CAPÍTULO 2

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Bruna ainda ouvia a voz de Adrian ecoando em sua mente. Ficou um pouco arrependida de ter iniciado aquela conversa por telefone. Era algo que deveria ter feito pessoalmente, ver a reação dele. Foi até o toalete e escovou os dentes. Olhou-se no espelho. Estava magra, como sempre e detestava os ossos aparentes em sua pele. Comia super bem, mas nunca engordava. Os olhos azuis pareciam mais brilhantes conforme o tempo passava. Os cabelos louros e lisos estavam no meio das costas. Ela não cortara mais desde que saíra de um dos tratamentos. Havia prometido pra si mesma que trataria de arranjar mais tempo para se dedicar aos fios dourados que nunca dera importância. E estava realmente tentando hidratar, cortar as pontas e manter eles sedosos, em nada lembrando o que foram no passado. Ela abriu o armário e retirou os vários frascos de comprimidos e juntos todos na mão direita, engolindo de uma vez. O hábito de tomar um gole de água da torneira da pia não mudava, mesmo com as várias recomendações e xingamentos de Angela. Ela retirou da mão direita as mais de 10 pulseiras de metal e colocou sobre o balcão. Depois a pulseira de couro larga que cobria o outro pulso. Olhou para as marcas visíveis nos braços claros. De nada se orgulhava de ter tentado um dia tirar a própria vida. Mas também sabia que o que mais lhe doía era a dor que havia causado em sua mãe e sua irmã e não o fato de ter tentado tirar a própria vida em si. Pouco falavam sobre aquilo na casa. Angela e Cassiane tentavam de toda forma possível fazê-la esquecer aquele passado doloroso para todas. Mas os medicamentos e as consultas semanais sempre a faziam lembrar. Ela já ia sozinha nos médicos e embora enjoada da mesmice das consultas, seguia com o tratamento, pois sabia que Angela jamais deixaria que ela parasse de consultar. Mas ela tinha a certeza de que estava bem e que não tentaria novamente tirar a própria vida. Hoje era feliz ao lado de Adrian e satisfeita com sua vida. Aquele vazio que ela sentia e a sensação de que lhe faltava algo talvez fizesse parte da vida. Por isso ela achava que casar poderia preencher o que ela sentia. Filhos lhe ocupariam cada espaço vazio que havia para pensar em qualquer coisa. Os próprios médicos já haviam dito que ela estava bem. Mas talvez a terapia fosse para sempre. Adrian mudou completamente sua vida. Ele lhe deu forças para seguir em frente, com sua alegria e disposição. Ela falava com ele sobre todos os seus sentimentos, por isso sabia que deveria também lhe contar sobre sua vontade de antecipar a vida a dois. E assim, olhando para o teto branco e pensando em Adrian, ela adormeceu.

Bruna acordou quando o relógio despertou pela terceira vez, como sempre fazia. Saiu correndo da cama, tomou um banho rápido, vestiu-se com jeans e uma blusa branca e um tênis da mesma cor, pegou sua bolsa e saiu correndo. Voltou para amarrar os cabelos num rabo de cavalo. Quando chegou na cozinha Angela estava com a xícara de café e um sanduíche pronto para ela. Cassiane estava de saída também.

- Mamãe, você me salvou. Atrasei-me novamente. – disse ela.

- E isso não acontece todos os dias? – Cassiane riu pegando a bolsa e beijando a mãe.

Bruna riu. Não havia como discutir uma verdade daquelas. Cassiane lhe deu um beijo estalado na testa:

- Dormiu bem?

- Se eu disser que não estaria mentindo... Mas tive um sonho estranho...

-Você e Adrian casando numa ilha deserta? – perguntou ela rindo.

Bruna ficou séria. Não havia dado importância ao sonho, mas naquele momento, enquanto iria contar, lhe soou um pouco estranho:

- Acredita que sonhei com um homem que eu nunca vi na minha vida?

- Acredito... Sonhos são sonhos. – Cassiane saiu.

- Mamãe, eu também preciso ir. Quando sair pode deixar a louça que eu lavo tudo quando chegar, prometo. – disse Bruna.

- Vou mais tarde hoje para o trabalho... Não se preocupe. Não gosto que você faça tudo sempre às pressas...

- Está tudo bem, mamãe... Acho que sou uma eterna preguiçosa.

Meu Eterno Amor de Verão (degustação )Onde histórias criam vida. Descubra agora