I Want You ☆ Bang Chan

23| O Amor Está no Ar

Eu fazia meu skincare enquanto ouvia minha playlist preferida no celular quando ouvi baterem na porta do quarto.

Termino de ajeitar a máscara e caminho com o queixo um pouco erguido para que ela não caísse do rosto. Espio pelo olho mágico e vejo Felix com as mãos entrelaçadas acima da barriga, esperando como uma majestade que eu abrisse. Balanço a cabeça rindo sozinha da cena e abro a porta para o garoto. Assim que dá de cara comigo, Felix finge que se assusta e ri de minha reação. Dou um tapa de leve em seu braço e o convido para entrar. 

— Cadê a Ma? — estranho o apelido. Desde quando ele chama minha irmã assim? 

— Ela saiu pra imprimir uns documentos. Só volta mais tarde — explico, tirando algumas coisas de cima da cama. — Vem, senta aqui! 

Ele obedece e senta na cama com as pernas cruzadas em borboleta. Faço o mesmo e me ajeito de frente para o garoto. 

— Tem refrigerante? — seguro o riso e confirmo. Ele veio aqui só pra beber meu refrigerante? — Valeu! Você quer também? — nego e ele agradece, correndo até o frigobar e voltando com uma lata de Coca-Cola na mão. 

Tiro alguns fios de cabelo que tinham grudado em minha máscara facial e limpo os dedos em um lenço umedecido. 

— Não sabia que você cuidava da sua pele — o encaro contrariada. O que ele está insinuando? 

— Ya! É claro que cuido da minha pele! 

Maldita hora que me aproximei de Felix a ponto de fazermos brincadeiras um com o outro o tempo inteiro. Intimidade é uma merda. 

— Que seja — o platinado dá de ombros. — Quero fazer também. 

Ele pega um espelho dentro de minha necessaire sem minha permissão. Suspiro e o entrego alguns discos de algodão e produtos para limpar a pele. 

— Você tem outro desse pra me emprestar? — aponta para minha tiara de skincare — Não quero molhar meu cabelo. 

Faço uma careta e estico o braço para pegar outra na gaveta. Era de Maria, mas não acho que ela vá se importar se eu emprestar para ele. Seria uma pena mesmo se ele molhasse os cabelos, eles estavam tão lindos e bem alinhados deixando apenas um pouco de sua testa à mostra; não devia deixá-lo estragar isso.

O entrego o objeto e ele reclama pelo fato da minha tiara ser de gato e a dele de cachorro, alegando que ele gosta muito mais de gatos do que eu, e eu penso seriamente em expulsá-lo de meu quarto. 

Depois de muita reclamação dele e alguns gritos meus, o garoto finalmente colocou a faixa e começou a limpar o rosto. Não me admira que ele tenha tanta prática nisso, sua pele é completamente perfeita. 

— Maya — afasto o espelho e olho para o garoto —, sabe que você é a minha futura cunhada preferida, né?! 

— Hum... sei — aperto os olhos desconfiada e ele finge se ofender com minhas suspeitas. 

— E só porque você é minha futura cunhada preferida eu vim dedurar uma coisa que eu vi — provavelmente ele contaria mesmo se não gostasse de mim, porque Felix é fofoqueiro. 

— Não me diga que é uma bomba? — zombo do garoto, fingindo surpresa. 

— Já que você tá me zoando, eu não vou mais contar. 

Felix fica adorável emburrado. Não tem nada mais fofo do que vê-lo com um biquinho enquanto cruza os braços. 

— Desculpa, Lix! Juro que não vai mais acontecer! — faço uma figa com os dedos — Pode me contar agora? 

— Certo! — ele se animou novamente e se ajeitou depressa na cama, ficando mais perto de mim — Eu vi uma garota entrando no quarto do Chris. 

Ele susssurrou a última parte como se me contasse um segredo e eu senti meu estômago embrulhar. Então Letícia foi mesmo contar a ele... 

Por que ouvir isso me deixou tão tonta? E por que estou me sentindo enjoada de repente? Não posso nem perguntar para Chan qual foi a resposta dele à confissão da garota porque não tenho esse direito. Afinal, nós não temos nada. 

Eu não devia ter dito pra ela ir. Droga. 

— Maya? — sinto a mão de Lix passar na frente de meu rosto e desperto dos meus pensamentos — Tá tudo bem? 

— O que? Ah, sim! — respondo apressada fingindo não me importar — Eu já sabia que ela iria até lá, tá tudo bem! 

— Mesmo? — ele me olha confuso. 

— Mesmo! 

Desvio meu olhar do garoto e ficamos os dois em silêncio por algum tempo, até que ele pigarreia, chamando minha atenção. 

— Já que eu te contei uma coisa que podia ser do seu interesse... será que você podia me ajudar em algo? 

— Claro, Lix! — me forço a esquecer o fato de Letícia ter estado no quarto de Chan — O que é? 

— Na verdade eu só queria te perguntar uma coisa. 

— Vai em frente — gesticulo com as mãos. — Vou responder qualquer coisa que você quiser. 

Ele pensa duas vezes antes de falar. Sei disso porque já conheço a cara de hesitação que Felix faz quando está em dúvida sobre dizer algo ou não. 

— Você acha que sua irmã aceitaria sair comigo? 

Tento me segurar para não chatear o garoto, mas acabo explodindo em uma gargalhada extravagantemente alta. Ele só pode estar de brincadeira. 

— Não acredito! — tampo a boca, abafando minha risada — Você gosta da Maria, Lix?! 

Felix estava claramente envergonhado, olhando para o chão enquanto eu o fuzilava com o olhar. 

— Não! Claro que não! — eu ri internamente de seu desespero tentando se explicar — Não gosto dela! Eu só queria chamar ela para sair... como amigos!

Somente amigos. Eu conheço esse argumento melhor do que ninguém. 

— Certo... — finjo acreditar — Então você não gostaria que eu perguntasse à Maria o que ela acha de você, né? 

— Você faria isso? — seus olhinhos puxados adquiriram um brilho enorme ao perguntar. 

— Claro! E, respondendo a sua pergunta... acho que ela aceitaria sim sair com você. 

— Sério, May?! — rio do apelido fofo que ele acabou de me dar — Obrigado! 

O sorriso largo do garoto se iluminou e eu me dediquei a observar por bastante tempo a cena doce que era Felix começando a gostar de alguém. 

— E só pra você saber... você também é meu futuro cunhado preferido, Lix.