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αntônio

Naty está diferente. Há algo nela que não é o mesmo e cara, ela estão tão linda como da última vez que me lembro. Seu cabelo que antes tinha um tom mais claro, agora está mais escuro. Seu olhos castanhos me lembram avelã. E sua pele, tão branca que me lembra neve. Suas bochechas cheias de sardas, tão lindas que eu poderia passar horas ou até dias só as admirando. Ela é um equilíbrio perfeito. Mas só eu posso saber disso. Eu nunca faria isso com a nossa amizade e tenho certeza que ela pensa o mesmo.

Alguns meses atrás, eu estive em um relacionamento que não deu certo. Mas não por minha parte. Ela não estava sentindo suficiente todo o amor que eu dera a ela e resolveu me trair. Hoje, já não me importa mais e Naty não sabe disso até porque é o tipo de assunto que não falamos dentro de casa. De qualquer forma, ainda acho que ela merece saber.

—Ei, você não quer dar uma volta na praia antes do jantar sair? - pergunto a Naty.

—Me parece bom - ela responde.

—Então, vamos lá - caminho ao seu lado enquanto passamos pelo corredor e chegamos a porta de saída e eu pego a sua mão. Ela me olha com certa incerteza mas logo pega minha mão e sorri.

—E então, qual o propósito dessa saidinha? - pergunta ela com curiosidade. Eu a olho confuso.

—O que? Nada, só queria passar mais um tempo com você antes de darmos atenção as nossas famílias.

—Ah qual é, vamos lá. Passamos 2 anos sem nos ver e você me aparece com uma dessas. O que? Vai me dizer que não fez nada de interessante, me conte - insiste ela

—Ok, você quem manda - fico receoso por um longo tempo e percebo que ela notou que o que vem a seguir não é uma conversa lá divertida. Quando penso que ela vai me questionar, ela pega minhas mãos as apertando e olha bem no fundo dos meus olhos. Tão fundo que poderia perfurar minha alma facilmente.

—Olha aqui - diz ela agora com as duas mãos em meu rosto. —Você sabe muito bem que pode me contar tudo né?

—Eu sei, é só que. - continuo —Eu estive em um relacionamento nesse último ano.

—O que?? E porque não me contou? - ela fala quase que indignada e dá um tapa em meu braço me fazendo rir muito.

—Agora estou contando não estou? - ela não responde e a seguir continua.

—Porque você parece tão receoso ao me contar isso? - ela indaga

—As coisas não acabaram bem. Depois de um tempo, ela começou a me trair com vários caras.

—Ai meu Deus, quem é essa vadia?? - ela pergunta agora com uma face um tanto aborrecida.

—Você não conhece, de qualquer maneira não importa mais. Eu estou tentando deixar isso no passado. Não posso levar isso comigo para sempre mesmo que tenha me machucado pra caralho. - tudo que eu estou dizendo pra Naty, é verdade. Por um tempo deixei isso me abalar de uma forma.

—Ok então, fico feliz por você - ela sorri olhando pra mim e por longos segundos ficamos sem falar uma sequer palavra, apenas olhando um para o outro. Um tipo de silêncio desconfortante até eu que quebrá-lo.

—Enfim, vamos? - falo coçando a nuca.

—É, vamos - fala ela olhando para baixo.

Não sei o que aconteceu aqui mas vou fingir que sim.