sua volta, ficou ainda mais difícil.

-Eu achei que você havia mudado, vendo sua preocupação comigo, ainda acho. Mas pra mim é impossível não ter isso martelando na minha cabeça toda a noite com você do meu lado- continuei, vendo seu silêncio. E você ainda não respondeu a minha pergunta. Por quê fez isso?- perguntei, com uma tristeza no peito.

Nathan abaixou a cabeça.

- Eu não sei, tá? Não sei!- parecia lutar contra o próprio passado.- Eu só tava andando pela festa, afim de uma garota, eu a seguia pra todo canto. E com a minha mentalidade infantil, achei que alguém te salvaria! Principalmente alguém que soubesse nadar, já que não era meu caso. 

-E você acha que isso é motivo?-eu estava indignada, e saiam lágrimas de raiva e de tristeza dos meus olhos.

- Não, não, não! Não chora, por favor!- pediu, segurando meu rosto e secando minhas lágrimas com os dedos- Isso não era motivo! isso não é motivo! 

 No final da festa eu te procurei, mas não te achei, então fui pra casa. No dia seguinte, minha mãe me disse o que tinha acontecido com você. Eu me desesperei, e morri de culpa. Eu me escondi de você o máximo que eu pude pra não ter que me sentir mais culpado ainda. E foi que três dias após esse acidente meu pai me disse que iriamos para São Paulo. 

  Lá em São Paulo foi tudo muito diferente pra mim. Eu não tinha minha melhor amiga, e nem podia falar com ela, por ter feito uma borrada. Passei esses últimos anos com a culpa me consumindo, e tomei coragem de uma vez por todas, pra te encarar de novo, só agora. Chegando aqui,vi que você não tinha mudado nem um pouco- eu já tinha até parado de chorar, quando ele fez uma pausa-Só sua aparência claro- eu ri. 

  Eu quis ir reconquistando sua amizade pouco a pouco, mas já que você tocou no assunto... Isso tudo que eu falei, ainda não justifica nada, e eu sei disso. Eu fui egoísta, Bella. Não pensei nas consequências dos meus atos, e você sabe disso melhor que ninguém, mas eu sinto muito! Você mesma disse que eu mudei, não é? Sim, Bella, eu mudei, e mudei pra melhor. Não sou mais aquele menino egoísta de anos atrás. As situações da vida me fizeram amadurecer, a perda da minha melhor amiga, a culpa, tudo. Eu não tinha noção das coisas naquela época, e sei que isso não muda nada. O que está feito está feito, mas....perdão.

 Talvez você nem me perdoe, mas saiba que era o que eu mais queria.

-É claro que isso muda. Você mudou, você está arrependido. E eu não acho que alguém tão preguiçoso fale tanto assim quando não está sendo sincero-brinquei.- É claro que eu te perdoo.

-Sério?- perguntou e eu assenti com a cabeça.

-Mas sem noção você é, foi e sempre será, nunca esqueça disso!-brinquei.

Revival: Descobrindo Quem Sou...Onde histórias criam vida. Descubra agora