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Nαtαlie

Hoje é um dia ensolarado. Minha família e eu iremos rever os Borsoi. Mais precisamente, eu irei rever Antônio. Meu melhor amigo desde que me conheço por gente. Eu espero que nada tenha mudado entre a gente nesses últimos 2 anos que ficamos sem nos ver. A família Borsoi teve que se mudar pra a França a trabalho quando nós tínhamos 16 anos. Uma semana atrás completei meus 18 anos mas Antônio também não pode vir. Nem sempre nossos encontros dão muito certo, considerando que moramos em países diferentes. Esta manhã, eu e minha família embarcamos do Brasil a França para um jantar na Casa dos Borsoi's, se é que se pode usar o termo "casa" já que lá está mais para uma mansão.

Chegamos às 18:00 e eu entro em meu quarto no hotel para poder me arrumar.

—Natalie? - chama minha mãe com curiosidade na voz.

—Oi - respondo

—Você viu meu batom rosa glacê? Tenho certeza que o coloquei em minhas necessaries - diz ela

—Credo mãe, você realmente iria usá-lo? - respondo com tom de deboche na voz. Sinceramente, essa cor não cai nada bem em minha mãe.

—O quê? - ela me olha indignada. 

—Não é porque não fica bom em você, que precisa ficar ruim em mim. - ela diz

—Ok então - respondo rindo.

—Aqui, usa o vermelho. Vai ficar linda, confia em mim - respondo confiante

—Melhor ouvir sua filha Nadine - reponde meu pai e caímos na gargalhada.

αlgumαs horαs depois..

—Estamos prontas. Vamos? - falo com animação em minha voz.

—Finalmente - responde meu pai impaciente que esperava por mim e minha mãe no andar de baixo.
Estou usando um vestido curto e branco, com um par de sandálias também brancas. Na pele há apenas um pouco de corretivo, iluminador e um lindo batom vermelho, como o de minha mãe que não pode faltar.

Chegamos à casa dos Borsoi. A vista daqui de fora é tão linda, mal posso esperar para conhecer lá dentro. Ao chegamos na porta, somos recebidos por Renata, mãe de Antônio e minha segunda mãe.

—Meu Deus, Natalie como você cresceu!! Está do meu tamanho e está a cara da sua mãe - diz ela me dando um abraço caloroso e eu retribuo.

Olhando atrás dela, vejo os três irmãos Borsoi: Francisco, Zé e... Antônio. Vou correndo para abraçá-lo e ele sorri retribuindo o abraço na mesma intensidade.

—Que saudade que eu tava de você, Naty - diz ele perto ao meu ouvido. Eu amo ser chamada de Naty, mas só por pessoas específicas. Eu sinto um leve arrepio percorrer em minha pele. Ele estar tão perto de mim depois de algum tempo parece meio desconfortável. Não é a mesma coisa.

—Também estava com saudades - falo e o abraço mais forte ainda. O Antônio é a minha pessoa favorita no mundo e revê-lo me traz tantas lembranças que me leva de volta a tantas memórias. Quando morávamos um do lado do outro e de manhã cedo íamos à praia para nadar. Quando eu ficava doente e ele ficava o tempo todo ao meu lado. Quando sua mãe Renata dizia que estávamos destinados a ficar juntos pelo resto da vida. Quando fizemos a promessa de dedinhos que nunca e nada nesse cruel mundo poderia nos afastar. Talvez a distância fosse um problema. No próximo ano,  Antônio não irá para mesma faculdade que eu. Não sei como lidaremos com isso ainda. A ideia de passar pelo menos um dia longe dele, me parece horrível. Ele é como um porto seguro para mim. Do tipo que eu nunca mais quero ter que soltar. Fico imersa nos meus pensamentos quando Antônio fala comigo.

—Naty, quer ver o seu quarto? - pergunta ele olhando pra mim.

—Sim sim, vamos - respondo ansiosamente saindo do transe que meus pensamentos me permitiram entrar.

Andamos um pouco por alguns corredores até chegarmos ao meu quarto.

—Este é o seu quarto que fica - ele espera um pouco e depois continua.
—Bem ao lado do meu.

Um sorriso se forma em seu rosto o qual eu retribuo.
Eu sempre me peguei imaginando se poderia rolar alguma coisa entre nós dois. Não somos mais aquelas duas crianças de 10 anos que éramos. Antônio está um gato, sinceramente. Eu não sei se ele pensa o mesmo a respeito mas, acho que podemos descobrir.

ᙖ〇ᖇᔕ〇Ɨ  ᒪ〇ⅤᕮᖇOnde histórias criam vida. Descubra agora