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Já era tarde quando Eddie atravessou a janela do quarto de Steve, derrubando uma série de produtos de cabelo e decorações que ficavam na cômoda recostada à parede esquerda do quarto. Do cômodo ao lado conseguiu ouvir a voz da matriarca da família perguntando o que havia acontecido e se estava tudo bem com o filho, que apenas deu uma desculpa esfarrapada enquanto trocava nervosamente olhares entre a porta e o namorado que agora tinha as sobrancelhas franzidas e o lábio inferior entre os dentes.

— O que você tá fazendo aqui? — Steve sussurrava próximo ao mais velho, a voz tensa e a cara de poucos amigos — Achei que seu tio estaria em casa hoje.

— Senti saudade do meu namorado... — ele disse de maneira simplista, lançando ao mais velho o olhar de cachorro que caiu da mudança atrelado a um sorriso de lado que sabia que sempre o fazia ceder.

O loiro revirou os olhos, mas amoleceu a postura quando sentiu os braços do Munson tomarem sua cintura assim que virou as costas para o mais novo. Eddie distribuía beijos ternos em seu pescoço, inebriando-se do perfume alheio e aconchegando-se cada vez mais na tez morna e macia do namorado.

Steve desmontou um pouco com as carícias recebidas. O moreno era definitivamente a pessoa mais carinhosa que conhecia — o que ia na contramão de tudo que acreditavam quando o viam pela primeira vez. Eddie visitava o seu quarto às escondidas praticamente todos os dias, enfiava bilhetinhos no bolso de suas calças sempre que via a oportunidade e ia à locadora pelo menos duas vezes ao dia apenas como desculpa para vê-lo. Ele gostava de ler ficção, de sorvete de menta com chocolate e você provavelmente nunca o encontraria sem pelo menos quatro anéis nas mãos. Steve não entendia quando havia passado a amar cada mínimo detalhe sobre Eddie Munson, mas o fazia. Amava o garoto com todo o coração.

— O que foi? — o moreno perguntou, deitado na cama de casal espaçosa do mais velho.

— Nada... Você não apareceu na locadora hoje — comentou —, aconteceu alguma coisa?

— Dia cheio na oficina, gatinho — o apelido causando um arrepio na coluna de Harington — Você começou a ler o livro que eu te emprestei?

Steve torceu o nariz e deitou ao lado do namorado

— Você sabe que essa coisa de nerd não é pra mim...

— Senhor dos anéis não é coisa de nerd!

— Ei! Fala baixo, você quer que meus pais peguem a gente? — repreendeu, dando um tapa no braço alheio enquanto lançava olhares nervosos para a porta trancada do quarto. — Além disso, o Henderson leu? Wheeler? Sinclair?

— Leram, mas-- — ele não deixou Eddie concluir.

— Então é coisa de nerd, sim!

— Qual é, Ste, você nem mesmo deu uma chance!

Eles se encararam em silêncio por um momento.

— Tudo bem... Mas, com uma condição! Lê pra mim? — pediu, com um biquinho ridículo fazendo com que o moreno revirasse os olhos e bufasse baixinho, para só então pegar a cópia surrada que descansava no criado mudo.

Não havia nada no mundo que Steve Harington não pedisse que Edward Munson não faria.

O mais novo tinha as costas encostadas na cabeceira de madeira da cama, as pernas abertas e o corpo no namorado entre elas. Uma de suas mãos segurava a cópia de "A Sociedade do Anel" que havia entregue ao loiro em um dos dias em que o mais velho havia passado em seu trailer, enquanto que a outra embrenhava-se nos fios loiros, acariciando gentilmente o couro cabeludo e recitando para si a história detalhadamente escrita por J.R.R. Tolkien.

Steve ouvia com atenção — ou ao menos tentava — as palavras melodiosas que saíam da boca do namorado, mas era difícil concentrar-se com o toque suave em seus cabelos, com o cheiro do perfume misturado a nicotina tomando seu quarto, e com os desenhos gravados na pele tão próximos do seu toque. Mesmo sem perceber passou a dedilhar o braço de Eddie, desenhando estrelas invisíveis em cima das cicatrizes de todas as incontáveis brigas que havia se metido, contornando com curiosidade todos os desenhos que uma vez foram marcados com tinta e agulha na pele alheia.

De certa forma as tatuagens transmitiam bem quem Edward Munson era.

Porque ele era toda a beleza por trás da dor.

Todo o segredo escondido e bem guardado o qual Steve era o único que tinha o direito de explorar.

Ele traçou viagem por toda a extensão do braço alheio, entrelaçando os dedos por fim, fazendo que por um segundo o mais novo parasse com a leitura — que a aquele ponto Steve nem mesmo sabia sobre o que era —, e lhe desse um sorriso terno e brilhante com direito a covinhas e olhos que transbordavam de amor.

Caralho, como era sortudo.

drew stars | steddieOnde histórias criam vida. Descubra agora