André
Vejo aquele menino entrar no carro e vou andando em direção à minha casa, eu moro perto da escola então não demoro muito para chegar ao meu destino.
Já na sala eu deixo minha mochila no chão, tiro meu tênis e fico pensativo no sofá. Começo a pensar no garoto do corredor e em como ele é atraente, eu sempre soube que era bissexual, mas nenhum menino havia chamado tanto a minha atenção como esse garoto, ele é diferente, não tem a mesma energia dos outros.
Deixo esses pensamentos de lado e vou para a cozinha fazer algo para comer, quando chego vejo que meu pai deixou um bilhete na geladeira avisando que ele chegaria mais cedo, fiquei feliz pois já havia dois dias que não conseguia conversar com ele. Meu pai é policial, e desde que minha mãe morreu ele passa mais tempo trabalhando do que em casa.
Começo a fazer um pão com ovo, pelo simples fato de estar com preguiça de fazer um almoço com arroz, feijão e etc. Quando eu termino de comer vou arrumar a casa e depois vou descansar. Enquanto estou deitado saio buscando pelo menino nas redes sociais, eu não sei qual o nome dele, então vou entrando no perfil de todas as pessoas que possivelmente poderiam ter feito amizade com ele, mas eu não consigo achar nada.
Algumas horas se passam e eu ouço o barulho da porta abrindo, vou em direção a sala e vejo o meu pai trancar a porta, quando me vê, ele abre os braços como se me pedisse um abraço, meu pai sempre foi assim, ele nunca demonstrou muito os seus sentimentos, mas com o tempo eu aprendi como ele diz "te amo".
- Como foi a aula? - ele me pergunta enquanto tira seus sapatos.
- Foi boa, tive prova e esbarrei em um menino novo - respondo e vou ajudar ele a guardar suas coisas.
- Bonito?
- Como? Não ouvi - pergunto sinceramente.
- Perguntei se o menino é bonito.
- Normal, por que está me perguntando se ele é bonito?
- Você normalmente não fala de alguém em quem simplesmente esbarrou - ele me responde e solta uma risadinha.
- Você me pegou - dou uma risada leve - eu achei ele bonito sim, mas não é só isso - suspiro desviando o olhar do dele.
- Continua.
- Ele parece ser diferente das outras pessoas, não posso afirmar porque não conheço ele, mas eu sinto.
- Eu sei como é, foi assim com a sua mãe, se aproxima dele - ele fala e me olha de um jeito acolhedor - se for pra vocês ficarem juntos, vocês vão.
- Mas eu acho que ele não gosta de mim, eu fui meio babaca com ele.
- Então contorne essa situação, faça com que ele confie em você primeiro e depois vai demonstrando suas intenções lentamente.
- Isso não é coisa de gente velha? Fora que ia demorar muito - falo e faço uma cara de tédio.
- Então seja direto, corre atrás da sua humilhação - ele me responde com um tom de humor na voz.
- Você não esta me levando a sério né?
- Eu to, você que não quer me ouvir - vejo ele ficar sério - se você foi "babaca", como você mesmo disse, não vai ser fácil ter algo com ele.
- Isso eu sei.
- Só se ele for trouxa, ai você vai ter uma chance - ele fala vai em direção ao banheiro.
Volto para a sala e continuo pensando nas coisas que meu pai me disse, se eu quiser alguma coisa com esse menino eu vou ter que me esforçar.
QUEBRA DE TEMPO
Já passou uma semana desde que eu falei com o Luca, o menino do corredor, eu descobri o seu nome enquanto tentava me aproximar dele e falhava miseravelmente. Dois dias atrás eu descobri que ele esta ocupando uma das vagas de bibliotecário aqui na escola, e eu decidi que também iria me candidatar, hoje eu vou começar a trabalhar lá e já estou arrependido.
Quando entro na biblioteca eu o vejo sentado olhando alguns livros e os separando por gêneros.
- Oi - falo e vejo ele levar um leve susto - desculpa, não queria te assustar.
- Não assustou - dou um sorriso quando percebo que ele esta vermelho - o que você quer?
- O que você esta fazendo?
- Eu to sem paciência hoje André, não começa a me estressar, por favor - ouço ele falar e percebo que é a primeira vez que ele diz meu nome - fala logo o que você quer.
- Eu me candidatei pra uma das vagas de bibliotecário e aqui estou.
- Nem aqui eu vou ter paz? Por que você me pertuba tanto?
- Porque eu quero sua amizade, Luquinha querido.
- Não me chama assim - ele estala a língua e me olha desacreditado - você esta brincando sobre a vaga de bibliotecário?
- Não, aqui o meu crachá - mostro o cartãozinho com meu rosto - gostou da foto?
- Eu não acredito... estou vendo que não vou ter paz - ele apoia a cabeça na mesa enquanto fala.
- O que eu posso fazer? - pergunto e vejo ele me olhar pensativo.
- Já que eu não tenho outra opção, vai guardando esses livros em suas devidas seções.
- Sim senhor, capitão! - faço uma continência e ele finalmente me da um sorriso, mas quando percebe volta a ficar sério.
E assim o dia seguiu, confesso que não sabia que ser bibliotecário era tão cansativo, agora entendo o porquê do Luquinha estar tão estressado, ele teria que separar e guardar uns 80 livros sozinho se eu não aparecesse para ajudar.
Durante todo o período de trabalho eu tentei conversar com ele, algumas vezes ele me ignorava e outras me respondia. Sinto que me candidatar para essa vaga foi um grande passo, não vejo a hora de sermos mais íntimos.
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Mais Um Clichê Adolescente (Romance Gay)
RomanceTudo começou quando eu estava no 2° ano do ensino médio, eu só era mais um no meio de centenas de alunos, ninguém além dos meus amigos e professores lembravam que eu existia. Desde sempre eu soube que era diferente dos outros meninos, eu sabia que e...