A denúncia

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Quando crescemos, nossos pais nos dizem que temos sempre dois caminhos para trilhar na nossa vida e cabe a nós decidir qual deles seguir. A partir daí, temos que encarar todas as consequências dessas escolhas, sejam elas boas ou ruins.

Tem também o fato de que nós colhemos tudo o que plantamos e isso é uma merda, pois não me lembro de ter plantado alguma coisa ruim o suficiente para ter uma foto do pênis de Caleb Hills sendo esfregada na minha cara em plena terça-feira às 10:30 da manhã.

Eu estava infeliz. Havia passado a noite anterior em claro tentando terminar um enorme trabalho de Cálculo II e agora estava sentada na cadeira por quase 20 minutos apenas escutando os surtos de Alison Denver, a garota que recebeu tal foto.

Ser representante de turma não é fácil. As pessoas chegam com todos os tipos de ideias, dúvidas e problemas e acredite em mim, ver o pênis de alguém que eu nunca conversei não era para estar incluído nisso.

Como eu me tornei representante de turma? Não foi por escolha, apenas a pura e espontânea pressão. Veja bem, eu, Melina, fui uma das pessoas que se prontificaram a estar na linha de frente para apoiar a expulsão de um professor que não fazia nada além de se aproveitar de seu cargo, abusando do poder e torturando os alunos. Rumores ainda correm pelos corredores da Universidade de que ele usava régua para bater nos alunos mais novos.

O movimento contra esse professor foi bem sucedido e ele acabou sendo demitido. Então, depois disso, surgiu a ideia de cada turma ter um representante, ou seja, alguém para levar tudo nas costas e como ninguém gosta de ter responsabilidades rodeando suas cabeças, me nomearam e eu não tive uma chance sequer de negar.

— Eu quero saber o que você vai fazer sobre isso. – perguntou. – Pelo amor de Deus, isso é ridículo. Eu não entrei para a faculdade para ficar recendo fotos de paus aleatórios e ainda por cima feios.

— Bom, há algumas opções, como por exemplo, entrar com um processo contra ele, mas saiba que isso tem toda uma burocracia e...

— Não quero saber de burocracias, Brixton. – Alison cruzou a perna. – Eu quero que ele seja expulso do time de basquete.

— Ah...

— "Ah"? – repetiu. – Você viu a foto, as conversas no aplicativo. Eu me arrisquei vindo até aqui só para falar com você porque ainda fui ameaçada e você começa com essa história de burocracia.

— Eu realmente entendo que você esteja ofendida com isso e vou te ajudar em todo esse processo, eu prometo, mas tem que ter muita paciência. – respirei fundo. – É um processo longo e Caleb também terá chance de provar a própria inocência.

— Isso é ridículo. – bufou. – Eu passo por toda essa merda sozinha e ainda tenho que ouvir que ele tem a chance de recorrer.

— Eu sei. – disse. Estava realmente cansada para debater aquilo e foi aí que a ideia mais estúpida passou pela minha cabeça. – Eu poderia conversar com ele para saber o porquê de ter feito isso. Em seguida, já aviso que ele enfrentará um julgamento sobre o assunto e aí poderemos fazer o registro do caso.

— Eu não posso simplesmente já fazer esse tal registro?

— Vamos construir algo sólido primeiro, tudo bem? – pedi. – Você pode pegar meu número e quando eu já tiver terminado de falar com ele, entraremos com o registro.

— Tanto faz. – Alison bufou novamente.

Silêncio total.

Dei uma última olhada na foto e engoli em seco. Alison riu presunçosamente e pegou o celular assim que o devolvi. O pênis era grande, mas estava longe de mim julgar, já que não havia assistido tantos pornôs para saber os tamanhos diferenciados.

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⏰ Última atualização: Jul 19, 2022 ⏰

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