Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAR

𝐼𝒱

═══ 𝐵𝑜𝑎𝑠 𝑉𝑖𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑎 𝑃𝑟𝑖𝑛𝑐𝑒𝑠𝑎 ═══

𝒮𝑢𝑟𝑦𝑎

A vista daquele quarto era magnífica. Assim como tudo naquele lugar:

— Nada mal — Disse Anthon, pegando uma maça da mesa de centro e devorando.

— Para quem viveu a vida toda no mar — Disse Lyana.

— E para quem viveu a metade no calabouço de Hybern também — Retrucou Anthon.

— Q-quem é você? — Perguntei.

Anthon engoliu a maça e fez uma reverência desengonçada em minha frente:

— Mas que indelicadeza a minha — Disse o humano dando mais uma mordida na maça — Eu sou Anthon, o grande pirata dos oceanos, o príncipe dos mercadores.

— Mané dos mercadores — Respondeu Lyana debruçada em uma mureta.

— Cala boca — Disse Anthon a encarando — Besta psíquica indomável.

Lyana deu-lhe um sorriso de canto, ao meu ver havia gostado do apelido, ela parecia confiar nele:

— Jurian mandou você para nos acompanhar — Respondi — E... Por que não desembarcamos na costa da invernal? Lá estaríamos em família....

Anthon me interrompeu com uma gargalhada melódica:

— Encarar os mares congelados da invernal com essas roupas? — Ele gesticulou apontando para nossos corpos — E ainda correr o risco de naufragar em um iceberg? Não.

Encarei-me no espelho. Ele tinha mais do que razão. Eu estava vestida com uma camisa mal feita de linho que mal cobria meu corpo, se eu estivesse com poucos quilos a mais estaria tudo a mostra.

Estávamos dispersos em uma pequena sala em formato de abobada, ornamentada com conchas e decorações que lembravam o fundo do mar. As três portas que circundavam a sala que estávamos se abriram, e delas saíram três feéricas uniformizadas:

— Senhores — Disseram elas em uníssono — Estamos aqui para prepara-los para o jantar com o grão senhor Tarquin.

Imediatamente elas nos agarraram pelos punhos nos puxando um para cada sala. Lyana e eu nas pontas e Anthon na do meio.

Eram quartos, quanto tempo eu não via um quarto digno. Era lindo. Seguindo o mesmo estilo de decoração de todo castelo, ele dispunha de uma cama grande coberta por camadas de tecidos aconchegantes, armários sem porta repletos dos mais diversos tipos de vestimenta e calçados. Uma banheira grande o suficiente para caberem quatro grão-feéricos adultos ficava no canto do quarto, em frente a um espelho que causava ilusão de que o ambiente era bem maior, e é claro, sempre vista para o mar.

A criada com pele de casca de árvore e cabelos envolto em galhos mediu a temperatura da água, olhando em minha direção após isso:

— Está boa — Disse ela — Pode entrar senhorita.

Retirei os trapos que me envolviam. A criada ficou levemente sem graça ao me olhar. Estava magra demais, com ossos acentuados em alguns pontos. Era possível ver algumas cicatrizes recentes próximo as minhas costelas, outras quase imperceptíveis entre minhas coxas. Sorri um pouco tímida:

— Passei por alguns anos de tortura antes de chegar aqui — Disse a criada.

Ela tentou sorrir:

— A senhora continua linda.