A neblina etérea, as vozes ecoadas e o sentimento de confusão no espaço-tempo permitiram Xiao perceber que estava sonhando, simplesmente.
Raramente sonhava. Isto é, raramente tirava uma noite para dormir inteiramente também; e se ocorria, seus sonhos eram apenas uma escuridão profunda ou memórias fragmentadas de seu passado e karma que nunca o deixariam. Já estava acostumado, para falar a verdade.
Por isso, quando ouviu um suspiro lânguido ao seu lado, mas que transmitia uma sensação desconhecida que não era sofrimento, percebeu que algo estava errado. E só então parou para tomar consciência de se eu do sonho, de seu corpo e de onde estava.
E, com isso, tomou consciência de quem estava ali com ele também.
Os fios dourados, emaranhados e enredados se espalhavam por todo o lençol de cor branca da cama em que estava deitado. Sua visão não precisava focalizar para saber que era Aether ali, junto dele. Mas o engraçado era que o loiro parecia não ver Xiao ali, pois ele sequer notava sua presença. Era como se ele fosse um simples espectador em seu próprio sonho, sem poder interagir com o que acontecia ao seu redor.
Ouviu outro daquele suspiro.
Um pouco transtornado, finalmente prestou atenção no que ele estava fazendo. Seguiu as mãos longas de dedos finos de Aether. Elas... tocavam o próprio corpo, de leve e sem pressa; as unhas raspavam na pele branquinha de da barriga dele, e o ar faltou a Xiao quando subiram para dentro da blusa, onde o namorado aparentemente alcançou os próprios mamilos.
O Yaksha não entendia. Aether estava gostando disso? Era bom? E por que raios seu rosto estava queimando assistindo tudo aquilo? Não que fosse completamente ignorante à existência de prazeres carnais daquele tipo, mas não sabia como toda a ação funcionava de fato e nunca sequer teve vontade de ir atrás desse tipo de conhecimento.
Mas, agora, estava surpreso, pois não se viu completamente contra a ideia de fazer algo do tipo com Aether. Perguntou-se se ele também tinha vontade ou pensava nesse tipo de coisa com ele.
Ouviu a respiração do loiro ir descompassando aos poucos, tornando-se sem ritmo e difícil dele mesmo controlar. E então viu sua mão esquerda dele descer lentamente, e demorou muito tempo para Xiao perceber o que ele estava prestes a fazer.
O Adeptus jurava que ia explodir de constrangimento. Abriu a boca para tentar dizer algo, mas Aether dos sonhos não o ouvia. Os barulhos molhados e mais eróticos que Xiao havia escutado na vida ecoaram pelo quarto, e ele não sabia mais se estava com o rosto ardendo de vergonha ou porque... não estava desgostando do que via. Sentiu uma queimação estranha e inédita percorrer os cantos de seu corpo até a ponta de seus dedos.
— Aether... — sussurrou baixinho, mas dessa vez não na intenção de chamá-lo, mas sim o apreciando, adorando-o intensamente enquanto acompanhava seus movimentos de carícia debaixo da malha fina de seu shorts.
O namorado gemia, sôfrego e sem parar, e Xiao se perguntou se ele seria assim na vida real também. Mesmo que não fosse, Aether sempre o surpreendia de alguma maneira, não importa o que fizesse.
A garganta do Yaksha estava seca e seu corpo, em chamas e formigando. Não conseguia mais pensar direito e racionalmente, tamanha a intensidade da cena que estava presenciando. Com a pessoa que amava... era realmente ele ali.
Sua mão se ergueu em um reflexo, indo na direção da pele de Aether. Queria tocá-lo e senti-lo também; queria fazer parte do que estava acontecendo e poder dar prazer a ele, mais do que ele estava dando a si mesmo. Porém, quando estava prestes a encostar na tez fervendo do namorado, o loiro virou o rosto para ele, encarando-o com os olhos dourados e brilhantes, como se finalmente tivesse conseguido vê-lo ali.
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First Love, Late Spring
FanfictionXiao, em toda a sua longa vida, nunca achou que ficaria tão rendido por gestos tão mundanos como relacionamentos e amores. Mas, talvez, só pensasse dessa maneira porque ainda não havia conhecido Aether.