Wake Me Up When September Ends

183 15 2
                                    

O verão chegou e passou.
Os inocentes nunca podem durar, então me acorde quando setembro acabar.
[...]

Lá vem a chuva de novo, caindo das estrelas, encharcado na minha dor de novo. Nos tornando quem somos...
Enquanto a minha memória descansa,
m

as nunca esquece o que eu perdi, me acorde quando setembro acabar.


Wake Me Up When September Ends –
Green Day

O verão estava acabando, os dias não eram mais tão quentes como antes e o céu não começava mais em azul e terminava em laranja. Dulce sugeriu irmos para o lago hoje ao invés de Santa Mônica, que era o nosso lugar favorito, estou bem com isso porque eu estou com ela e só isso importa.

   Dulce María é o que importa para mim.

  

O lago River era como um escape para nós, anormais, desalojados e deslocados. Peguei algumas garrafas de vodca e coloquei na minha mochila, Dulce amava nadar de madrugada e isso seria como uma despedida do verão, porque foi o verão que trouxe Dulce para mim e eu agradeço o universo por isso, ela era o meu setecentos e setenta e sete, ela era o meu anjo. Coloquei a mochila nas costas e atravessei o meu quintal, indo até a sua porta que logo foi aberta por Dul, gargalhando e fazendo um sinal para eu me manter calado até descermos os pequenos degraus de sua casa.

— Consegui uma boa para a gente. — ela mostrou orgulhosa o pequeno pacote transparente com alguns comprimidos dentro.

Dulce foi a única pessoa capaz de me fazer usar drogas, eu confiava nela para enlouquecer em paz e ela confiava em mim. Éramos como planetas colidindo quando o entorpecente batia, éramos infinitos. Entramos na floresta, nos sentindo exploradores. Dul estava ansiosa para se drogar e eu apenas olhava o seu rosto vermelho e eufórico tentando encaixar sua mão dentro da minha quando nós sabemos que elas apenas não se pertencem.

       A vida tem sido dura com ela.

— No que está pensando?  — perguntou, tirando um cigarro detrás da orelha e acendendo o mesmo.

— Nada demais. — menti, estava imaginando seus lábios nos meus.

— E o que nada demais estava fazendo com você? — questionou, soprando a fumaça que dançou pelo ar e mordeu os lábios inferiores.

Eu apenas ri brevemente, odiava quando Dulce María me fazia corar feito uma criança envergonhada, mas talvez eu realmente fosse essa criança. Peguei o cigarro de seus dedos e o traguei, expelindo a fumaça para cima e fechando os olhos, sentindo todo o meu pulmão gritar por mais ar e todo o meu ser gritar por mais de Dulce.

A ruiva correu para o lago, logo assim que o vimos, o local era apenas habitado por nós, era tão escuro que andávamos com lamparinas ao invés de uma lanterna porque era mais legal assim, Dulce deixou a sua no chão enquanto eu chegava onde ela estava. Coloquei a mochila cuidadosamente no chão e forrei algo para sentarmos, ela pegou o cigarro de volta e o tragou, terminando com um lindo sorriso.

— Vamos nadar pelados? — era como se ela implorasse por isso.

— Não, de jeito nenhum. — disse imaginando o que teria na água naquela hora da madrugada.

Com amor, Christopher Onde histórias criam vida. Descubra agora