|O Homem da Sua Vida - 1/2|

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Junho de 1990.
Los Angeles, Califórnia.

Michael foi sempre o homem da sua vida, entretanto ele não imaginava isso. Momentos constrangedores e situações inesperadas aconteciam, e isso os deixava com muita vergonha um do outro. O Jackson era mais velho, o que o fazia recuar sempre que passavam dos limites.

Numa noite, ocorreu uma festa entre amigos, a qual vocês dois, por coincidência, foram convidados. Ambos não sabiam disso, até chegarem ao local e trocarem olhares disfarçadamente. Naquela noite, não trocaram palavras, não se cumprimentaram. Apenas deixaram o clima pesado no ar.

Harvey, o anfitrião, tinha outras intenções com você, Michael sabia disso, tanto ao ponto de discutir diversas vezes com o rapaz pelo modo como a tratava. Você era uma espécie de objeto, aquilo que seria descartado após uma noite.

Era tarde, você já bocejava de tanto sono e o salto alto estava lhe matando. Precisava ir embora o quanto antes, pois iria trabalhar no outro dia.

Harvey a surpreendeu, antes mesmo de você abrir a porta.

— Indo embora sem se despedir, gatinha?

— Harvey...

— Eu posso te levar, ou se preferir, pode ficar mais um pouco para se divertir... — Sorri maliciosamente.

— Não, obrigada. Posso chamar um táxi.

— Eu insisto. — Harvey segura o seu braço. — Vamos subir...

— Eu não quero.

— Não se faça de difícil. Sei que veio assim para me provocar. — Ele se aproxima do seu pescoço, sentindo o seu cheiro.

Ele era nojento.

De repente, alguém muito ágil desceu as escadas, à tempo de nocauteá-lo.

— Tire suas mãos imundas dela, seu desgraçado! — Michael cuspiu as palavras com raiva. Seu semblante era de ódio. — Está tudo bem? — Se dirigia a você, que estava encolhida na parede, sem reação. Instantaneamente, a sua voz voltou ao tom normal, doce e suave.

Um anjo.

— Atrás de você! — O alertou, porém o Harvey foi mais rápido: acertou a cabeça de seu herói com uma garrafa.

O Jackson caiu inconsciente no chão.

— Michael, acorda! Por favor! Alguém me ajuda! Socorro!

Will, o melhor amigo do assediador, veio ao escutar os seus gritos de desespero.

— O que houve?

— Foi o Harvey! Ele quem fez isso!

— Acalme-se! Vamos até o hospital!

Will não conhecia muito bem o amigo que tinha. Na sua cabeça, ele não faria uma coisa dessas.

Apesar do sangue e dos pontos na cabeça, Michael mal conseguiu se levantar no dia seguinte. A cabeça latejava e os pés pareciam não o sustentar. Você foi a primeira o visitar. Ao entrar no quarto, ele não parecia nem um pouco surpreso.

— Acho que mereço isso. — disse ele.

— Não diga isso. — O repreendeu em um tom suave.  — Eu não deveria ter aparecido naquela festa idiota, além de achar o Harvey um grande idiota.  — Riu.

Jackson ergueu o olhar para fitá-la.

— Não me refiro à somente ontem. Nos últimos meses fui muito duro com você.

—  Está tudo bem. Todos temos nossas diferenças, certo?

— Você é otimista. Eu não. Encaro os fatos por uma perspectiva diferente. Assim como você fará, quando for mais velha.  —  Acrescentou ele em tom amargo.

  — Farei aniversário no próximo mês!   — Disparou.  —  Já me formei na faculdade!

  — E há um mundo lá fora para você explorar!  — Retrucou Michael.  — Novas pessoas. Novos lugares. Novos homens. — Acrescentou de modo livre.

Você cruzou os braços sobre o peito.

— Não!   — O contrariou.

Jackson franziu a testa, mantendo os olhos fixos em ti.

— O que quer dizer dizer com "não"?

  Você mordeu o lábio inferior.

— O acha que os homens irão fazer se eu estiver à sós com eles? O que aconteceu com Harvey foi assustador. Se você não chegasse à tempo... — O seu sorriso de antes havia desaparecido.

— Venha cá.

Você se sentou na cadeira vaga ao lado dele.

— Nem todos os homens serão como ele. Harvey é um cretino e agora, certamente está na prisão, se lamentando.

— Nunca esperei algo desse nível vindo dele. Estou aterrorizada.

Jackson assentiu.

— Não o vi mais na festa desde o momento em que cheguei. Onde estava?

— No jardim. Preferia beber sozinho.

— Obrigada, Michael. Não deve ter sido fácil, já que tenho o constrangido desde o primeiro dia que o vi.

— E como poderia me constranger?

— Sei que não sou atraente e não sou a única à pensar assim.

— Não é atraente? Eu nunca me canso da sua beleza.

— Então por que você...

— Porque hoje pode sentir algo por mim, mas no futuro sei que irá preferir por rapazes mais jovens.

— Mas, Michael, eu sempre desejei você.

— Você é tão nova, deveria desejar alguém que pense as mesmas coisas. Sou um homem vivido, com muitas experiências.

— Está querendo dizer que sou inexperiente? — Mike fita o chão. — Em quais coisas me acha inexperiente?

— Em diversas coisas...Como no dia em que a beijei. — Disparou.

— Você não gostou?

— A senhorita ao menos me chama de "senhor". — Mudou de assunto, rapidamente.

— Por que você é assim? — Michael franze a testa outra vez. — Num instante diz coisas que eu gostaria de ouvir, e em outro, me trata como uma criança.

Seus olhos já lacrimejavam.

Sem respostas, você saiu do quarto, deixando-o sozinho. Ele havia sido rude novamente, e a magoou profundamente. 

Entretanto, Michael sabia o que lhe causou. Ele se sentia mal e com nojo de si mesmo, por chatear aquela que ele daria a própria vida se pudesse. Jackson a amava, mas tal sentimento por uma garota tão jovem e inocente era perigoso, para ambos.

Desde o bendito dia em que cruzaram os olhos pela primeira vez, não houve mais paz. Você sorriu para ele, e isso o deixou encantado, pois como uma criatura podia transmitir tanta alegria em um só sorriso. Os momentos em que passaram juntos, as tentações, o homem se controlava para não assustá-la.

A noite de seu primeiro beijo foi o auge de todo aquele sentimento. Ele havia bebido um pouco e depois se culpou por acontecer dessa forma. Segundo ele, tinha passado de todos os limites.

À ele, restava o trabalho de se afastar de você e esquecê-la completamente.

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Parte dois no próximo capítulo!

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