Promessas

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Foram tantos pedidos que Aether não poderia contar. Em seis meses de relacionamento, Albedo tinha sido um presente caído diretamente dos céus em sua vida, tinha apenas a agradecer a ele. Naquela noite em específico, Aether estava decidido a fazer diferente. Dessa vez aceitaria o pedido de namoro. Tinha conversado sobre isso com sua irmã gêmea, que insistiu para que ele parasse de enrolar o pobre coitado do Albedo e aceitasse logo o pedido. Estavam saindo há tanto tempo e ainda não tinham oficializado o relacionamento àquela altura, Lumine considerava isso um ultraje, um abuso.

Agora já não se sentia mais tão inseguro quanto ao que tinha com o alquimista, sabia que o relacionamento se tornava cada vez mais sólido conforme o tempo passava e isso o deixava bastante feliz. Claro, o medo de se entregar existia, mas agora bem mais brando do que antes. Talvez Albedo fosse mesmo o cara certo.

Se arrumou e trançou os cabelos, se aprumando para o encontro. Dessa vez iriam a um restaurante que Albedo estava louco para experimentar há algum tempo, depois provavelmente iriam para o porto observar o mar e as estrelas. Gostava de olhar o céu com o alquimista. Ele parecia conhecer todas as estrelas e suas histórias.

Ficava imaginando como seria a reação dele quando aceitasse o pedido. Albedo ficaria feliz? O beijaria apaixonadamente? Seguraria suas mãos? Só saberia quando o momento chegasse.

Albedo estava lindo como sempre. O tempo frio lhe dava a oportunidade de combinar as peças de roupa com mais variedade, embora Albedo não fosse das pessoas mais friorentas do mundo, ele gostava de sobrepor casacos às vezes pelo estilo mesmo. Aether sorriu ao vê-lo parado perto do restaurante o esperando e logo se aproximou, segurando-lhe a mão e entrelaçando os dedos de ambos. Trocaram um beijo carinhoso e breve e logo entraram no restaurante onde tinham reservado uma mesa para a noite.

A comida estava incrível, a companhia ainda melhor. Os dois conversavam sobre tudo, desde hobbies, teorias da conspiração, filmes e tudo mais que lhes vinha à cabeça. O jeito que o assunto fluía era tão gostoso que dava a sensação de que realmente eram almas gêmeas. Aether estava se controlando para não se iludir demais, não se iludir de novo, mas era bem difícil resistir ao magnetismo que ele sentia entre os dois. Ainda mais quando Albedo era tão carinhoso e gentil, e não o pressionava a nada, e respeitava seu tempo, seus temores. Albedo não tentou avançar o sinal nenhuma vez em todo o tempo em que estavam saindo; Aether se sentia genuinamente amado por aquilo. Achou que quando falasse sobre seu passado o alquimista se aproveitaria da primeira oportunidade para ter sexo com ele, mas isso não aconteceu. Albedo continuou pelos bons tempos, pela química, pelas boas conversas e pelos bons sentimentos. Pelo amor.

O coração de Aether se aquecia cada vez que Albedo o olhava nos olhos e dizia que o amava. Ah e ele também amava o alquimista, e como amava. Mas não queria se iludir, tinha medo de se entregar, mas seria mentira dizer que não queria fazer isso. Queria mergulhar de cabeça, se deixar levar pelas borboletas no estômago, acreditar que dessa vez... Ah, dessa vez seria diferente.

Normalmente Albedo o pediria em namoro enquanto aguardavam a sobremesa, mas dessa vez ele não o fez. Aether mordia a parte interna das bochechas. Aquele era um jantar especial e ele não tentaria daquela vez? Ele não pedia em todo encontro, mas normalmente nesses mais especiais onde iam a lugares mais românticos ele fazia o pedido. "Quem não arrisca não petisca", dizia sempre depois de ser negado mais uma vez quando Aether não estava pronto ainda. A ansiedade atacou mais uma vez. Se Albedo não pedisse naquela noite, Aether devia tomar a iniciativa e pedir ele mesmo? O que deveria fazer nesse caso?

Ao fim do jantar, os dois seguiram para a caminhada pelo porto. Albedo segurava a mão de Aether com os dedos entrelaçados aos seus, às vezes beijava delicadamente as costas da mão dele.

Sentaram-se no final do cais observando o céu aberto, as estrelas e a lua estavam lindas naquela noite. Aether ansiava pelo momento em que Albedo faria o pedido, mas já havia se passado algum tempo desde que chegaram ao cais e até então nada. Aether já estava ficando impaciente. Passado uma hora da chegada ao cais, Aether finalmente chegou ao seu limite de ansiedade.

-Albedo... Desculpa perguntar, mas você não pretende tentar me pedir em namoro hoje?

Primeiro Albedo ficou sem reação, mas logo ele desatou a rir pois a expressão no rosto de Aether era muito fofa ao seu ver. Aether ficou sem entender o porquê das risadas.

-Desculpa. Você estava preocupado que talvez eu não fizesse isso, bebê? -Albedo acariciou o rosto emburrado de Aether e beijou sua bochecha.

-Não... Não é isso. Eu só queria saber. -Suas bochechas estavam coradas e ele agradecia aos deuses por não ser tão visível na noite escura.

-É claro que eu ia. Pretendia fazer isso ao te deixar em casa dessa vez, mas já que você perguntou agora vou aproveitar a deixa. Você já deve estar cansado de ouvir isso, mas não quer namorar comigo, Aether? Me dar a honra de ser meu namorado? -Os dedos de Albedo acariciando seu rosto fizeram o jornalista relaxar um pouco. Era reconfortante ouvir aquilo depois de toda a tensão da noite.

-Sim. Eu quero, Albedo. -Aether sorriu radiante, se sentia absolutamente mais leve depois de finalmente aceitar o quanto queria aquele relacionamento. Albedo gaguejou incrédulo, mas logo abriu um enorme sorriso e abraçou o garoto de cabelos longos, beijando sua boca em seguida como se nada mais no mundo importasse. Não ligava se alguém estivesse vendo, se esse alguém fosse da faculdade, se esse alguém fosse da família de um deles. Só queria beijá-lo e demonstrar seu amor por meio daquele contato.

-E-eu... Obrigado! Eu te amo, Aether! Prometo que vou me esforçar e ser o melhor namorado que você poderia desejar. Vou te fazer feliz todos os dias, te amar mesmo nos momentos ruins e valorizar você mais do que tudo nesse mundo. Vou fazer cada segundo valer a pena e vou cuidar de você como você merece. -Albedo estava radiante, seus olhos turquesa brilhavam mesmo na escuridão da noite. Aether riu achando-o a coisa mais fofa do mundo.

-Isso parecem votos de casamento. -Ele brincou acariciando o rosto de Albedo.

-E esse é o novo objetivo. -Albedo o beijou novamente nos lábios.

Mesmo que o futuro ainda fosse incerto, Aether sabia de alguma forma que aquelas palavras não eram em vão, não eram vazias. Se Albedo estava realmente falando sério, então deveria começar a pensar em casamento num futuro não tão distante, mas isso só o tempo diria. No momento, o mais importante era aproveitar cada instante ao lado daquele rapaz que lhe fazia juras de amor, rezar para que ele cumprisse suas promessas e amá-lo assim como ele o amava.

O florescer daqueles sentimentos com toda certeza daria um novo sabor à vida.

Os rumores não importavam mais.

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