Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAR

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Surya

A luz suave da lua banhava os jardins de água da Corte Diurna, transformando o ambiente em um espetáculo prateado e tranquilo. 

As flores noturnas ao redor dos espelhos d'água brilhavam em tons etéreos, refletindo nas superfícies cristalinas que se espalhavam ao meu redor. Era o tipo de beleza serena que deveria trazer paz, mas tudo o que eu sentia era um turbilhão de pensamentos e emoções.

Eu estava sentada na beirada de uma fonte, os pés descalços mergulhados na água fria, tentando esfriar meu corpo e mente. A camisola que usava, feita de um tecido fino e delicado, deslizava suavemente contra minha pele, como se o próprio vento tivesse moldado suas curvas. Era de um tom de azul profundo, quase negro, contrastando com meus cabelos brancos que desciam até a cintura, e com a palidez da minha pele. O tecido era tão leve que parecia uma segunda pele, quase uma carícia, mas, naquela noite, nada poderia aliviar o peso que sentia no coração.

Azriel. Seu nome ecoava em minha mente como um sussurro constante, imperturbável, carregado de significado. Desde nossa última conversa, meu peito parecia apertado, as palavras que ele dissera reverberando em mim. Eu sabia que algo estava errado. Eu sabia que havia algo que ele não estava me contando.

Ele era meu amigo, meu confidente, mas... Elain. O pensamento dela surgia como uma sombra, o rosto dela sempre tão ausente, tão distante desde que foi jogada no caldeirão. Ela nunca parecia completamente presente — exceto quando via Azriel e eu juntos. Era como se algo em sua essência quebrada despertasse, e o brilho em seus olhos mudasse, tornando-se algo que eu não podia ignorar.

Ela era parceira de Lucien. Meu irmão. O destino havia atado suas almas, mas Elain nunca o aceitou. E ainda assim... ela buscava Azriel. Toda vez que ele estava por perto, ela o seguia com o olhar, silenciosa, melancólica. Eu não sabia se era um reflexo de sua confusão ou algo mais. Mas o que eu sabia é que isso me corroía.

Fechei os olhos, inclinando a cabeça para trás enquanto a brisa da noite acariciava meu rosto. Eu o amava. Esse pensamento era tão claro e doloroso quanto o brilho das estrelas acima. Azriel. Não conseguia evitar. Seus olhos sombrios, sempre carregados de mistério, pareciam alcançar as partes mais profundas de mim, lugares que eu nunca havia mostrado a ninguém. As sombras que o cercavam eram como um manto de proteção, mas para mim, pareciam uma extensão de sua alma. Eu podia sentir sua dor, sua luta interna, seu desejo de ser mais do que o guerreiro das sombras.

E o pior de tudo era o quanto eu desejava tê-lo para mim. Eu o imaginava ali, ao meu lado, seus dedos frios contra a minha pele quente, o toque dele leve, mas firme. Cada vez que seus olhos pousavam sobre mim, era como se o mundo parasse por um instante. As sombras ao redor de Azriel dançavam de uma forma que ninguém mais conseguia entender, mas eu sabia — elas eram uma parte dele, uma extensão de seus próprios desejos e temores.

Meu corpo se aqueceu ao pensar nisso. Ao pensar nele. Em como seria tê-lo ali, naquela mesma fonte, com a lua nos iluminando. Imaginei suas mãos explorando minha pele, seu toque firme e possessivo, e os lábios dele... Oh, como seriam os lábios de Azriel contra os meus? Como seria sentir seu corpo nu contra o meu? Ele era um guerreiro, esculpido em músculos firmes e cicatrizes que contavam histórias, e eu ansiava por descobrir cada uma delas com meus dedos, com minha boca.

Balancei a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Eu não deveria pensar assim. Não deveria querer isso dele. Azriel tinha suas próprias lutas, seus próprios fardos, e eu não queria ser mais um peso em sua vida. Eu o amava, mas não queria que ele abrisse mão de tudo para estar ao meu lado. Não era justo. Ele tinha sua lealdade a Rhysand, à Corte da Noite... talvez até a Elain.